American Horror Story: Hotel 5x08: The Ten Commandments Killer

10.11.15


"Nada é estático. Tudo está desmoronando. Sei disso porque Tyler sabe disso." , O Narrador, Clube da Luta.

Nada é estático. Tudo está desmoronando na mente de John. Ele sabe disso porque o Assassino dos Dez Mandamentos sabe. Ele sabe disso porque ele é o assassino. Eu havia cantado essa pedra na review passada, portanto a revelação não é tão surpreendente. Mas isso não impede que The Ten Commandments Killer seja um ótimo episódio. Não esteve repleto de bizarrices, nem precisou de nada mirabolante. O grande pecado de AHS nas últimas temporadas vinha sendo a grande quantidade de personagens, que parecem dispersos na trama, indo cada um para um lado. Dessa vez, temos vários personagens sendo inseridos na trama de John, cada um tendo sua importância explicada. Foi tudo muito sutil, mas ainda assim conseguiu amarrar algumas pontas. O nome do episódio já limita o que seria trabalhado e ele cumpre sua promessa.  
Como alguém que profissionalmente arranha a superfície da psicanálise, tendo a me interessar por temas como psicose, dentro da qual se enquadra o transtorno dissociativo de identidade sofrido por John. Na psicose, o indivíduo perde a noção da realidade. No caso de John, ele cria uma outra personalidade, na qual projeta seus pensamentos e ações e não mais os reconhece como seus. Quando ele descobre que esteve esse tempo todo caçando a si próprio, inicialmente se sente aterrorizado, como o olhar de Wes Bentley entrega muito bem.  
A filosofia de John e March é uma metáfora que, no universo de horror da série, cabe perfeitamente. É comum as produções de Ryan Murphy virem repletas de críticas sociais. Ele entra no rol de showrunners que buscam algo além do puro entretenimento alheio, e isso é digno de aplausos. Seja pelo horror ou pela comédia, Titia Ryan quer causar um impacto, quer educar, por isso temas como preconceito são bastante comuns. Dessa vez, a crítica é sobre a supremacia religiosa, que julga, ameaça e impõe regras, ao passo que mascara outras por pura conveniência. Repare que não estou falando de religião, e sim de religiosidade e da forma como algumas pessoas a usam. 
Com a ajuda de March e o diálogo dos dois sobre justiça, John transcende o choque e abraça sua condição, assume sua personalidade e se estabelece de vez como sucessor de March. Isso condiz com muito do que a temporada veio trazer até agora. Por exemplo, Aileen Wuornos esteve ali, com todo seu discurso de desprezo pela humanidade, inclusive expondo-o para John. John vê a podridão do mundo e reconhece que a justiça muitas vezes falha. O problema de querer fazer justiça com as próprias mãos é que nós acabamos nos tornando aquilo que estamos tentando corrigir. Onde está a justiça então? Talvez seja por isso que alguns assassinos, incluindo John, tem pensamentos suicidas após cometer seus atos. Seria, talvez, uma forma de balancear as coisas, fechando o círculo dessa dita justiça?  
Fiquei feliz que não arrastaram essa revelação por mais tempo. Eu não sei o que esperar a partir de agora e isso é bom. Tudo convergiu para reunir John e sua família no hotel e assim começa a se desenhar o final da temporada. Muita coisa ainda vai acontecer, mas sempre fico um pouco aliviado quando sinto que Titia Ryan sabe o que está fazendo e não simplesmente joga um monte de coisas na nossa cara. Considerando esse alívio, eu diria que estamos bem, mas só os próximos episódios poderão dizer com certeza. 
P.S: O mistério sobre 2:25h é que essa é a hora em que March morreu. 
P.S.: Quero saber mais desses acordos de March com a Condessa e com Sally.

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