American Horror Story 3x13 (Season Finale): The Seven Wonders
1.2.14
Instituto Robichaux para Jovens Superdotadas. E-mail us: cordelia@robichauxacademy.com.
Para a alegria de muitos, Coven chegou ao fim. Quanto a mim,
continuo com a mesma opinião sobre ela. Apesar de achar o final fraco e um
tanto previsível, continuo achando que Coven foi uma sequência de bons
episódios (o que não que dizer que foi uma boa temporada). Se tomarmos os
episódios de forma independente, eles foram bem feitos, com cenas e diálogos
poderosos, e um jeito que explica a forma meio “cult” como a série se espalhou
e agradou o público (ou parte dele) esse ano. O problema aparece quando
tentamos juntar os episódios para formar uma temporada fechada, sólida. Aí a
coisa não funciona. Foi esse o erro de Titia Ryan. Não soube como amarrar todas
as pontas pelo excesso de personagens e plots. AHS caiu no mesmo problema de
Glee e ele parece não ter percebido.
Tanto não percebeu, que já prometeu uma próxima temporada
com a mesma pegada cômica. Isso me incomodou. Tudo bem experimentar coisas
novas uma vez, mas o nome da série é American HORROR Story. Mas vamos teorizar
sobre a quarta temporada depois. Vamos falar sobre Coven.
A Premiere foi sensacional. Isso ninguém pode negar. Os
episódios seguintes, no entanto, caem no que eu falei sobre a tomada como cenas
independentes. São maravilhosas. Mas a continuidade e principalmente o foco se
perderam um pouco. Muita coisa foi introduzida. Pouca coisa foi devidamente
trabalhada. Eu cortaria o número de personagens pela metade. O resto foi para
encher linguiça num número de episódios que não permite isso.
Sobre The Seven
Wonders, foi um encerramento bonito. Não foi bom, nem ruim. Foi fraco e
bonito. Diferente de Asylum (Sim, não me canso de citar essa obra-prima que
Asylum foi e não vou deixar de comparar; os haters, que não sei como existem,
que se explodam), Coven não conseguiu ter um final digno de se aplaudir de pé,
de se colocar Titia num altar pelo excelente trabalho. Talvez pela repetição.
Eu entendi que os links com as temporadas anteriores sempre estarão presentes,
mas não precisava ser tão obvio dessa vez. Não precisava ser tão Ctrl-C +
Ctrl-V. Lana Banana/Cordelia sofrendo, esnobada, durante a temporada toda para
ascender no final. Foi épico na primeira vez. Na segunda, nem tanto.
Não foi a coisa mais previsível, até porque ZzzZZzoe era
minha aposta, devido à genialidade (ao contrário) de Ryan Murphy com plots
desse tipo. Seria tipo colocar Unique como catfisher. Tate como o Rubber Man.
Mas também não foi de explodir cabeças. Devo confessar que meu amor por
Cordelia me fez gostar da revelação, apesar de Misty (que Papa Legba a tenha
<3) ainda ser a MINHA Suprema. E até fez sentido. Cordelia sempre foi
reprimida pela mãe e pela baixa autoestima, como Myrtle aponta. Isso não a
deixava ter noção de seus poderes. A construção de Cordelia durante a temporada
foi muito bem feita, indo de ofuscada a diva cega e precognitiva e, por fim, à
Supremacia. Sarah Paulson deu um show (para variar) e citar todos seus momentos
de brilhantismo levariam a review inteira.
Falemos então da reconciliação entre mãe e filha. Ninguém achava
que Fiona tivesse realmente morrido. Era inaceitável, apesar de que isso sim
seria imprevisível. Mas Fiona era a Suprema. Ela não morreria tão facilmente.
Ela morreria de forma sublime e aquele não era esse momento. Por isso ela
engana o Axeman, causando a morte dele, e se faz de morta para as bruxas
abaixarem a guarda, dois pássaros numa só pedrada. Eu tinha dito sobre Fiona
não merecer redenção, mas é claro que eu estava errado. Ela é Jessica Lange.
Obviamente ela teria uma cena de perdão impactante. E aí nem o texto nem as
atrizes brincaram em serviço. Jessica e Sarah são, juntas com Jessica e Lily, a
melhor química da série. Não Taissa e Evan, ao contrário do que as fingirls
aflicetadas pensam.
Fiona pode não ter merecido, mas Jessica merecia um último
momento para estrelar. Merecia aparecer careca, decrépita, mostrando
versatilidade, que não arrasa na atuação apenas nos momentos gloriosos, mas
também (e principalmente) nos decadentes. Não foi melhor que o definhamento de
Sister Jude, mas foi quase tão bonito quanto. Não por ela, porque ela era uma
mulher horrível, mas pela relação com Cordelia, tão quebrada ao longo do tempo,
tão prejudicada pelos atos da mãe. As duas precisavam daquele encerramento.
Mas Fiona não teve nenhum final feliz. Seria impossível.
Principalmente quando o inferno é tão bem trabalhado na série. Para uma mulher
como Fiona, uma roça com fedor de peixe e xixi de gato é um destino aterrador.
Com o Axeman lá fazendo piadas sobre pênis fica ainda pior. Essa talvez tenha sido
a melhor ideia dos roteiristas nessa temporada, depois da vagina assassina,
claro. A ideia de um inferno particular para cada pessoa é assustadora e
agoniante (quanto aos personagens, pelo menos o inferno de alguns deles).
Cada um tem o que merece. Todos, menos Misty. Ela não
merecia morrer daquela forma, presa no inferno, incapaz de sair. Ouvi pessoas
dizerem que aquilo não é inferno que se preze e blá blá blá. Essas pessoas
talvez não tenham captado que aquele era um momento da infância de Misty, que
ainda é “pura”, apesar de qualquer coisa, mesmo adulta e que dissecar animais
não é uma coisa bacana de se fazer, ainda mais para uma criança. Lembrem-se
ainda deque ela matou dois caçadores por matarem um crocodilo. Por isso, achei
o inferno dela válido e Lily Rabe não deixou a desejar. Foi triste ver minha
personagem preferida morrer, mas se esse é o jeito de Titia tocar meu coração
nessa temporada, eu aceito. Mas aceito achando que Lily merecia um destaque bem
maior na temporada, depois da divindade que ela foi interpretando Mary Capeta.
E Misty tinha potencial para uma personagem muito maior, tinha muito a ser
explorado. R.I.P no inferno da subvalorização, Misty Day.
O inferno de Madison foi de uma cretinice gigante. A-MEI a
autotrollagem de Titia ao fazê-la pagar sua pena no cast coadjuvante de Glee.
Podem achar ridículo, mas as piadas de Ryan consigo mesmo são de aplaudir. Se
querem reclamar de algo, reclamem do inferno de ZzzzZZoe. PUTA QUE PARIU! Zoe,
além de se matar aparatando, ficando estupidamente espetada no portão, consegue
ser idiota até no inferno. Sem contar que isso vai contra o feminismo que Titia
tanto queria pregar novamente. Quando seu inferno consiste num cara dizendo que
não te ama, isso é a mesma coisa que dizer que sua vida depende de um cara, que
não pode ser feliz por si só. Cadê o feminismo nisso? Cadê o levantamento da
autoestima? Feio, muito feio, Ryan Murphy, sua vadia. Mas aposto que as
fingirls amaram e vão me matar na primeira oportunidade.
O link com a Finale de Asylum é ainda mais evidente naquela
entrevista de Cordelia. Se Lana queria sucesso, Cordelia quer se lançar como
Dumbledore, abrindo a escola para outras bruxas, pregando a aceitação, uma
metáfora clara aos homossexuais (principalmente com referência a Liza Minelli
logo embaixo). Titia foi sutil nessa questão.
Sobre os outros personagens: O discurso de Myrtle sobre
justiça poderia até ser válido, se não fosse por TODO MUNDO ali merecer queimar
na fogueira também, porque todo mundo fez merda, mas até que sua saída foi
bonita, efeitos e música muito bacanas. Um final digno para Frances Conroy, que
também estava magnífica nessa temporada.
Madison, depois de tanto ser vadia, é morta por Kyle e
vira bonequinha de Spalding pela eternidade. Delícia de destino (melhor que
Glee!). Sobre a facilidade com que ele a mata, as pessoas não pescaram a ideia
de que os poderes se manifestam temporariamente em tempos de crise, como
Cordelia diz. Essa com certeza foi uma desculpa arranjada dez minutos atrás
para convir com os desejo dos roteiristas, mas ok. Além disso, Madison estava
naquele momento #humilhada #flopada #EmmaRoberts. E totalmente natural ela
ficar desconcentrada com Evan Peters e cima dela. Quem não ficaria?
Kyle, nosso Frankteen, vira o novo Spalding [the help]. Matar
Madison foi sua única função na temporada além de mostrar a bunda. É uma pena
que o talento de Evan tenha sido tão subutilizado numa trama tão chata e num
personagem que ficava urrando o tempo inteiro.
Bem ou mal, Coven encerra seu ano e deixa nossa ansiedade
e curiosidade sobre o que diabos Titia planeja para a próxima temporada.
Teorias já existem várias, inclusive uma que une campos e concentração e
“Balenciaga!”, a última palavra de Myrtle. Não vou me ater a teorias até porque
nem é esse o propósito da review.
Posso ter deixado meu amor por AHS ofuscar minha
interpretação muitas vezes, mas creio que fui imparcial. Em nenhum momento falei
que Coven foi impecável e apontei alguns dos defeitos. Mais uma vez cito
Asylum, porque ela é o melhor exemplo, dentre várias séries, de como tocar o
público, como fazê-lo sentir. Lá, você é colocado no lugar de Lana Banana, você
se sente jogado dentro do Briarcliff, sente todo o sofrimento dela e dos outros
pacientes, sente repulsa como se fosse você preso lá, a desolação... Assim como
em Murder House, em que você sente a dor dos personagens presos naquela casa, que
suga suas energias ao longo de vários anos (Moira era o melhor exemplo disso).
Coven não teve nada disso. Espero que o Brad Falchuk volte com mais poder esse
ano para domar as ideias insanas de Ryan Murphy (não a insanidade boa de Titia,
porque dessa eu sinto falta, mas a insanidade com que ele acaba se dispersando
às vezes) e que a quarta temporada traga de volta as sensações e o impacto que
American Horror Story causava antes.
Até outubro, pessoal!
1 comentários
"Zoe, além de se matar aparatando" risos eternos. Continuo indignado com a morte da Madison, mesmo que seus outros poderes tenham ido embora junto com os tempos de crise, ela ainda era fucking telecinética!
ResponderExcluirComenta, gente, é nosso sarálio!