American Horror Story: Freak Show 4x11: Magical Thinking

11.1.15


Freak Show de volta com a tênue linha entre normalidade e anormalidade.

É de se esperar que, despois de traçado um caminho, se mantivesse nele por todo o tempo. Senti que Freak Show se desviou desse caminho por alguns espisódios, mas fiquei satisfeito de ver que Magical Thinking retomou o debate que eu havia apontando nos primeiros episódios, a ideia que tinha muito potencial para o tema das aberrações: colocar uma interrogação e nos fazer parar para pensar em quem são os verdadeiros monstros. Essa ideia de colocar frente a frente anormalidades físicas e psicológicas e ainda questionar os limites da normalidade é, sem dúvidas, o melhor aspecto do tema que poderia ser abordado. AHS parecia estar sabendo fazer isso de forma digna e, depois do leve desvio, parece que voltamos a esse aspecto e, se ele se mantiver, teremos um bom desfecho.

É por isso que Chester, um homem que teve sua mente afetada pela guerra e vê sua boneca como uma pessoa de verdade, é uma aquisição enorme para a temporada. Neil Patrick Harris não brincou em serviço e conseguiu me convencer logo nos primeiros minutos da sua aparição de que teríamos com ele um personagem atormentado por sua própria mente e consequentemente perigoso para todos ao redor. Se um Dandy já é perigoso, imaginem dois. A propósito, espero muito dessa interação dos dois e já vou dizer que estou shippando hard Chandy. Apesar disso, devo admitir que a cena dele com Bette e Dot é a melhor cena de sexo feita pela série.  

Chester trouxe consigo nossa pretty girl Jamie Brewer, mais uma vez num papel interessante, agora como Marjorie, a boneca que tem vida própria e é assassina na cabeça de Chester. Apesar de saber que ela é uma simples boneca escolhida como bode expiatório dos crimes de seu ventríloquo e que vive apenas na cabeça problemática dele, Marjorie conseguiu me deixar com medo. Talvez porque ela seja a projeção que Chester criou de sua própria mente doentia. Isso é brilhante e um acréscimo muito bacana para o que Freak Show prega.

Temos ainda Spencer e sua mente perigosa não por ser doentia, mas tremendamente inteligente e ambiciosa. Assim como Clarence Darrow, citação usada pelo próprio Spencer no último episódio, ressaltando que ele sabe trabalhar muito bem com argumentos e justamente por isso consegue o que quer, inclusive as mãos de Jimmy. Estou ansioso para a ver os freaks se juntando para acabar com ele.

Acredito que pouca gente imaginou Jimmy sem suas mãos no final da temporada. Podíamos até imaginá-lo acabando morto, mas com suas mãos ainda no lugar. Espero que isso não atrapalhe a reconquista do espírito de liderança que Jimmy exibia no começo e que aquele velho Jimmy, mesmo sem mãos, ou melhor ainda, com ganchos no lugar delas, volte para estraçalhar Spencer. Sua nova condição ainda proporcionou mais um momento de redenção a Dell, mais uma vez num apelo sentimental que quase (eu disse quase) nos faz esquecer o homem horrível que ele é.

Foi lindo ver Dell alimentando o filho depois e ainda mais aprender sobre seu passado, apresentado numa nova perspectiva muito interessante, do normal visto como aberração justamente por ser normal no meio de uma família de aberrações. É normal que personagens como esse ganhem um momento emocional destes para que, então, recebem o devido fim. Dell fez coisas horríveis, como matar Ma Petite, e isso não seria deixado de lado. Por isso também foi lindo ver Fiona enfiando uma bala em sua cabeça.

Perceberam como, nesta review, falei mais sobre mentes distorcidas que anomalias físicas? É esse o debate de que eu falava no início e é isso que Freak Show veio perguntar: não seríamos todos freaks? O que é ser normal? Existe um gatilho que poderia criar uma aberração onde antes era considerado normal? Mesmo entendendo que todos nós temos nossos lados monstruosos, qual a fronteira que separa esse lado do considerado mais humano? 

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