The Blacklist 1x17: Ivan
29.3.14
Ivan pode ser visto como um episódio sobre o amor. O sentimento está presente em variadas formas nas diferentes histórias contadas nesse mais recente capítulo. Ele pode ser visto falseado em nome de um objetivo ainda misterioso, num hacker que entende tanto sobre o funcionamento de um computador mas é incapaz de perceber como suas ações são assustadores e na paciência de um pai que esperou até que a filha percebesse por conta própria como ele nunca mentiu para ela.
Quando a identidade de Tom quase foi revelada pela primeira vez, no sexto episódio, a coragem do criador da série em não arrastar conflitos inevitáveis um por tempo indefinido foi admirável. Mesmo que ao longo daquele episódio as acusações contra o marido de Elizabeth tivessem sido revertidas – num enorme anticlímax – a ideia da traição dele estava plantada e desde então a trama foi desenvolvida com muita eficiência.
Exceto pelos pontos fracos que comentei na crítica do episódio passado, a jornada que levou os protagonistas daquele ponto até o cliffhanger deixado por Ivan foi coerente, construindo cuidadosamente detalhes das personalidades de cada um daqueles indivíduos. Assim, se Reddington, por exemplo, após tantos esforços para revelar Tom como um espião em Gina Zanetakos se mostra resignado ao ver seu plano falhar, não era por que desistiu mas sim por que percebe que Lizzy deve encontrar por si a verdade que ele tanto tentou mostrar, uma ideia reforçada pelos seus atos desde daquele momento – ele teve chances de agir contra Tom, principalmente nos mais recentes episódios—e que encontra sua conclusão no fim desse episódio.
A cena em que Elizabeth procura por Tom enquanto ele tenta fugir é tensa pois há a possibilidade de um confronto ali mesmo. Essa tensão surge exatamente por que, no passado, a série não evitou momentos que poderiam alterar a sua dinâmica apenas para continuar no terreno confortável dos casos isolados. A descoberta, feita no fim do episódio e não durante aquele jogo de gato e rato, permite que Lizzy haja de outra maneira. Se antes ela buscou o confronto imediato, levando o marido para o FBI, agora ela tem a chace de ser tão dissimulada quanto ele, fingindo não saber de nada – o promo do próximo episódio sugere que esse será o caminho seguido.
O caso da semana se conecta com os temas da trama principal, mas de uma maneira mais simplista. A ideia do hacker usando suas habilidades para tentar conquistar de forma trôpega a garota pelo qual é apaixonado surge como um desdobramento surpreendente já que, depois de cogitadas conspirações internacionais, o real motivo do roubo do protótipo da NSA é, no fim das contas, extramente ingênuo. Harrison é um personagem que certamente se beneficiaria ao receber mais destaque uma vez que ele comete um crime terrível – matar o homem que carregava o protótipo – por um motivo tão inocente. Remover o verdadeiro Ivan do episódio não faria mal algum, dando mais tempo para que o real antagonista fosse melhor explorado.
Ivan é um excelente episódio, mostrando momentos bem construídos, que felizmente se assemelham mais com aqueles que desejei ver mais vezes na série no fim do meu último texto do que aqueles mais fracos que não fazem justiça ao potencial da série.
PS: Falando em coerência ao desenvolver seus personagens, existe um pequeno momento em Ivan que merece ser notado. Logo após a fuga de Harrison na escola, Lizzy descreve para Reddington o truque usado pelo garoto para escapar. Ela o faz com leve sorriso no rosto, admirando a inteligência da ação do jovem hacker. Considerando o passado como ladra da agora agente do FBI, é interessante vê-la ainda admirando a esperteza de um criminoso que consegue enganá-la.
0 comentários
Comenta, gente, é nosso sarálio!