American Horror Story 4x07/08/09: Test of Strength/Blood Bath/Tupperware Party Massacre
14.12.14
Dandy nos ensinando a tomar banho com o sangue dazinimiga.
American Horror Story apresentou, nessas últimas semanas, um
conjunto agridoce de episódios. Foi agridoce porque, por um lado, Ryan Murphy
mostrou que não está para brincadeira e que não tem medo de matar ninguém dessa
vez e, por outro, um tempo foi perdido com tramas pouco atraentes. Já é
tradição de AHS chegar num ponto em que não fica muito claro para onde a
temporada vai andar e onde exatamente ela vai terminar, mas já podemos traçar
um esboço. A história se passa durante a decadência dos circos de aberrações e
o final deverá ser marcado por isso, tanto que já sabemos o destino de Pepper,
por exemplo.
Apesar de torcermos, naquela época era difícil alguém com
algum tipo de anomalia ter um final feliz. Seria ilusório demais terminar com
boa parte dos personagens tendo um. Além dos circos, havia museus para exposição
desses freaks e pessoas como Stanley, que lucram com isso, existiam. Se hoje em
dia é quase impossível até para uma universidade, por exemplo, adquirir um feto
malformado para estudos, naquela época, em que a discriminação não era vista
pelas pessoas “normais” como algo errado e que ninguém se importava com o que acontecia
com os freaks, o destino destes comumente era morte, museus bizarros e
manicômios. Por isso devemos esperar destinos como o de Ma Petite.
Ma Petite foi, de longe, uma das coisinhas mais fofas já
vistas. Sua morte foi dolorosa, mesmo que já tivéssemos sido enganados sobre
isso episódios atrás. Agora foi pra valer. A decisão de Dell de mata-la pode
parecer confusa, afinal ele sabia o que Ma Petite significava para seu
recém-aceito filho, mas se consideramos a história do personagem, não fica difícil
imaginar. Dell é um homem fisicamente forte, mas sentimentalmente fraco e isso
é um paralelo interessante. Imagine um ovo: uma casca dura protege um interior
mole. Dell, sentindo-se abandonado por seu amor, deixou seu interior
transparecer e a casca já não o protege mais, tanto que ele leva uma surra de
Eve. Resta então partir para alguém mais fraco, alguém indefeso, e aí Ma Petite
passa a ser e escolha perfeita.
O centro de tudo continua sendo a ambígua Elsa. Por mais que
se importe com seus freaks, ela se importa mais com ela mesmo e com a fama.
Para ela, é perfeitamente justificável eliminar qualquer um que a impeça de alcançar
seu sonho. Mas isso não quer dizer que ela não vá se sentir triste. Tudo bem,
boa parte do sofrimento de Elsa é pura encenação, mas uma leve parte é verdade.
Isso fica claro na bela sequência entre ela e Ethel, marcada pelo drama,
gritos, tapas e tiros. Ethel confrontou Elsa e planejou sua morte antes e, para
Elsa, mata-la era uma forma de legítima defesa. É fácil compreender como Elsa
achava isso necessário.
Outra grande perda foi Gloria e aqui eu gostaria de destacar
um ponto. Voltando lá para Asylum, podemos observar um paralelo entre Gloria e
Lana Banana. Lana entendeu que seu filho psicopata era um perigo e, numa das
cenas mais maravilhosas que eu já vi, ela dá um tiro na cabeça dele, decidindo
acabar com aquilo de uma vez. Não é fácil ter um ato desses, é preciso muita
força, algo que Gloria não tem. Ela está sempre de joelhos para Dandy e jamais
conseguiria mata-lo, por mais que reconhecesse a monstruosidade dele. Dandy, vendo
o que estava causando a ela, sugere um meio de acabar com toda a loucura, se
matando. Quando Gloria se recusa a deixa-lo se matar, ele vê uma alternativa:
matar a própria mãe, acabando, assim, com o destino sofrido ao qual ela estava
fadada. Não sei se Ryan pensou nisso, mas temos com Lana e Gloria dois lados de
uma moeda muito interessante.
A decisão de eliminar agora dois grandes pesos do elenco é arriscado,
mas é de uma coragem enorme. O brilhante trabalho de Kathy Bates e Frances
Conroy tornou a experiência ainda mais fantástica e, por mais que eu sinta que
elas poderiam ter um papel de maior na temporada, eu consigo engolir a morte
dessas personagens, porque, no lugar em que estavam, faz sentido que elas sejam
mortas. As tramas das duas são tão problemáticas que, mesmo depois da morte, elas
não têm sossego. Ethel passa por todo um teatro de Stanley e Elsa para parecer
suicídio, até tendo sua cabeça arrancada (esse povo tem um fetiche por degolar
Kathy Bates, não é possível!) e Gloria vira fantoche de Dandy, ganhando uma
irmã gêmea siamesa revendedora da Avon.
O desenvolvimento de Dandy está sendo fantástico e aposto
que ele vai ser uma das peças mais importantes para o grand finale. Seu tesão pelo assassinato, pelo sangue e pelas
aberrações é horrendo e ao mesmo tempo interessante, pois psicopatia é o que
American Horror Story sabe fazer de melhor. A cena dele se banhando com o
sangue da mãe foi a coisa mais bizarra que Freak Show fez até agora e,
considerando o ponto de vista de Dandy, uma das mais bacanas. Além disso, ele sabe
como agir, sabe como se livrar dos seus problemas, como Regina, nossa amada
Preciosa. E é essa inteligência psicopática que pode nos levar a um final
maravilhoso, agora que ele ameaçou se vingar de Jimmy por este ter tirado Bette
e Dot dele.
Claro que eu não terminaria sem falar sobre Bette e Dot. Essas
são duas dais personagens mais complexas e com mais potencial. É lindo vê-las
se odiando e querendo matar uma à outra, mas é ainda mais lindo vê-las
finalmente se amando. Dot até então estava doida para se livrar de Bette, mesmo
que isso signifique a morte da irmã. Com um belíssimo discurso de Bette, Dot se
rende e as irmãs deixam de compartilhar apenas um corpo. O companheirismo entre
elas ainda deve ficar mais forte após Dot ser rejeitada por Jimmy, que só quer
saber de comer a nova mulher gorda e ficar de mimimi com Esmeralda. O bom da
relação de amor entre essas duas em vez de ódio é que torna tudo mais doloroso
de se assistir quando chegarmos ao certamente crítico final. É mais fácil se
importar com elas quando estão se amando do que quando estão se odiando.
P.S.: A temporada não poderia terminar sem Dandy pagando
bundinha e fiquei muito feliz com isso acontecendo dois episódios seguidos.
P.S.: Não comentei sobre a enfermeira chata e as garotas
reunidas para vinga-la por pura preguiça.
P.S.: O mesmo para esse fetiche dos produtores por Jessica
Lange e Danny Huston, o Axeman.
P.S.: R.I.P. triplo para Gloria, Ethel e Preciosa.
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