American Horror Story: Hotel 5x03: Mommy
25.10.15
Mama Monster.
Quando, para minha surpresa, Lady Gaga anunciou no Twitter que estaria em American Horror Story, eu me perguntei o que diabos Ryan Murphy planejava para ela. O que me ocorreu no momento foi o conceito artístico de Gaga, o que ela representa no mundo pop e na moda e a sua filosofia. Lady Gaga é, no cenário musical, a representação do que Ryan vem pregando em suas séries (sendo Glee a mais marcante nesse sentido): seja quem você é, ame a si mesmo, 'cause you were born this way, baby.
Assistindo a Mommy, percebe-se que há mais um intuito. Lady Gaga tem uma relação quase maternal com seus fãs, tanto que ela é chamada por eles de Mama Monster. E aqui, começamos a ver mais claramente o caminho que a temporada tende a trilhar. Se Gaga usa sua música para conquistar seus "filhos", a Condessa utiliza um elemento mais bizarro, que faz total sentido considerando a natureza da série, seu sangue. Considero esse conceito de vampiro, vindo desde Anne Rice, que, em vez de morder, dá seu sangue para criar um novo, mais mórbido e interessante, porque desenvolve uma relação ainda maior entre criador e criatura, uma relação maternal. E é isso que esse episódio vem mostrar, os diferentes exemplos de maternidade na série e como eles direcionam a trama.
Ainda não deu para perceber tão claramente essa relação entre a Condessa e seus vampiros, até porque ela se mostrou bastante disposta a trocá-los quando lhe convir. Foi assim com Donovan, mas descobrimos que, antes dele, isso já acontecia. Ramona Royale, interpretada por Angela Basset, é mais uma das amantes da Condessa, pertencendo a sua prole vampiresca e abandonada por ela, mas a Condessa deixa claro que isso não significa estar livre dela. Ramona volta para se vingar e sabe que não há maneira mais eficaz de se chegar até uma mãe que através de seus filhos. Novamente, Angela faz o papel da antagonista, mas espero que dessa vez Ryan não se esqueça disso assim como aconteceu em Coven.
Há quem ache o plot do sarampo um saco, porque ninguém assiste AHS para ver um drama familiar aparentemente distante da trama principal, mas ele vem trazer o exemplo mais clássico de maternidade. Após o desaparecimento de Holden, Alex, ainda com a cicatriz de o ter perdido, não consegue aceitar qualquer descuido de uma mãe pelo seu filho. Isso dá sensibilidade à personagem e é o que a torna a mais humana. No final, Alex também é levada ao Hotel Cortez e encontra Holden lá, ligando de vez a família inteira ao hotel.
Iris continuou no hotel por causa do filho e sua vida gira em torno dele, mesmo que ele a despreze e a culpe por sua condição. Confesso que, a princípio, fiquei um pouco decepcionado com o papel de Kathy Bates, novamente como a mãe sofrida. É um desperdício de uma excelente atriz que tem um puta potencial para o horror, como aquele visto no filme Louca Obsessão e até mesmo em Coven. No começo, achei que ela se matar por causa do desprezo de Donovan levaria à permanência de seu espírito no hotel para regenerar esse laço com o filho ou algo do tipo. No entanto, Ryan Murphy parece saber que Kathy merece mais que isso. Donovan acaba se arrependendo e, percebendo que o relacionamento com a mãe é o mais importante, salva sua vida, dando-lhe seu sangue e transformando-a.
A Condessa, por sua vez, está falida e precisa agir rapidamente. Will está ali para servir de alvo do seu golpe. Ela planeja se casar com ele e pegar todo seu dinheiro, um plot bem conhecido por qualquer um que assista novelas. Com o poder da Condessa começando a ruir e seus inimigos surgindo, o embate começa a se desenhar e esta é uma boa história. Se Ryan Murphy vai seguir esse caminho ou se perder novamente no da aleatoriedade, ainda não sei dizer ao certo.
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