The Strain 2x01: BK, NY
21.7.15
O prólogo que da inicio a volta de The Strain parece apropriadamente saído de um conto de fadas. A história contada ao jovem Setrakian por sua avó ganha vida em cores vivas inesperadas naquele inverno mostrado, e claridade até dentro de uma caverna que deveria ser escura. As luzes e as cores não mudam quando o Mestre surge devorando o irmão de Sardu e seus companheiros, a estética se mantém aquela que se esperaria caso uma lenda contada para crianças ganhasse vida, mas agora há sangue e monstros.
No lugar de criaturas que se esgueiram nas sombras, o prólogo apresenta o Mestre por completo, não para assustar, como o monstro que ataca inesperadamente num filme de terror, mas para causar repulsa. Seja ao mostrá-lo devorando um homem através de uma abertura no crânio, seu aspecto decrepito, ou o vômito de vermes, tudo ali é feito para ser nojento.
Nesses momentos de gore é que The Strain consegue ser o seu melhor. Infelizmente, após esses minutos que abrem o episódio, essa tendência para o sangrento desaparece. Há a cena onde os anciões se alimentam, que é interessante por não fugir do dilema moral criado pela aliança do protagonista com aquelas criaturas selvagens, mostrando o lado animalesco delas, que enxergam humanos apenas como o jantar. Após esse momento, tudo é arrastado, formulaico.
Há a disputa entre Fet e Eph, se tornando cada vez mais evidente. Enquanto o primeiro se mostra adepto ao misticismo e conhecimento acumulado do velho caçador, o outro tenta buscar na ciência um meio de derrotar as criaturas que colocam o mundo a beira do precipício. Essa cisão no grupo de caçadores incorpora as duas visões sobre a praga que afeta o mundo, mas como drama é apenas uma promessa para o futuro.
O aspecto que mais desaponta dessa volta é Palmer e seus aparentemente intermináveis planos para a dominação mundial. Enquanto New York tem de lidar com uma infestação de vampiros, o principal arquiteto desse evento é visto discutindo emocionantes acordos políticos e compra de imoveis. Mal posso esperar pela incrível cena onde ele pedirá desconto na compra de um carro usado, que provavelmente será importantíssimo para seu plano e irrelevante em igual medida para o publico.
A epidemia não é um segredo, a notícia da evacuação de uma escola – ainda que sob pretexto – não é recebida como um evento inesperado, mas tratado com urgência. Pessoas estão desaparecendo, mas toda evidência que existe do iminente fim do mundo se dá quando uma sirene ocasional ou gritos desesperados se fazem ouvir durante uma cena. A crise enfrentada pelos personagens deve deixar de ser um barulho no fundo de uma cena, surgindo com clareza assim como o Mestre no prólogo. Sangue, morte e violência são intrínsecas ao universo criado por The Strain, e isso não deve ficar escondido sob negociações imobiliárias.
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