American Horror Story: Hotel 5×02: Chutes and Ladders

16.10.15


"Eu nasci com o diabo em mim. Eu não poderia evitar o fato de que eu era um assassino, não mais do que o poeta pode evitar a inspiração para cantar. Eu nasci com o mal de pé como meu responsável ao lado da cama onde eu fui trazido ao mundo, e ele tem estado comigo desde então.", H. H. Holmes.
Sempre que sai algum material promocional das minhas séries preferidas, eu tento ao máximo evitar. Com AHS, você faz bem ao esperar, porque a surpresa é geralmente boa. Sei bem que Titia Ryan ama se basear em histórias reais e adaptá-las ao seu universo macabro. Claro que essas inspirações já são doentias por si próprias e, quando inseridas em AHS, deixa tudo muito interessante. Eu tinha ouvido falar que o personagem de Evan Peters seria baseado em um serial killer famoso, mas eu não sabia que se tratava de H. H. Holmes, conhecido como o primeiro serial killer americano. Tolice a minha. O Hotel Cecil logo me veio como uma grande fonte de inspiração e realmente é, mas quando se tem um hotel como cenário de torturas e assassinatos, que outro nome não poderia faltar?  
Era Chicago, 1893. Holmes havia construído um castelo ao qual deu o nome de "Hotel da Feira Mundial", para onde levava suas vítimas, visitantes da feira. O castelo, cheio de passagens secretas e câmaras de tortura, foi projetado como um local perfeito para as atrocidades cometidas por ele. Holmes torturava, estuprava e matava, dissecado os corpos de algumas vítimas e vendendo seus ossos para a universidade de Medicina. Mais de 200 assassinatos foram atribuídos a ele durante a feira. Em 1896, ele foi executado e seu castelo de horrores demolido. Em AHS, Evan Peters, dando um show de atuação, interpreta James Patrick March. Esse tem tudo pra ser seu melhor personagem desde Tate. James construiu o Hotel Cortez com o mesmo propósito, em 1925. Quando a polícia descobriu o que ele fazia, ele se matou e seu espírito, seguindo a mitologia de AHS, continua perambulando pelo hotel.   
E aqui se explica os dez mandamentos na abertura. Novamente, vemos a questão da religiosidade na série. Agora temos uma antítese fascinante: ao contrário da devoção observada em Asylum pela Sister Jude, que a fazia torturar "em nome de Deus",  temos em James alguém que repudia a religião e a forma como as pessoas a usam para ditar regras e baseia-se nos dez mandamentos para escolher suas vítimas. Esse é um encontro que eu adoraria ver.   
James é um dos mortos presos ao hotel, assim como Sally e a empregada Miss Evers. Há quem ache essa dinâmica entre mortos e vivos, já vista em Murder House, repetitiva. Eu acho muito boa, porque afinal se trata do mesmo universo. Coisas assim podem perfeitamente acontecer em mais de um lugar, assim como seria possível ver o diabo andando pelos corredores do hotel  
Há agora um novo elemento, representado pela Condessa, Donovan, as crianças vampiras e agora também por Tristan (Finn Wittrock, o eterno Dandy). Ao contrário dos mortos, eles parecem estar mais vivos que nunca (até mesmo imortais, se forem cuidadosos, como a Condessa ensina), infectados por um vírus do vampirismo. Não sei se entrarão em mais detalhes desse plot ou se será mais uma das histórias secundárias, como os aliens de Asylum. Eu não vejo muita necessidade, porque ser vampiro aqui é mais um estilo de vida do que qualquer outra coisa. Você pode ser vegetariano ou você pode ser um vampiro moderno, que não morde, mas corta, e sequestra crianças para colher sangue pra você.  
Finn Wittrock está ótimo como TristanPara a Condessa, quando Donovan prefere ficar em casa assistindo House of Cards, é hora de encontrar um parceiro novo e Tristan, igualmente gostoso, egocêntrico e doentio, se mostra o candidato ideal. Ele também veio nos ensinar a pensar duas vezes antes de marcar encontros pelo Grindr. A propósito, essa cena em que Tristan mata o barbudo lindo é bem parecida com aquela de Freak Show em que Dandy seduz um gay (curiosamente interpretado por Matt Bomer) e o mata logo depois. Seria apenas coincidência ou a mente super criativa (?) de Ryan Murphy?  
John está cada vez mais intrigado com Hotel Cortez. Seu ceticismo inicial é justificável. Como detetive, faz sentido pensar que se trata de alguém dando sequência ao trabalho de March, mas aos poucos, vendo Holden correndo pelo hotel, pintos em forma de broca e outras bizarrices, ele tem que admitir que tem algo muito mais macabro acontecendo ali. Ainda mais agora que Scarlett fez um tour pelo hotel e descobriu que seu irmão vive lá, dormindo num caixão, tentando morder seu pescoço e não tendo envelhecido nada desde seu desaparecimento.  
Chutes and Ladders consertou o que eu havia apontado na review anterior, a falta de apresentação dos personagens. Aqui, tivemos uma ideia maior do background dos personagens e da trama. Foi possível compreender melhor a coisa toda e já dá pra notar um certo direcionamento. Não que isso queira dizer muita coisa. Ainda é cedo para saber com certeza e Titia Ryan é mestre em se perder no meio do caminho ou propositalmente seguir por um outro, mas estou gostando do que foi apresentado até agora.  
P.S.: Quero elogiar mais uma vez a edição de AHS. Aquele flashback em preto e branco contando a história de James Patrick March quase me fez esquecer que eu estava assistindo a uma série atual.   
P.S.: Revelou-se que o quarto 64 era o escritório de March, explicando o mistério envolvendo o quarto.  
P.S.: Onde estava esse vírus da juventude eterna nas quatro temporadas, quando tudo que Jessica Lange queria era não envelhecer? Imagina se Fiona Goode tomasse conhecimento disso.  
P.S.: Confesso que adoraria ver Tristan indo atrás de Kendall Jenner para se vingar.

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