
Palmas para a AMC, palmas para Ian McKellen, palmas para Jim Caviezel e muitas palmas para The Prisoner, a minissérie do ano, sem sombra de dúvidas. Bem produzida, roteiro impecável, atuações brilhantes e o resultado não poderia ser outro: surpreendente até o final.
Pelo menos, eu não esperava a inversão de papéis que aconteceu e muito menos o modo como tudo caminhou para isso. As duplicatas, afinal, não eram imaginação. Eram a mesma pessoa vivendo em realidades diferentes. Não apenas Six ou Two possuíam as suas. 313, 147 e qualquer outra pessoa não nascida na Vila existia em dobro, de alguma forma.
Sem opções de saída 1112 é aquele que muda a história. Mata a mãe, provedora dos sonhos que mantém o lugar existindo e, logo em seguida, se suicida.
Agora, Two ou Curtis, precisa convencer Six ou Michael a ficar e ser o novo sonhador da Vila. Para isso, conta com o amor de 313 na Vila e com a paixão de Michael por ela, no outro mundo.
A estratégia funciona. Ambos, um em cada lado da realidade, abrem mão de alguma coisa para manter a Vila viva. E por quê? Porque a Vila é um lugar especial, uma espécie de rehab imaginária, onde pessoas com problemas graves vão para se recuperar e salvar suas vidas. Loucura total, mesmo.
A situação de 313 é grave, inclusive. No mundo que conhecemos ela tem sérios problemas mentais, consequência de maus tratos e abusos sofridos na infância. Na Vila, Two usa a amizade de 147 com Six e seus sentimentos frágeis em relação à morte recente da filha para fazer seu jogo.

Durante o enterro de 1112, Six acaba aclamado como o "número um", aquele que pode salvar a todos com seus sonhos. 313 é aquela que se sacrifica e toma as pílulas para dormir. Two, faz sua saída dramática, mordendo uma granada, explodindo e voltando para a outra realidade, onde finalmente viverá em paz e feliz ao lado de Helen (M2).
Michael se transforma no chefe e comandante da Summakor, observando a vida das pessoas e escolhendo aqueles que precisam ir para a Vila, começar vida nova.
Nas areias do deserto, ao lado de 313, Six aprende que cada coisa naquele lugar é fruto de sua mente. Bolas brancas gigantes, visões, pessoas, tudo. E, sonhador que é, ele acredita realmente, que pode construir ali, um mundo muito melhor.