Person of Interest 4x21: Asylum

5.5.15


Aos quarenta do segundo tempo os criadores de Person parecem ter lembrado que a temporada tem que acabar, e seria bom que, ao menos em seus momentos finais, víssemos uma trama um pouco mais interessante do que aquelas acompanhadas ao longo da temporada. Mesmo que venha tarde, Asylum consegue esse resultado.

Tendo seu tempo dividido entre três tramas que quando desenvolvidas em paralelo criam uma sensação de urgência inexistente até aqui nesse quarto ano, o episódio é capaz de tornar a desinteressante disputa territorial entre Dominic e Elias tolerável. Ainda que o primeiro continue se mostrando unidimensional não só na sua tendência a filosofia rasa, mas também na monotonia do seu comportamento que parece sempre tentar esconder uma raiva inexplicável, o mafioso italiano consegue compensar a falta de carisma do seu adversário.

Ao conceber Dominic como um personagem tão simples, se torna fácil torcer por Elias, mesmo que os dois sejam bandidos. Enquanto o último vem sendo mostrado como um criminoso com um código moral rígido, o outro é apenas um vilão mecânico, arrogante, que se acredita invencível. Sua atuação robótica e seu tom professoral pouco ajudam a desfazer a caricatura. Apesar de todas as deficiências de Dominic que o tornam um alvo fácil para antipatia da audiência, a disputa entre ele e Elias ganha importância ao ocorrer num momento crucial na guerra do Samaritano contra a Máquina. Se antes uma disputa entre dois criminosos pelo controle da cidade parecia irrelevante comparada à duas inteligências artificiais lutando pelo domínio – ou liberdade – do mundo, agora ela se torna uma distração perigosa, atiçando uma curiosidade pela forma como Reese e Fusco escaparão para poderem ajudar Finch e Root.

Diferente de Dominic, o Samaritano teve um desenvolvimento como vilão melhor construído. Se em outros episódios dessa temporada o roteiro ainda tentava sugerir que talvez o Samaritano não era o vilão esperado, agora essa possibilidade é abandonada completamente assim que temos uma visão completa da sua base. Esquecendo métodos mais sutis de dominação, como manipular uma eleição, e partindo direto para a lavagem cerebral, o computador se mostra o vilão esperado desde o início da temporada, enquanto Greer e seus subordinados agem como membros doutrinados de um culto.

Apesar de preparar com competência o terreno para o season finale, a trama de Root e Finch falha apenas ao descartar tão facilmente Martine. A vilã foi ao longo da temporada o perfeito oposto de Root, e a rivalidade só aumentou quando a hacker passou a culpá-la pela morte de Shaw. Embora a morte e subsequente descarte de algum dos agentes do Samaritano fosse necessária para estabelecer de vez a vilania da máquina, não havia a necessidade de matar uma das poucas figuras da organização que tem um nome e, mais importante, uma história em comum com uma das protagonistas. A briga entre as duas era apropriada para uma resolução no último episódio, não da forma anticlimática como foi feita.

A terceira trama de Asylum mostra os esforços da Controle para entender melhor os planos do Samaritano. É interessante observar que, de todos os personagens recorrentes na série, ela é a única que nunca teve suas motivações nem um pouco alteradas. O mesmo patriotismo, o desejo de proteger o seu país, que a fez torturar Root ou concordar com a ativação do Samaritano é o que a motiva a prosseguir mesmo diante da convincente atuação da sua vítima nesse episódio. Ainda que em vários momentos as ações dela tenham se baseado em uma visão simplista de mundo, ela é capaz de ser convencida sobre onde o real perigo está.

Entre as três histórias vistas nesse episódio, esta última é a que mais soa como um cliffhanger. Cercada de mistério sobre os planos do Samaritano, as revelações – ou a falta delas – feitas pela sua agente antes da sua execução são o suficiente para me deixar ansioso pelo que estar por vir.

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1 comentários

  1. A série abordou nesse penúltimo episódio praticamente todas as histórias paralelas: Machine x Samaritan, Elias x Brotherhood, Control. Porém, vários arcos ainda precisam ser finalizados: Quem lembra do avatar do Samaritan, Gabriel. A estudante Claire que foi "salva" pelo Samaritan e aquele adolescente que fez sua primeira aparição no episódio 2PiR lá na 2ª temporada e reapareceu agora como CEO de uma empresa de tecnologia. Isso sem contar a psicóloga do Reese...Falta apenas um episódio, resta saber como os roteiristas vão abordar e relacionar todas essas histórias, sabendo que a série teve uma audiência mediana nessa 4ª temporada, correndo o risco de ser cancelada.

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