Person Of Interest 3x15/16: Last Call/RAM

11.3.14




3x15: Last Call

A primeira cena desse episódio apresenta um prognóstico tenebroso: Last Call seria uma experiência entediante, senão terrível. Como é possível perceber isso em poucos minutos? Basta observar o dialogo horrendo entre Finch, Reese e Shaw cujo o único propósito é explicar, tal como em uma palestra, a premissa do episódio. Pior ainda, isso não acontece quando o grupo recebe o número da nova vítima, quando aquelas informações fariam sentido dentro da narrativa, mas quando já estão no meio do trabalho.

Após esse começo nada promissor, o resto do episódio se limita a cumprir as expectativas criadas pelo começo. Dessa forma, Last Call se limita a progredir de forma burocrática, numa trama implausível e cheia de situações convenientes para que aquilo tudo funcione. Seja por um erro de continuidade – a porta da casa do garoto arrombada duas vezes – que, de tão óbvio, parece proposital e por isso sugere reviravoltas – Reese e Shaw poderiam ter invadido a casa errada – que nunca acontecem.

O plano do misterioso vilão é incerto, contando com uma culpa que Sandra talvez sequer sentisse. Como ele poderia saber que, após tantos anos, ela ainda se sente culpada? Por que alguém que já conseguiu invadir o sistema de emergência e redirecionar a ligação de Aaron para Sandra precisaria dela para apagar os registro? Todas as circunstancias soam forçadas ou mal explicadas. Nem Finch agindo infiltrado é algo bem aproveitado, já que boa parte da ação ocorre fora do local onde ele estava.

A fama recente de Lionel desperta algum interesse por introduzir um personagem que pode vir a ser o substituto de Carter no futuro. Infelizmente a coincidência dele ajudar a investigar um caso de outro policial que é justamente a causa dos problemas de Sara e Aaron é mais um ponto negativo. Tantas vezes tramas paralelas não precisaram ser amarradas na série, e esse era um episódio em que essa falta de conexão seria bem-vinda.

Last Call é um excelente episódio para esquecer

3x16: RAM

Apesar da sugestão apresentada no nome, as memórias acessadas em nesse décimo sexto episódio estão longe de serem aleatórias. Há algum tempo a Máquina parece estar juntando um grupo de pessoas que serão uteis num futuro que só ela conhece, e dessa vez essa trama retornou se misturando de maneira eficiente com o passado dos protagonistas.

Com o avançar dos episódios, os criadores de Person Of Interest ficam cada vez melhores em criar uma mitologia para a série. Algo que fora apenas mencionado em outro momento da terceira temporada – Reese não é o primeiro ajudante de Finch – é desenvolvido agora como o principal elemento da trama. É interessante ver, mesmo que por apenas um episódio, Finch tendo que lidar com uma dinâmica completamente diferente ao trabalhar com outra pessoa.

Dillinger executa seu trabalho de uma forma oposta à de Reese. Jamais parecendo encarar com seriedade o que faz, ele discorda constantemente de Finch e lida com quem deve proteger ou com possíveis informantes sem qualquer sutileza. Esse novo relacionamento acaba revelando muito sobre o passado de Finch, mostrando-o mais tolerante com o comportamento do parceiro, mesmo que bastante desconfiado a ponto de jamais revelar para ele a origem dos números.

Diferente de Reese, que têm uma atitude “não gosto do que faço, mas infelizmente sou bom nisso” ou Shaw, que parece não se importar com nada, Dillinger se diverte enquanto trabalha, ele gosta do que faz, mas se vende para quem pagar mais, algo que já é sugerido nas menções ao passado dele como um mercenário. Dessa forma, em comparação, é possível ver Finch ainda mais como um manipulador, já que agora busca a ajuda de pessoas traumatizadas, que nada mais tem a perder, numa tentativa de evitar os problemas que teve no passado.

A vítima da semana, Casey, surge como mais um dos futuros aliados da Máquina. Pra que ela precisa desse grupo de pessoas? Qual a ameaça que só ela enxerga? A série levantou algumas possibilidades. Elas são: os chineses, Controle ou a outra máquina, Samaritan. A primeira a última opção podem acabar sendo a mesma coisa, já que o governo chinês talvez tenha criado sua própria versão da invenção de Finch depois de Greer conseguir uma cópia de Samaritan, levando a uma inevitável batalha entre essa duas consciências artificiais. Essa é a possibilidade que mais acredito, já que o Controle soa como um elemento mais externo, causando problemas para os protagonistas enquanto tenta ter acesso a uma das máquinas.


Foi um excelente episódio que erra apenas quando Reese decide poupar Casey. No passado, ele nunca pareceu ser o tipo de agente que deixaria alguém vivo indo contra as ordens apenas por acreditar na inocência do alvo. Mesmo que pareça ser uma sugestão da sua reticência em continuar naquele trabalho, parece forçado.

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