Girls 3x03/04: She Said OK/Dead Inside

14.2.14


Hannah e a deficiência emocional de sua geração.

Não é novidade que fazemos parte de toda uma geração danificada quando o quesito é falar sobre emoções. Quando você tem uma enxurrada de informações por dia, via mídias sociais, é realmente difícil colocar em perspectiva e considerar o que é relevante ou não, e o que deveria ser mais significativo. Aprendemos a lidar com banalidade sobre tudo, afinal, atualmente o importante é compartilhar informações, ter "updates", mas o que esses acontecimentos realmente significaram para nossas vidas,  não fazemos ideia, muito menos de como processá-los. Desde que estreou, Girls tem essa habilidade de jogar no ventilador para todo mundo cheirar os piores defeitos de uma geração que caminha a passos largos para um niilismo, e que não consegue mais distinguir a diferença entre uma festa e um velório, entre vida e morte.

"She Said OK" Nos levou ao aniversário de Hannah, e nos mostrou como era muito mais importante para a personagem ter um evento, tornar a data marcante socialmente, do que representar algum "alcance de meta pessoal". É engraçado como todos os atos da personagens são de facílima identificação, e sem julgamentos, é apenas um olhar no espelho da geração Y. Hannah também teve de lidar com a chegada da irmã de Adam, que ao que tudo indica, é extremamente visceral, assim como ele. E se colocarmos Hannah em perspectiva com os dois, há de se entender porque ela nunca compreende eles, ou porque estão brigando, pois eles são pessoas que exercitam os sentimentos, expõem os mesmos, já ela passa rasa por tudo isso, e quando se dá conta, seus corpo acaba expressando o que ela não consegue fazer verbalmente.


Dentre as outras meninas Marnie foi a que esteve mais em alta nesse terceiro episódio. Passando por mais um momento de ostracismo na sua vida, todo o show de exibição na festa de Hannah foi mais um grito desesperado por atenção. A série começa a mostrar mais intensivamente e mais ofensivamente a sua verdadeira imagem, assim como fez com Hannah na segunda temporada. E começamos então a entender finalmente toda a sua relação de carência quanto à Charlie, afinal de contas, ela dava atenção à ela o tempo todo. O roteiro vem nos provando desde o ano passado (e agora com mais veemência) que Marnie não é nem de longe aquela pessoa madura e sensata, mas pelo contrário, pode ser bem mimada na maioria da vezes. 

O alívio cômico ficou por conta de Ray, que vem ganhando grande espaço dentro da série, ironicamente, muito mais do que sua ex, que a essa altura parece ter tido o personagem atrofiado, e se limitar a apenas seus trejeitos fofos/irritantes que exibe todo o episódio. Mas voltando ao rapaz, vemos que apesar de finalmente estar conseguindo sua independência financeira, ele não se diferencia muito do resto dos personagens quando o quesito é satisfação pessoal, e em sua conversa com Shoshanna deixou isso bem claro. Já Jessa era apenas o retrato do bêbado chapado em dia de festa. Dei muitas risadas com as caras e bocas que a atriz fazia. Claro que não podemos deixar de comentar também a bizarra versão de "Take Me or Leave Me" De Hannah e Marnie, e Jessa rachando o bico com a pagação de mico da amiga. Épico!


Em "Dead Inside" o clima já era outro, mas parece que a única que não conseguiu diferenciar isso foi Hannah, que ficou perdida entre o que devo sentir ou o que não. O que priorizar? E na falta de uma perspectiva razoável de prioridades, claro que ela ia se colocar a frente, afinal ela é extremamente egoísta. Muitos podem achar extremamente caricato, eu discordo, acho que é realmente a essência de Hannah, e que não se diferencia muito da maioria da geração Y não, as pessoas muitas vezes tem vergonha de admitir que não conseguem sentir nada, e fingem. O grande trunfo de Hannah é ser honesta sobre o que sente (ou não), não se importando se irá pagar de escrota ou insensível. Rí muito com ela no final, repetindo a história de Margaret para Adam. Tipo wow! O quão fudido foi isso?! Muito hilário. As tomadas da cena no cemitério também ficaram bem legais. Girls vira e mexe está sempre nos presenteando com alguns desses momentos visuais.

Por outro lado, ao contrario de Hannah, Jessa tende a sentir tudo demais, transborda sentimentos. E exatamente por não saber como lidar com tudo isso que acaba sempre fugindo das situações de confronto, como foi o caso da falsa morte da sua amiga. E se o comportamento de Hannah é normal para alguns, Jessa por outro lado representa exatamente aquela parcela dos que se indignam com isso, e ficou chocada como a sua sua amiga pode ter inventado algo desse tipo. Independente se era para testar ou não a amizade das duas, a indignação de Jessa se concentra toda no fato de como alguém pode brincar com isso, ou banalizar tanto um acontecimento como esse. É exatamente dessa perspectiva, a qual alguns tem e outros não, que o episódio tratou, e que sem a mesma somos incapazes de distinguir e diferenciar a dimensão das coisas que acontecem à nossa volta. Ótimo episódio. Parece que a temporada está finalmente achando o seu caminho.

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