True Blood 7x02/7x03: I Found You/Fire In The Hole
13.7.14
Um dos escritores de True Blood olhou para outro e disse: “Não há cenas de sexo nesse episódio”. Isso não pode acontecer, e assim surgiu o sonho de Jason no começo de I Found You. È uma piada sem graça de três minutos sobre o susto do policial ao se ver tendo sonhos com outro homem, e que não trará qualquer repercussão para qualquer um dos dois no futuro da série.
Por essa introdução, parecia que o segundo episódio seguiria o mesmo caminho do seu antecessor, mas isso é evitado quando começamos a ver as consequências do ataque dos vampiros moribundos que abre a temporada. As oportunidades criadas por um conflito aberto entre humanos e vampiros são aproveitadas para dar a série um tom quase apocaliptico.
Infelizmente, momentos dramáticos nunca foram o forte de True Blood. Dessa forma, apesar haver um clima de terror bem elaborado na apresentação da cidade deserta – que acaba funcionando como um presságio para Bon Temps -, ele se perde quando acompanhamos a Sookie lendo o diário de uma das vítimas.
Esse momento, que intenciona ser dramático, se torna apenas expositivo quando vemos Sookie narrando os últimos dias daquela cidade através dos relatos contidos naquele diário. Se narrações soam na maioria das vezes como um meio preguiçoso para explicar ao expectador o que se passa na tela, em I Found You o recurso ganha contornos ainda piores já que, no lugar de esclarecer, ele repete o que já esta entendido.
Talvez um diretor ou roteirista um pouco mais corajoso tornaria aquela leitura em uma curta história onde veríamos a decadência do lugar e os dias finais da autora do diário, cofiando que o público seria inteligente o bastante para entender que aquilo é, na verdade, um flashback para Sookie e, ao mesmo tempo, uma aviso.
Enquanto isso em Bon Temps, as disputas que ali ocorrem se revelam o oposto da cidade abandonada. Uma já foi destruída, a outra tenta desesperadamente evitar o mesmo destino. Há ali uma narrativa que remete ao caos trazido para a cidade por Mary Ann na segunda temporada. A escalada da insanidade do grupo armado é construída de tal forma, que esta sempre claro que tragédias serão inevitáveis.
A morte de Alcide, em Fire In The Hole, não soa como algo que veio do nada quando se pensa no caos criado em Bon Temps. É surpreendente que matem um personagem importante, mas jamais que alguém morreria por conta da loucura daquelas pessoas.
O terceiro episódio se concentra bem mais em Eric e também no relacionamento entre Bill e Sookie. As duas tramas têm como elemento comum a incapacidade dos criadores de True Blood de planejar o que pretendem fazer a longo prazo ou levar em consideração aquilo já feito em anos passados.
Os flashbacks que mostram Eric apaixonado por outra mulher anos antes de conhecer Sookie seriam muito bem-vindos na quinta temporada, já que dariam uma motivação para ele odiar a Autoridade. Aqui, parecem uma subtrama que surge apenas por que deve ter alguma relevância nos episódios a seguir. Pior ainda, diante das novas informações sobre o passado do vampiro nórdico, a fascinação dele por Sookie se torna menos interessante, uma vez que ela pode ser apenas mais uma.
A fada por sua vez parece nutrir uma verdadeira obsessão por Bill, mesmo depois de tudo que ele já fez. Por que, depois da montanha-russa que foram os últimos meses da vida de Sookie desde quando conheceu Bill – lembrem-se que tudo que aconteceu até hoje em True Blood se passou em pouco mais de um ano, em menos tempo ainda da perspectiva de Sookie – ele ainda demonstraria a menor intenção em se manter próxima dele? Com a morte de Alcide e todas aquelas conversas entre eles, a série parece armar um caminho para um final feliz do casal.
O principal problema da temporada passada era o excesso de tramas e o desenvolvimento trôpego que cada uma recebia. O mesmo começa a se repetir agora.
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