Não estou absolutamente certa, mas acho que chegamos à Summer Finale de Huge. O balanço é pra lá de positivo.

Há poucas informações no site oficial, então, me perdoem se estou enganada sobre o final dessa primeira metade da série. De qualquer forma, vou avaliar o que vimos até agora e se semana que vem tiver mais, que seja.

Ainda há poucos espectadores de Huge, pelo menos entre os brasileiros, então, já aviso: vocês não sabem o que estão perdendo. É uma série leve, engraçada e ao mesmo tempo, tem a sensibilidade de tocar nos problemas mais profundos de quem está acima do peso. Recomendo sempre e sempre, mas não esperem ver nada das séries teens usuais. Huge é diferente, o que é extremamente positivo.

Como podem ver, resolvi comentar esses dois episódios de uma só vez, até porque, temos um especial em duas partes, com o temido e ao mesmo tempo esperado encontro com os pais. Ver a dinâmica familiar ajuda a compreender quem é cada um dos personagens. Mesmo no caso de Will, que não recebe nenhuma visita, mas ganha um uniforme de academia muito menor do que ela como “incentivo”, é possível compreender a revolta e a frustração. Mais uma vez, as histórias de Will e Dorothy se cruzam e completam. Ambas precisam lidar com seus problemas de abandono e surge até a possibilidade de que estejam mais próximas a partir de agora. Já com Becca a coisa vai mal. Ela resolveu dar um basta em Will e não podemos dizer que não tenha sido justo.

Cheguei a pensar que Will e Amber fossem seguir na amizade, mas eis que o ciúme que sente por George faz Amber pisar nos sentimentos de Will. Ian fica feliz com sua conquista, enquanto a melhor amiga continua invisível para ele, como na canção. Essa, inclusive, é uma das melhores cenas do episódio duplo. Com Will cantando, Ian no violão e Trent na bateria, conseguindo o que jurava ser impossível: chamar a atenção do pai.

Alistair e Chloe já não podem mais esconder o parentesco, mas fica claro que ela é a queridinha e ele, o renegado. Rolou até namoro fake com Becca para provar sua masculinidade, mas depois, a estranha cena no espelho afastou de vez tudo isso. Confesso que não entendi muito bem a sequência em ele corta a camiseta e coloca um colar feminino, simplesmente porque não faz o menor sentido.

Outra coisa interessante foi ver Amber com sua mãe, uma dessas mulheres loucas e sem noção do que faz ou diz. Não é a toa que Amber tenha tantos problemas de confiança e auto-estima. O lance com George também trouxe as cenas de fofura, onde ele revela que está apaixonado por ela. Chegou a dar pena quando ele teve de encará-la de mãos dadas com Ian, mas tenho certeza de que essa história não para por aí. Aliás, nenhuma delas. Em breve estaremos de volta a esse acampamento de verão e quem sentir saudades pode até quebrar as regras e partir para uma segunda rodada.

Em vez de começar falando das coisas boas de Huge, como faço semanalmente, dessa vez vou detonar as cenas “noturnas”, obviamente gravadas durante o dia.

Muita gente tem comentado a falta de qualidade das filmagens de Huge durante a noite. É óbvio que talvez por custos de produção, seja mais barato filmar tudo enquanto o sol brilha, para depois jogar um efeitinho, resolvendo o problema, certo? Errado.

Temos um problema sério de fotografia aqui e não dá para fazer de conta que lá no acampamento, a luz da lua é mais potente do que em todo o resto do planeta Terra. É tosco demais e precisamos falar disso. Certamente esse é um ajuste mais do que necessário a fazer, para aperfeiçoar uma série que é muito boa, mas está pecando nessa parte da produção. Agora, falemos de Birthdays.

Como sempre, roteiro sensível, engraçado e interessante na medida. Huge tem uma incrível capacidade de mesclar o drama com as tramas mais leves, o que aproxima o público da realidade dos personagens, sem forçar a barra.

Gosto do aprofundamento psicológico que vai se desenhando e o modo sutil como cada aspecto dos personagens vem aparecendo. O casinho secreto de Amber e George é um exemplo. Além da parte do romance, temos em destaque os traumas dela e as responsabilidades dele. No fim, ambos aprendem uma lição.

Will e sua rabugice habitual ficaram de lado, dando lugar à história dos gêmeos Alistair e Chloe, que fazem aniversário e ganham tratamentos diferentes. Para ele, o dia termina com uma cruel brincadeira. Chloe, pela primeira vez, percebe que ela mesma é autora de maus tratos desnecessários ao irmão.

Outro momento interessante mostra os dramas de Dorothy, que completa sete anos nos comedores compulsivos. Mas ela é também uma devoradora compulsiva de homens casados, pelo menos, de um homem casado, para evitar o exagero. Dá muita pena do moço que levantou a cerca (sem trocadilhos sexuais), tão bonachão e simpático, que nem imagina exatamente o que Dorothy está fazendo.

Não. Esse não é mais um episódio embalado por Lady Gaga.

O pior inimigo do gordinho é a balança e como não poderia deixar de ser, Huge dedica o episódio inteirinho para retratar a pressão que a perda de peso pode representar na vida dessas pessoas.

Toda a tensão pré-pesagem é muito bem explorada. O medo de não ter perdido nada, de não ter perdido o suficiente ou pior: engordado, mesmo com toda a dieta e esforço. Não é fácil emagrecer. É um processo lento e que exige esforço, mas nem sempre traz a recompensa esperada.

Até agora, a série tem sido absolutamente fiel a cada detalhe desse processo, mostrando os mais diversos tipos de situações e como cada um lida com isso a sua maneira.

Complementando o cenário, os acontecimentos do retiro continuam repercutindo. Will tem a missão de descobrir se Amber tem algum interesse em Ian e essa não é uma tarefa que a anima muito. Mas, ela acaba sabendo de algo muito mais interessante, ao flagrar Amber e George juntos. Se essa história se espalhar teremos muitos problemas pela frente e por algum motivo, eu tenho certeza de que podemos contar com isso.

Eu gosto de Huge e pela quantidade de gente que comenta sobre a série, parece que sou a única.

Huge é mais uma dessas séries que tem receita simples e roteiro de qualidade. Mesmo assim, não faz sucesso. O fato de a legenda demorar bastante também não ajuda e, nessa toada, sinto como se eu fosse a última (ou a única) espectadora restante em solo brasileiro, o que é uma pena.

Talvez a temática não ajude, embora os números crescentes de obesidade devessem ser garantia de sucesso. Mas o fato é que, semana após semana, Huge apresenta episódios bacanas, sempre com um enfoque interessante. Dessa vez, tivemos um acampamento dentro do acampamento. O destaque maior fica para George e Poppy, que elevam os adolescentes numa espécie de jornada de autoconhecimento, que traz algumas revelações.

Alistair, por exemplo, revela que é irmão gêmeo de Chloe e acaba aproximando-a de Trent, que começa a agir com mais humanidade. A relação entre Becca e Chloe também aparece, mostrando os flashbacks do último verão. Will e Amber precisam se aproximar, mas nem mesmo a experiência de estarem perdidas ajuda nisso. Em compensação, Will consegue resistir ao impulso de comer compulsivamente e Amber acaba tendo um momento romântico com George, que dispensa palavras. Há ainda a possibilidade de que Ian comece a notar a presença de Will, mas isso ainda é muito pouco explorado.

O romance também consegue vez com Dorothy, que sai de sua zona de conforto e com alguma ajudinha do pai, dá uma chance a si mesma, pela primeira vez.

Noite de cinema e clima perfeito para namorar, mas em Huge nem todos tem o romance pelo qual tanto esperam.

Já deu para perceber pela cara azeda de Will que ela é uma dessas que fica sozinha, justamente quando esperava que Ian notasse sua existência. Depois do drama todo pelo diário, ela começa a achar que a aproximação dele tem algo a ver com o conteúdo daquelas páginas secretas, mas logo, descobre que o fato de Ian querer escrever uma música em conjunto é mais pela amizade que por saber que Will está apaixonada secretamente. Fiquei até com pena, mas os dois vivem a mesma situação, já que Amber só tem olhos para George.

A novidade, não tão nova assim, é que esse clima de filme romântico faz George perceber que pode estar gostando de Amber mais do que imagina, mas é claro que o fato de ele ser um dos monitores acaba afastando qualquer possibilidade.

Enquanto as meninas falam sobre sexo e relacionamentos, Chloe tenta esconder que esteve envolvida no maior escândalo do acampamento, ocorrido no último verão. Ela até entra em paranóia em relação a Trent, mas ele é só um egocêntrico mesmo.

E até mesmo Dorothy sofre com as possibilidades. Ela quer e não quer se envolver com alguém e fica dividida com as investidas pra lá de gentis de Wen.

Que eu gosto de Huge não é segredo, aliás, é óbvio. Sou incapaz de esperas as morosas legendas e vejo no mesmo em que o episódio sai. Além disso, acho que o roteiro é realmente sensível aos problemas da galera de peso, sem falar nos toques de humor sem igual.

Esse episódio mesmo é um exemplo ótimo disso. À parte do drama de Will pelo diário perdido e o medo em ter sua intimidade exposta, todo o resto, ou quase todo, foi pura diversão.

Cada dia mais eu acho Will parecida com a Diretora do acampamento. Ambas têm muitos traumas de infância, problemas com os pais e dificuldades em lidar com os próprios sentimentos, embora lidem com isso de forma completamente diferentes.

Fiquei com pena de Ian, que só queria agradar e tomou patada de Will. Agora, com o sucesso dele no Festival de Talentos, Amber pode começar a se interessar e aí, quem sabe? Só sei que Will não vai ficar nada feliz.

Amber mostrou que nem tudo em sua vida é perfeito como gostaria e Chloe finalmente deu uns pegas em Trent, que é tão imbecil, que chega a dar raiva.

O que gostei mesmo foi ver o poder de Becca e Alistair, superando obstáculos de timidez e transformando momentos potenciais de desastre em comédia e bom humor, o que na vida real, funciona tão bem quanto na ficção.

Ok. Retiro o que disse. Huge é comédia.

Quando falam que Huge é comédia, eu discordo. Mas depois de ver todo mundo entrando na onda Larp eu tive de voltar atrás. O drama ainda está lá, é claro, com toda aquela carga da baixo auto-estima e os problemas de sempre. Mas quando todos se transportaram para outro universo e assumiram novas identidades de seres maravilhosos, virou piada. Homem-planta, fadas, felinos...

Alistair escolheu bem ser o gato para evitar o banho.O que toda essa história escondia, era a enorme vergonha de ficar nu na frente dos outros, não importando que sejam todos tão gordos quanto ele. George continua bancando o melhor amigo dos gordinhos e é quem realmente ajuda quando alguma situação fica mais complicada.

Becca, então, soltou a voz. Teve que fingir ser outra pessoa para isso, mas já um começo. Até conseguiu brigar com Will e mostrar que nem sempre as coisas têm que ser do jeito dela.

Drª Rand também assumiu uma boa posição, defendendo seus campistas e mostrando que esconde uma história bem traumatizante. Imagino o que possa ser que a deixa tão insegura.

Para Amber, uma imensa satisfação. Ser confundida pelo pessoal do camping de tênis foi ótimo para a auto-estima da garota. O problema é ter que encarar a realidade e voltar para onde, de fato, pertence.

Huge não é guilty pleasure.

Até agora não entendi o porquê de tanta gente definir Huge assim: guilty pleasure. Definitivamente está não é uma série ‘vergonha alheia’. Não é tosca, não é mal feita, não tem beijo gay nem participação da Lady Gaga, então, pelo menos para mim, essa alcunha não faz o menor sentido.

Huge é mais drama que comédia.Mas como botaram um monte de gordos num acampamento as pessoas acham que deve ter alguma piada escondida aí. Se algum de vocês está esperando por isso, sinto desapontar. O roteiro não vai seguir essa linha.

Aliás, isso fica bem claro no segundo episódio. Tão bem produzido quanto o primeiro, de maneira simples, mas bem amarrada. Huge é uma série sobre auto-estima e aceitação, sobre saúde, acima de tudo e no meio disso, temos romance e todos os problemas recorrentes na vida de adolescentes acima (muito acima) do peso.

Dessa vez, por exemplo, tivemos novos focos. As relações com a família foram muito bem exploradas com o lance das cartas, mostrando que há os que não recebem nenhum apoio, os que têm relações de dependência, os que têm vergonha, os que recebem apoio demais, os que são esquecidos...

Will aprende com a família da nova campista que há sim, família que estão dispostas a amar seus filhos e estar ao lado deles, não importa quem eles sejam. Bastou que ela recebesse alguns minutos de atenção para mudar a atitude agressiva, que afasta a todos. Achei o máximo do absurdo que Chloe finja não conhecer o próprio irmão. No começo até achei que estava rolando um clima entre eles, por causa de tantos olhares furtivos.
Amber mostra que sofre com uma mãe depressiva e parece estar ganhando o coração de George. Ian, por enquanto nem percebe que Will existe, mas acho que é só uma questão de ela pentear aquele cabelo, que, sejamos honestos, está um ninho de rato morto.
As cenas de esportes são até engraçadas, mas acredito que retratem a realidade (experiência própria falando). A treinadora é uma figura ditatorial medonha e confesso um medo indescritível daquela mulher.

E até mesmo a diretora tem seus problemas com a comida. Martiriza-se por comer um mini muffin e também precisa superar questões familiares com a mãe, que sequer imagina que o ex-marido está no acampamento com a filha, trabalhando como chef diet/light e pronto para conhecer melhor a filha.

Eu poderia começar dizendo que Huge é uma série da pesada ou forçar a amizade numa frase sobre o elenco ser uma equipe de peso, mas vou evitar o clichê para comentar uma das melhores estréias dessa Summer Season.

Para quem não sabe, Huge é série sobre gordos. Isso aí. Gordos num acampamento para gordos. Gordos que amam ser gordos. Gordos que odeiam ser gordos. Gordos que querem emagrecer. Gordos que querem engordar mais. Gordos felizes, feios, bonitos, inteligentes, engraçados ou com depressão. Gordos de raiz.Tem gordo para todos os gostos, sem preconceito, numa série que pode até parecer cheia de estereótipos e propensa a piadas e clichês, mas que não é absolutamente nada disso.

Huge quer, exatamente, discutir esse tema. O que é ser gordo, sentir-se gordo. Como é, afinal, estar muito acima do peso numa sociedade que prega a magreza como verdade absoluta da beleza, como imposição de felicidade e como passaporte indispensável para a aceitação.

Como eu já disse, a trama principal é esse acampamento de verão, onde todos os tipos de gordos adolescentes vão passar as férias, na tentativa de perder uns quilinhos com a comida parca que é servida e suando muito a camisa com os treinadores linha dura. No comando desse programa de emagrecimento, está a Drª Dorothy Rand (Gina Torres), que é magra e faz cara de megera, mas esconde um histórico de obesidade em seu passado.

Logo de cara, ela é desafiada por Will (Nikki Blonsky) – que muitos conhecem pelo musical Hairspray. Ela se nega a ficar apenas de maiô para uma foto de seu “antes” e acaba protagonizando uma cena de strip-tease que chama a atenção de todos. Will é gorda de raiz. Dona de um discurso sobre estar feliz consigo mesma e querer engordar ainda mais. No fundo, não é bem assim e ela esconde esse desejo de mudar, embora sua necessidade de açúcar fale mais alto. As cenas de tráfico de comida no banheiro e chicletes escondidos em vidro de shampoo são ótimas. Aliás, toda essa situação incita um debate sobre distúrbios alimentares, já que mesmo num lugar onde tecnicamente todos esses gordinhos deveriam estar à vontade, há a pressão para emagrecer e uma escala social própria.

Prova disso é que há as gordinhas lindas e populares, como Amber (Hayley Hasselhoff) e suas amigas. Mesmo bonitas do que jeito que são, elas parecem ser as mais insatisfeitas, já que, como uma delas deixa bem claro, ali, é outro mundo, diferente do real. Elas podem até ser desejadas dentro do acampamento, mas fora dele, são gordas como quaisquer outras e não receberiam a atenção masculina da mesma maneira, se precisassem competir com meninas magras.

Os romances também estão no foco de Huge. Amber, por exemplo, está completamente apaixonada pelo instrutor de ginástica, George (Zander Eckhouse) e não tem olhos para mais ninguém, deixando Ian (Ari Stidham) completamente desapontado.

É claro que temas como amizade, auto-estima e até orgulho gordo estarão em pauta nessa série que é baseada num livro homônimo, publicado por Sasha Paley e que é cria de Winnie Holzman, que esteve envolvida com produções como Wicked, My So-Called Life, Once & Again.

Honestamente, esperava algo muito diferente do que vi nesse Piloto e me surpreendi positivamente. Diante de tantas porcarias, mais essa produção da ABC Family consegue um lugar na minha lista e recomendo que todos dêem uma chance, nem que seja para se sentir um pouco (ou muito mais) magro.