Agents of S.H.I.E.L.D 2x04/05: Face my Enemy/A Hen in the Wolf House
23.10.14
“This isn’t a Catfight. This is
me Kicking your ass"
SHIELD e como adaptar um personagem da melhor maneira possível.
Provavelmente uma das coisas mais difíceis de se fazer qualquer adaptação
é conseguir trazer os personagens a vida, mantendo sua alma. Claro que há
sempre os tradicionalistas que a menos que cada coisa seja exatamente como no
material original (seja ele um livro, filme antigo ou quadrinho), sempre será
algo ruim. Admito que não sou um desses, para mim a história de origem, como
tal personagem ganhou seus poderes ou entrou em sua jornada, tudo isso pode ser
modificado. O que considero mais importante é que o personagem seja
reconhecível, que seja possível a quem o
conheceu no material original não se sinta ofendido pelas ações e diálogos. Que
mantenham sua personalidade... Sua alma.
O quarto episódio, Face my Enemy, veio com um tom bem mais leve, diferente
dos outro quatro episódios já exibidos, neste tivemos maiores momentos de
humor. Cheguei a gargalhar com a cena de May rindo e Skye totalmente perdida,
perguntando o que ela estava fazendo e se estava tudo bem. O episódio foi de
Coulson e May, com eles dançando, se divertindo e agindo todos “Sr. E Sra.
Smith”.
O maior problema, contudo, foi Talbot. Não sei se já falei aqui o
quanto gosto de Adrian Pasdar, provavelmente por causa de Heroes (Eu sei... Eu
sei...), mas gosto do moço e seu personagem é cada vez mais definido como um
mal necessário na série. E ver ele agindo estranho e calmo, quase que
manipulativo, fez com que eu ficasse incomodado. Esse não é o personagem que
nos foi apresentado anteriormente.
Talbot sendo da Hydra também seria algo que não iria condizer em nada
com o personagem. E é em momentos assim que admiro SHIELD por fazer com que
seus personagens sejam tão reconhecíveis, até mesmo os recorrentes. As
mascaras, que vieram diretamente de Capitão América 2, foram uma ótima adição
para a trama. A melhor coisa disso é que a segunda temporada, diferente da
primeira, não está tendo a necessidade de ir lá e dizer “esta é a mascara que a
Viúva Negra usou no final de O Soldado Invernal”, se você viu e reconheceu,
legal. Se não, é apenas uma nova tecnologia interessante adicionada na série. E
isso faz uma diferença muito grande, pelo menos para mim.
Junto do tom mais leve, Face my Enemy também apostou na ação. As cenas
de luta entre May vs May estarão eternamente com os fãs (mesmo que a máscara
high-tech seja tão high-tech que até colocou 100 ml de silicone nos peitos da
Agente 33 quando ela virou May), ao relembrarem as melhores cenas de luta da
série. Ainda tenho minhas duvidas de se foi, ou não, a melhor cena de luta da
série, a final da primeira temporada e May vs Ward é uma boa competição, mas
fiquei muito satisfeito com terem feito toda a luta com Ming-Na Wen, já que
sempre que ocorre algo nesse estilo, temos o personagem original arrancando a
máscara do vilão. Só posso dar meus parabéns para o Kevin Tancharoen, da
fantástica “Mortal Kombat: Legacy”, que dirigiu o episódio e a belíssima cena.
Mesmo ao final o episódio ter dado a impressão de ser algo mais
separado da história original, na verdade houveram várias tramas desenvolvidas significantemente
ali. Coulson informando a May sobre seus planos para ela, caso ele ficasse
louco e psicótico, e sua insistência para que ela dirigisse a SHIELD em seu
lugar. Além de tentar convencê-la a o matar caso seja necessário.
Talvez a uma linha que possa ser utilizada como uma maior constante na
série é Fitz. Se no quarto episódio o vemos finalmente fazendo mais “amizades”,
no quinto episódio ele está mais solto, e preciso dizer que, se já estava
gostando da amizade entre ele e Mac, o tumblr fez com que eu começasse a
shippar os dois. O Fitz, ous eu subconsciente na forma de Simmons, já deixou
claro que acha Mac atrativo. Então, por quê não? Depois de ter matado duas
personagens lésbicas sem ao menos reconhecer sua sexualidade, SHIELD está precisando
melhorar seu karma com a memória de Tara e Willow.
Porém, realmente espero que vejamos ainda mais do desenvolvimento de
Fitz, principalmente agora que ele percebeu que existem outras pessoas com as
quais ele pode se relacionar além de Simmons. E a cena de volta da moça, onde
ela vê Simmons e os dois simplesmente não sabem mais como agir. Provavelmente
somente quem já teve uma experiência semelhante saiba o quão estranho é você se
declarar para um amigo e depois ficar esse ar estranho. Compreendo
principalmente Simmons, porque as coisas estavam boas e perfeitas e eles eram
amigos e faziam ~~ciência~~ juntos e as coisas pareciam boas, agora ela
simplesmente não sabe como agir ou o que fazer, com medo de estragar ainda mais
ao amizade.
Mesmo estando de volta, Simmons e Fitz ainda terão de lidar com estar
juntos novamente. Isso é algo que estou esperando muito para ver. Falando em
Simmons, vamos a moça que, ficou por bem menos tempo infiltrada na Hydra do que
imaginei que fosse. É fantástico como a série está sendo rápida. Sem enrolações,
apenas levando sua trama no tempo certo. Isso é sempre algo muito bom que,
normalmente, não vemos em seriados já que, as tramas e plots são poucos e devem
ser esticados ao máximo.
Toda a situação da fuga de Simmons da Hydra foi fantástica, e sua
desenvoltura simplesmente me deixou tenso. É claro que sabia que Bobbi estava
infiltrada, porém, talvez ela também tivesse sofrido lavagem cerebral e fosse
necessário algo para fazer ela voltar ao normal, e isso é algo que ficava difícil
de saber em suas cenas.
E palmas para Adrianne Palicki. Antes do episódio via apenas ódio para
a personagem: “Ela é Hydra, ela é morena, cadê os bastões?”, era tudo o que se
via internet afora. Logo após a exibição, contudo, apenas comentários positivos
foram vistos por mim. E todos muito bem merecidos. O desenvolvimento de Bobbi
foi fantástico e condizente com o personagem.
Muitas pessoas não sabem, mas na primeira aparição da personagem ela
também não era loira, e estava infiltrada em um leve romance para descobrir
informações da AIM. Então, quando seu ex-marido Hunter pergunta o que ela fez
com seu cabelo ao final do episódio e ela responde: “Já ouviu falar de
disfarce?”, simplesmente não há como aplaudir a Marvel por seu cuidado com a
personagem, que mesmo sendo bem Classe B nos quadrinhos, tem uma grande
fanbase.
Falando em Bobbi, o fato de ela querer que as pessoas a chamem de
Bobbi também é vindo direto dos quadrinhos. Claro que já há pessoas achando que
ela vai aparecer em Vingadores e Capitão América e já estará casada com o
Gavião Arqueiro (como na história original), porém vale lembrar que não é o
mesmo universo e nem tudo que se encaixava lá originalmente irá se encaixar
aqui (por isso torço muito para não ter nenhum romance entre Visão e Wanda em
Vingadores 2). Porém há sempre possibilidades e uma futura série da netflix
estrelando “Hawkeye & Mockingbird” não seria tão ruim. Ainda mais que a
Marvel liberou a roupa que ela usará futuramente, e mesmo estando semelhante ao
uniforme da X-Men Dominó, se encaixa perfeitamente com o tom do MCU. E não
temos salto-alto e um mega decotezão! Parabéns aos designers da Marvel, sempre
colocando praticidade acima de fan service.
E então chega a hora de falar de meu amorzinho. Ao final de Face my
Enemy, Whitehall ameaça Raina e a menos que ela o entregue o Obelisco em 48h,
estará morta. Em A Hen inthe Wolf House, após descobrir Simmons infiltrada na
Hydra e ameaçar Coulson, vê seu plano falhar e realmente quero saber onde ela foi arar
depois de sair do Restaurante. Contudo, toda a trama orquestrada por ela para que
Skye conhecesse seu pai, fez com que o desenvolvimento da trama da série
aumentasse ainda mais.
Skye é Jessica Drew, se não for, usarei ferramentas médicas para matar
pessoas por ai, de tanta raiva. A historia se encaixa tão bem. E O Doctor (não
o Who, mas o MacLachlan) parece ser um vilão tão adorável, ficando nervoso,
matando umas pessoas e depois se arrependendo. Consigo compreender bem pessoas
com problemas psicológicos e surtos de ódio e raiva. Assim, todas as cenas do
Dr. Me deixara bem satisfeito, ainda mais com ele se irritando ao ver as cenas
paternais entre Skye e Coulson. Fiquei chocado com o final onde ele procura
Whitehall e lhe oferece o Obelisco, já que não acreditava que veríamos o Nazi
louco com o objeto tão cedo.
No fim, foi ótimo ver Coulson e
Skye conversando e jogando todas as cartas na mesa. Junto da teoria,
partilhada por muitas pessoas, de que Skye é uma alien, foi uma cena divertida
e calorosa, e mostrou ainda mais a relação de pai e filha que existe entre os
dois personagens. Novamente elogio SHIELD por seu ritmo mais rápido, com todos
esses problemas sendo lidados de maneira rápida e os personagens estando mais
focados em suas decisões.
O que SHIELD conseguiu fazer nesses dois episódios, tão diferentes,
mas igualmente divertidos e intrigantes, foi trazer a tona sua habilidade de
manter seus personagens reais a suas origens. Bobbi foi apenas uma grande
mostra de tudo o que a série vem fazendo desde metade da temporada passada:
respeitando os personagens e seu desenvolvimento. As suas ações não podem ser
apenas os meios para avançarmos na trama, mas sim um cuidadoso estudo de se tal
personagem faria tal coisa. E o que SHIELD mostra é que, contra o desespero de
quem julgava a série como apenas ruim ou simplesmente boba, sabe muito bem
desenvolver seus personagens para não serem apenas pecinhas movimentadas para
que, no fim, ocorram grandes explosões. Eles são seus próprios heróis, seus
próprios personagens. E cada um deles possui sua alma, mesmo que isso não seja
totalmente visível à primeira impressão.
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