Finding Carter 1x01/02: Pilot/The Birds

11.7.14


“Seu mundo está caindo”

Provavelmente qualquer pessoa que já fez um breve curso de fotografia ou teve uma foto analisada já ouviu a frase acima, “seu mundo está caindo”... É algo que se diz quando uma foto está levemente torta, e as linhas horizontais apresentam um desbalanço, claro que algumas vezes o efeito é desejado pelo capturador da imagem, mas na maioria das vezes a intenção era uma foto reta, "correta", que não se utiliza de um pequeno movimento que lhe dá a impressão da imagem estar desmoronando.

Mas é claro, esta é apenas uma foto, seu mundo não está realmente caindo, você tem apenas a sensação de que ele está ao vê-lo, e ai volta a sua vida normal, pois mesmo estando com a impressão de estar caindo, na verdade tudo está bem, ou dentro de seu conceito de normalidade. Seu mundo nunca realmente cai, pois ele está suspenso, em sua família, amigos, em figuras que, como âncoras, estão ali, te segurando e dando estabilidade.

Carter Stevens era uma jovem normal, até ter todas as suas âncoras retiradas. Seu mundo não apenas cai, como vira de ponta cabeça e bagunça tudo o que ela acreditava ser verdade. Pois, afinal, sua mãe não é sua mãe. É sua sequestradora. Essa era a ideia passada pelas promos e teasers da série, contudo o que podemos ver é que as coisas são muito mais complicadas do que isso. E realmente me agrada ver a MTV com uma série que não divide, pelo menos logo de inicio, seus personagens em mocinhos e vilões. Todos ali tem motivações sinceras e, entre muitos erros, é perceptível que os personagens principais – em sua maioria – estão passando por grandes mudanças em suas vidas.

Provavelmente a maioria do Publico de Finding Carter não veio à série (como eu) pela trama em si, mas sim por Kathryn Prescott. A jovem que fez a icônica Emily de Skins tem 23 anos, mas se passa sem problemas por uma adolescente de 16, e é uma excelente atriz, seu sotaque inglês esteve imperceptível na maioria do episódio - que foi duplo, mas nada cansativo como imaginei que seria ao ver a duração. Esta foi outra coisa que me surpreendeu, pois realmente achava que seriam apenas 20 minutos de episódio, e não quarenta, então ao ver uma hora e vinte no player fiquei um pouco assustado, mas logo me esqueci do tempo. Finding Carter é tão boa assim.

Carter, ao descobrir que sua mãe na verdade é sua sequestradora, ainda não consegue acreditar. Mesmo ela não sendo sua mãe biológica, ela ainda assim é sua mãe. Foi ela que a criou, que ensinou tudo o que ela sabe sobre si mesma. Carter podia conversar sobre qualquer coisa sobre sua mãe, ela dizia a todo dia que a amava. E do nada ela é jogada para uma família nova, com uma irmã gêmea e um irmão mais novo, uma mãe fria que também é uma policial que está tentando prender a sequestradora de sua filha e um pai que escreveu um livro sobre perder sua filha.

É fácil se perder em uma mudança tão grande, é fácil se perder em qualquer lugar no qual você sente não fazer parte. Quando se tem 16 anos é fácil se perder. Carter, que descobre que se chamava Linden, se apega a ultima coisa que lhe resta, longe da mãe, dos amigos, em uma cidade diferente e com uma nova família, a única coisa que lhe resta é seu nome, ela não permite que o retirem.

Uma das coisas que mais me chamou atenção na série é o fato de Carter apoiar totalmente sua mãe, ela pode ter sido sequestrada, mas ainda assim, ela é sua mãe, não importa o que lhe seja dito. E basta ver que seria uma saída muito mais fácil fazer com que Carter odiasse a mãe, e odiasse a nova família logo de inicio, e com os tempos fosse gostando da nova família e perdoando a sua sequestradora. Mas não, Carter ainda considera Lori sua mãe e Elizabeth sua sequestradora.

Carter Stevens acabou de descobrir que toda a sua vida foi uma mentira, mas ainda assim ela não se revoltou com a mulher que a criou, pelo contrario, ela se lembra dos momentos difíceis, de como Lori sempre esteve lá para ajuda-la, como ela sempre foi a melhor mãe que poderia ser, enquanto Elizabeth e David transformaram sua irmã gêmea em um robozinho aterrorizado e no irmão mais novo em um jovem que se sente totalmente ignorado o tempo todo. Ela não se encaixa naquele mundo e tudo o que ela quer é que as coisas voltem a ser como antes.

Ainda assim, Carter não é uma jovem adorável e boazinha, ela não é uma mocinha indefesa e gentil. Pelo contrário. Pegando algumas cenas separadas facilmente poderíamos considera-la a verdadeira vilã da série, ela humilha Elizabeth no shopping, bebe e se droga, finge ataques de pânico simplesmente porquê não está afim de assistir a aula.

A protagonista dança entre essas noções, afinal, ela é uma adolescente que acabou de descobrir que toda a sua vida é uma mentira, porém ela ainda não consegue acreditar, ela quer ter a mentira de volta, pois o antes era muito melhor. E realmente é fácil entender as atitudes da personagem diante dessa situação. Quem nunca fez pior por menos?


Elizabeth é uma personagem fácil de odiar, porém não consigo. Claro que ela é uma dessas pessoas que nunca demonstra um pingo de vulnerabilidade, pois acredita que isso a fará mais fraca ou menor diante das outras pessoas, isso, provavelmente, vem de seu treinamento como policial, é um clichê? Sim, mas não deixa de ser verdade que mulheres policiais são, ainda, rebaixada em relação a policiais homens e muitas vezes tem de esconder sentimentalismos para não serem consideradas menos aptas ou inferiores.

É claro que Elizabeth jamais será o que Lori foi para Carter, é tarde demais para isso, porém é notável que Liz está emocionalmente cansada, afinal, não apenas teve uma filha sequestrada, mas também quase perdeu o terceiro filho e quando recupera, após ter perdido toda a esperança, sua filha, nada é como ela pensou que fosse ser.

David Wilson, o pai, cria uma conexão mais rapidamente com Carter, talvez pelo fato de nunca ter tido uma figura paterna, David não encontra uma posição quando tenta assumir o papel. Mesmo com o pouquíssimo desenvolvimento de caráter mostrado neste episódio, gostei bastante do personagem, principalmente porquê é Alexis Desinof (e Wesley Wyndam-Pryce é um dos meus personagens favoritos de todos os tempos).

O Cliffhanger do final do episódio - em que é revelado que David, após escrever Losing Linden sobre a perca de sua filha, está escrevendo um novo livro com o mesmo titulo da série – não deve trazer realmente mais drama para a série, claro que ele mentiu pois Carter havia pedido que ele não escrevesse o livro, porém há toda uma situação financeira envolvida que provavelmente será mais importante adiante, ou não.

E ai chegamos a Taylor, e a grande questão de toda a série. Kath tem uma irmã gêmea que fez sua irmã gêmea, e elas são super parecidas, afinal, são gêmeas... Porquê não usa-la? Fiquei muito feliz da série não ter colocado as duas gêmeas, primeiro que a série se chama Finding Carter, e mesmo Taylor sendo importante, ela é a outra irmã... Ter Megan na série, além de fazer com que tudo ficasse com muita cara de Skins, seria extremamente distrativo para Kath. Isso sem mencionar que elas estavam em cidades quase que vizinhas, com duas horas de viajem. Ter uma Clone sua morando perto, sem duvidas poderia causar alguns problemas, afinal, basta imaginar que você podem ter conhecidos em comum, ou você ser marcada em uma foto no facebook e não ser você, mas sim uma pessoa totalmente igual?

De qualquer forma, se você esta vendo a série provavelmente já teve aulas de biologia e reprodução (a menos que estude/tenha estudado em um colégio Cristão. Não sei como funcionam as coisas por lá), mas gêmeos univitelinos não são os únicos no mundo e na verdade gêmeos bivitelinos são muito mais comuns. Sem falar que somente por serem gêmeas, elas não são siamesas e, como atrizes, é compreensível que Megan e Kath não queiram ser sempre associadas em qualquer show que venham fazer.

Taylor e Carter tem uma relação bem interessante, elas são adolescentes, elas não são parecidas fisicamente (o que demonstra diversas coisas como o ambiente no qual você é criado pode te mudar fisicamente) ou em suas personalidades, mas ainda assim há uma química fraternal muito grande entre elas.

A melhor interação da série, contudo vai para Carter e Grant. O irmão mais novo que se sente totalmente ignorado pela (e realmente é) pode ser facilmente ser considerado o melhor personagem da série, é impossível não se apegar a ele. Todas as cenas dele com Carter foram bem escritas e desenvolveram bem ambos os personagens. E de onde tiraram aquela criança? Porque ele atua melhor que a irmã mais velha e todos os amigos avulsos do colégio... Juntos.

A cena pós-overdose, onde ele revela que havia sido ele que roubou a mochila de fuga que Carter tinha guardada é de quebrar o coração. Principalmente pelo fato dele aceitar que Carter não está feliz com a família e dizer que está tudo bem se ela for embora. E por essa cena essa criancinha já entrou no meu coração, Carter é a única que vê ele, ela é a única que o ouve e com quem ele sente que pode realmente conversar e ele está disposto a perder isso, porque ela não está feliz. Ele está disposto a perder seu reconhecimento para que ela seja feliz. *coração quebrado*

Dos interesses românticos me pergunto de onde tiraram dois jovens tão ruins. Gabe é terrível. Terrivelmente Terrível. A má atuação dele doeu em mim, fisicamente. Há tantos jovens que atuam melhor e são mais bonitinhos, espero que ele suma logo da série, pois não aprovei. Enquanto Max (que aparentemente irá se tornar o interesse romântico de Taylor) é simplesmente o tipo de personagem que odeio. Ele age como se tivesse o intelecto de uma criança de sete anos e estivesse sempre fumando maconha. Pessoas que utilizam drogas frequentemente não agem como eles tentam insinuar em seriados adolescentes e isso é algo que realmente me irrita nessas produções.

Já Ofe e Bird (acho que esse é o nome dela) acabam sendo mais interessantes e espero que mais deles seja mostrado futuramente. Principalmente Bird, fui com a cara dela e acho que a personagem pode se tornar muito maior com uma boa trama. Toda a coisa de garota rica que se entedia facilmente me atrai. Já Ofe é totalmente inesperado e, caso desenvolvido corretamente, o vejo até mesmo como um futuro (e bom) interesse romântico para Carter.

Finding Carter superou minhas expectativas. Foram diversos os momentos em que realmente me emocionei com os personagens e estava torcendo por eles. A cena em que Lori se arrisca para poder dizer que ama Carter mostra bem a relação que ambas tinham como mãe e filha. E ainda foi deixado um pequeno cliffhanger que deve perdurar pela temporada de quais foram os motivos para que ela sequestrasse a criança.

 
Meu maior problema com a série é que não consigo ver como manter a trama inicial por mais do que duas temporadas, isso com muita enrolação, e, após Carter decidir ficar com a família, ou fugir com sua mãe, o que aconteceria com a série? Se tornaria mais uma série adolescente com dramas adolescentes “normais”? Ou uma série de uma jovem fugindo da policia com sua sequestradora? As opções são bem limitadas no momento e acredito que a ideia poderia ter sido melhor desenvolvida em uma minissérie, porém ainda é cedo para pensar nisso... Apenas nos resta esperar e ver quais serão os rumos tomados e se a série sequer irá ser renovada.

O que é possível dizer sobre Finding Carter é que a série prova, mais uma vez, que a MTV vem cada vez mais se tornando tudo o que a CW, aparentemente, desistiu de ser há um bom tempo, series adolescentes com personagens falhos e relacionáveis, como também vemos em Awkward e Faking it. Vamos esperar que continue desse jeito.

PS: Juro que nas próximas reviews vou diminuir o texto!

PS2: Como parar de ouvir I Think I Like It?

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1 comentários

  1. Apesar dela ser um dos personagens que menos gosto de skins cê me convenceu a conferir . Mas pelo que foi dito não lembra o estilo bagaceiro das series da MTV (que ocupou o lugar que um dia foi da The CW no meu coração). nhé

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