The Blacklist 1x18: Milton Bobbit
2.4.14Há duas tramas bem distintas nesse mais recente episódio de The Blacklist. Metade da sua duração é dedicada a exploração das consequências da recente descoberta feita por Elizabeth, e o resto se dedica a contar a história de Milton Bobbit. Considerando que essa é primeira vez que duas narrativas recebem o mesmo destaque num único episódio, os roteiristas se saíram muito bem.
Milton
Bobbit
compensa o que lhe falta em tempo com uma estranheza marcante. A
morbidez, a aparência e os métodos empregados
criam uma figura impactante
o suficiente, que desperta
curiosidade sobre suas motivações. Certamente ver mais sobre ele
não seria ruim, considerando que o personagem se mostra possuidor de
uma visão tão singular sobre a morte, que acabou virando seu
trabalho.
Com as restrições
de tempo presentes – o caso parece mais corrido, sem muito tempo
para pistas falsas – elementos como cenografia, figurino e a
composição do ator na hora de encarnar Bobbit se tornam muito mais
importantes. Economicamente entendemos várias coisas sobre o
personagem antes mesmo de serem ditas. É possível ver que, apesar
de vender seus serviços, ele não se interessa pelos ganhos
financeiros proporcionados pelo seu trabalho, algo ressaltado pela
simplicidade da casa e das roupas dele. Os tratamentos médicos
alternativos que ele menciona no futuro são mostrados logo na sua
primeira aparição, sugerindo seu estado de saúde.
Quando Milton
finalmente tem uma chance de explicar seus motivos para fazer o que
faz, o que ele fala termina de compor esse quadro construído com
pequenos fragmentos. A solução encontrada por Ressler naquela cena
para que a última vítima do undertaker é inteligente por
mostrar que aquele homem se mantinha fiel a seu raciocínio
deturpado, e que ele não precisava matar para ter a justiça que ele
queria nos seus últimos atos.
Essa cena também
acaba dando algumas pistas sobre o estado mental de Ressler, que se
aproxima de um homem armado e com uma bomba amarrada ao corpo sem
muita preocupação sobre o que vai acontecer com ele. Junte isso com
o momento em que ele aceita sem questionar continuar o caso sozinho
para que Lizzy resolva algum problema com Tom e é fácil perceber
que a morte da noiva dele não foi algo rapidamente esquecido pelos
roteiristas e que ainda pode ter consequências futuras.
O relacionamento de
Keen e Tom, agora que ela conhece a verdade sobre ele, está se
tornando algo muito melhor que o esperado. Em certas cenas – quando
ela começa a revirar a casa ou ao dizer ser incapaz de deixar Tom
sequer tocá-la – ela faz parecer que será completamente incapaz
de se manter no papel da esposa ingênua para logo depois exibir um
autocontrole inesperado e continuar com aquele casamento falso.
Essa dualidade nas
ações de Elizabeth são comuns, e a tornam uma personagem melhor.
Ao demonstrar o medo e incomodo dela diante da realidade presente,
por exemplo, Jon Bokenkamp cria uma trama que não se baseia apenas
em mistérios, conspirações e reviravoltas – cada vez mais
complexos, diga-se – levados adiantes por manequins imutáveis, mas
em pessoas minimamente criveis. Assim, a série lida com raiva de
Lizzy e a necessidade dela de investigar Tom de uma forma competente,
aliando as duas coisas, usando o sentimento intenso como o
combustível das atitudes, dando a ela a motivação necessária para
agir rápido e descobrir a verdade o quanto antes.
Há apenas um
problema nessa história: a falta de suspeita de Lizzy em relação a
Red. Ela sabe que todos os eventos recentes da sua vida estão
ligados a Reddington e ela já suspeita há muito tempo que ele é
seu pai. Por que ainda tratar a real natureza da ligação entre dois
como um grande mistério? No momento em que a agente do FBI faz todas
as descobertas que fez, seria esperado que ela escolhesse por
investigar sua própria vida em busca da conexão entre ela e
Reddington.
Milton Bobbit criou
um bom cenário para o futuro da série. Com a velocidade com que a
trama entre Elizabeth e Tom se desenrolou logo após a descoberta do
último episódio é possível imaginar que revelações maiores não
demorarão a vir.
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