Algumas séries nunca deveriam sair do papel e sinto dizer que Running Wilde é uma delas.
Os vídeos de divulgação já eram vergonhosos, mas ver o episódio inteiro é uma experiência ainda pior. Running Wilde, nova comédia da Fox instiga essa incontrolável vontade de cobrir o rosto e implorar para que os atores não se submetam a tamanha humilhação. O mais engraçado é que, sabendo que a série era do mesmo criador de Arrested Development, eu tinha alguma esperança de que o todo fosse melhor do que as pequenas partes disponíveis.
É claro que, talvez, as pessoas gostem da produção ou a coisa melhore nas próximas semanas. Tem coisas que só o tempo pode dizer. Por enquanto, o resultado é desastroso e a história do milionário que finge ser humanitário para reconquistar um amor do passado não convence e sequer consegue ser engraçada.
Isso, porque Steven Wilde é interpretado por Will Arnett, que tenho em alta conta e que também é um dos roteiristas da série. Steven faz o tipo desligado, rico e infeliz, que paga para ter amigos e vive bêbado para tentar esquecer que ter dinheiro não traz felicidade.
Por isso, ele se apega a essa lembrança de adolescência com Emmy (Keri Russel), que representa os únicos momentos em que ele realmente conheceu a felicidade. O problema é que Emmy odeia dinheiro e é contra tudo que a empresa do pai de Steven faz. Ela também vive em meio a uma tribo amazônica com a filha, Puddle (Stefania Owen), que não fala há seis meses, só porque odeia morar no meio do mato. Há ainda o estranho namorado de Emmy, Andy (David Cross), outro humanitário doido e sem graça, além de Fa’ad (Peter Serafinowics), o vizinho rico e sem graça de Steven.
Quando Emmy aparece para ver Steven recebendo um prêmio (dado por ele mesmo, para ele mesmo), as faíscas reacendem e Puddle vê sua chance de sair da floresta e viver numa mansão. Desconfio, aliás, tenho certeza, de que eventualmente saberemos que a menina é filha de Steven, como manda o clichê.
Como dá para ver, a premissa não é lá das melhores e o grande problema é a falta de cenas memoráveis. Nem mesmo os índios num hotel de luxo e impressionados ao ver gelo pela primeira vez serve para divertir. Não quero me precipitar aqui, mas não acho que essa comédia siga durante muito tempo. A não ser, é claro, eu seja minoria e o público americano caia de amores pela produção. Duvido muito que isso possa acontecer.