True Blood 7x04/05: Death Is Not the End/Lost Cause

27.7.14


True Blood sempre viveu em algum lugar entre o cômico e o dramático. Seus personagens são exagerados, com características marcantes capazes de individualizá-los mas quase sempre desprovidos de nuances que os tornassem figuras realistas. Isso não impediu que, em meio ao absurdo, situações mais dramáticas surgissem.

Os flashbacks vistos em Death Is Not The End e Lost Cause são exemplos de como o equilíbrio entre o divertido e o dramático são essências para que a série funcione. No quarto episódio vemos uma parte do passado de Eric e Pam reveladas de forma inesperada. Duvido que em algum momento alguém tenha se perguntado sobre a origem do Fangtasia, o que torna aquelas cenas divertidas ao mesmo tempo que são surpreendentes. É engraçado pela descoberta inesperada sobre a identidade da idealizadora do lugar – Ginger não ser apenas uma garçonete histérica é a maior revelação da temporada —, funciona como um momento nostálgico agora que Eric está à beira da morte, e ainda consegue se relacionar com a trama principal do episódio ao revelar o passado do lugar onde a batalha final acontece.

Já em Lost Cause, vemos como o recurso pode ser mal utilizado. O passado de Bill é sempre tratado com uma seriedade que, na maioria das vezes, foge do tom da série – sendo as exceções os momentos em que vemos sua transformação e seus anos como um jovem vampiro e a rejeição de sua família. Dessa vez não é diferente, com as cenas do passado de Bill se revelando desnecessárias, até repetitivas. Assim como as memórias de Eric, esses momentos também se conectam com o presente do personagem – Bill enfrenta sua mortalidade no passado e no presente se vê infectado com Hep V —, mas a tentativa de criar um drama mais intenso é falha uma vez que no minuto seguinte estamos novamente naquele universo bizarro onde os habitantes de uma cidade que pode ser destruída a qualquer momento decidem dar uma festa para celebrar a vida.

Eventos como aquele que ocorre na casa de Sookie se encaixam na série. A festa é povoada por pequenas tramas que correm em paralelo, dando agilidade a história. Casais artificiais se desfazem e dão lugar a relacionamentos mais naturais – Lafayette e James, Jason e Jessica –, mas não sem traições ou flagrantes. Chega quase a ser novelesco – com direito até a pedido de casamento —, mas com todo o passado entre as pessoas naquela festa, problemas são esperados e essas situações são inevitáveis.

Personagens usualmente depressivos como Sookie e Bill não incomodam mesmo que ainda envoltos na melancolia que parece jamais se afastar deles. Ela, mesmo que inicialmente rejeite a ideia da festa, acaba se mostrando bem mais à vontade com a situação quando começa realmente a lidar com a morte de Alcide. O vampiro simplesmente se mantém afastado, mesmo que ainda consiga resolver seus problemas com Sookie.

A estranheza de se festejar qualquer coisa naquele momento não passa desapercebida, e a reação de Nicole é um comentário sobre a própria série. Aquela festa é um absurdo, jamais aconteceria em outras cidades, mas Bon Temps não é uma cidade normal. Em Death Is Not the End – um episódio com uma trama muito mais clara e objetiva que o quinto e tão bom quanto — eles estavam prestes a morrer em uma luta contra vampiros moribundos e humanos extremistas, uma situação tão impensável que deixa imediatamente claro como nada é corriqueiro ali.

Esses dois episódios alcançam em grande parte o equilíbrio entre a leveza e o drama, mostrando que essa última temporada ainda pode apagar um pouco dos absurdos do sexto ano e encerrar a série com qualidade.

PS: Ao longo da série, mas muito mais durante a quinta e a sexta temporada, um aspecto muito interessante da história é a forma como os vampiros descendentes de Godric se relacionam. Eles sempre agem como se respeitassem um código moral superior ao dos outros vampiros. Eric amava – ou algo mais profundo que isso – seu criador, sua irmã e Pam. Mesmo quando ele transforma Willa como uma forma de golpe contra o governador da Louisiana, ainda sim ele o faz sem jamais parecer displicente. Ele age como alguém que entende a importância do ato de criar um novo vampiro e as consequências disso.

Essa consistência ao construir o personagem dessa forma fazem com que ele soe honesto ao se mostrar arrependido por ter abandonado Willa.

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