American Horror Story: Freak Show 4×02: Massacres and Matinees

18.10.14


William McKinley Freak Show.

Semana passada eu havia dito que não sabia qual caminho American Horror Story tomaria. Bobagem minha. Tinha ficado claro desde o começo. E talvez seja mais bobagem ainda esperar que seja algo além disso. Se voltarmos um pouquinho no tempo, vamos nos pegar esperando que Coven fosse algo muito maior que o concurso pelo título de Suprema, sendo uma tremenda decepção ao percebermos que era aquilo mesmo que teríamos. A diferença é que, mesmo simples, a proposta de Freak Show é muito mais madura e impactante que aquela oferecida em Coven.

E é claro que estou falando da luta dos freaks pela aceitação, o que os coloca diretamente em confronto com as pessoas que insistem em se achar superiores. É Ryan Murphy trazendo para American Horror Story o tema dos underdogs e a eterna batalha para impor seu lugar no mundo. É a projeção de um problema enfrentado no High School em Glee (e várias outras que abordam o tema) num nível socialmente maior. E isso Titia sabe fazer muito bem. Haters de Glee que continuem hateando.

Saindo do mundo das cheerleaders bulinadoras e levando o tema a um universo maior e ainda numa época bastante tensa para ser diferente, onde a pressão sobre os underdogs toma proporções ainda mais devastadoras (não querendo desmerecer o bullying cometido nas escolas, o que já é um problemão e, muitas vezes, causa tragédias também). Podemos ver, com a morte de Meep, um dos extremos a que essa luta pode levar. Massacres and Matinees trabalha isso de maneira impecável e dolorosa. Se no episódio anterior os sentimentos eram ambíguos, agora nos vemos inclinados a escolher um lado.

Vemos a injustiça encabeçada pelo preconceito. Meep só morreu porque era uma aberração. Foi doloroso desde sua incriminação, sua prisão e os olhares de ódio vindos de pessoas bem piores e atingiu o ápice quando seu corpo é jogado na entrada do circo. Eu senti a mesma dor que Jimmy sentiu.  Tudo bem, Meep arrancava cabeça de pintinhos com a boca e isso é grotesco, mas temos que considerar que aquilo era provavelmente o reflexo de uma vida de repressões. Se hoje em dia, num mundo um pouco mais esclarecido (mas ainda muito longe do ideal) as consequências dessas repressões são destruidoras, imagine numa época como aquela.

Jimmy é o maior revolucionário dessa ideia. Ele é um líder. Ele não aceita que sejam subjugados e ele vai encabeçar o grupo no caminho pelos seus direitos. A cena do restaurante mostra isso e novamente vemos o horror das pessoas que apelam para o ego e autoglorificação para enfrentar seus medos sem fudamento. É por isso também que Jimmy se sente ofendido quando Dandy pede para se juntar ao circo. Ali é o santuário dos freaks, onde eles não precisam ter medo de ser quem são. Dandy não pertencia àquele lugbar.

A vida de Jimmy ainda promete ficar mais agitada com a chegada do papai. Dell é um homem detestável e já torço para que ele morra. Uma série não é uma boa série sem barreiras a serem derrubadas e Dell é uma dessas. Sua chegada é acompanhada pela de Desiree, a hermafrodita de três seios e supostamente a Cura Gay em pessoa (deixa Feliciano saber disso!) interpretada por Angela Bassett. Ela era um dos retornos pelo qual muito ansiávamos e acabou sendo meio decepcionante, pelo menos por enquanto, porque Angela merece mais que viver às sombras de um marido como Dell e também já quero ela livre desse homem.

Outro ponto importante é a ambígua personagem de Jessica Lange. E aqui vou ser obrigado a concordar que Elsa está meio Fiona demais. Não ficou claro se ela só sente alguma empatia por Bette ou se ela apenas não quer ser ofuscada pelo talento inesperado de Dot (o que se assemelha a Fiona tendo seu poder drenado por Cordelia, colocando Jessica e Sarah numa interação já conhecida), mas eu creio que seja um pouco dos dois. Por isso não é estranho imaginar que ela persuadiria Bette a matar a própria irmã. Morri de pena de Bette, sentindo-se humilhada no palco fazendo a backing vocal e não duvido muito que o veneno de Elsa fará algum efeito sobre ela.

Ainda resta falar de Dandy (ou deveria dizer “Blaine”?) e sua mãe. Esse menino tem tudo, mas não tem nada. É o típico garoto de família rica cuja mãe acha que amor é dar presentes. O mimo é tanto que só Gloria não percebe que o filho é uma pessoa horrível. E ela é uma mãe pior ainda, porque não é possível que alguém leve um palhaço daqueles para o filho. Blaine ainda acaba sendo o ajudante de Twisty, então preparem-se para ver o rapaz todo trabalhado nos assassinatos.

P.S.: R.I.P., Meep!

P.S.: Pavor daquela cena na loja de brinquedos. Twisty está me fazendo ter medo de palhaços, coisa que nunca tive.

P.S.: Sobre a boca de Twisty: Ew!

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