American Horror Story 3x12: Go to Hell
25.1.14
Isso seria Ryan Murphy se desculpando?
Não podemos negar que, pelo menos, ele tentou se redimir. Talvez tenha conseguido, para alguns e para uma pequena parte de mim. Não que, no meu caso, seja difícil perdoar porque, como já disse aqui, não acho Coven ruim, pelo contrário. Antes que eu seja massacrado por causa dessa afirmação, vou adiantar que meu argumento em defesa dela estará na próxima review, na qual tentarei fazer um balanço geral da temporada.
Uma coisa que ofuscou a interpretação de muita gente foi
a expectativa. Muitos esperavam uma guerra de bruxas brancas X voodoo. Quando
não era isso, era uma espécia de nova Inquisição, como eu mesmo havia me
enganado semana passada ao cantar essa pedra. Não digo que a culpa é totalmente
dessas pessoas, porque Titia Ryan também soube enganar muito bem, da mesma
forma como havia feito com Asylum.
Assim como os alienígenas, o demônio entre outros plots avulsos na
temporada passada, Laveau e LaLaurie (bem como Hank, etc.) foram uma questão secundária e, como tal, não
eram assunto para a Finale. Ano passado, tudo se baseava em Lana e sua dicotomia, permutando entre o bem e o mal, a verdade e a mentira, a ambição e a renúncia; agora, é o próprio Coven, com seus problemas internos, como Fiona. Então a história de Laveau e LaLaurie acaba aqui. Ambas eram
mulheres terríveis, ambas pecaram e acabaram tendo seus caminhos cruzados. Esse
cruzamento começou a declarar, mesmo que só fosse concluir trezentos anos
depois, a sentença das duas. LaLaurie começou a pagar pelos seus pecados ainda
no século XIX, sendo obrigada a ver sua família morrer por ordem de Papa Legba
aka Capeta e conviver por anos com isso. Mas Laveau também é pecadora e não é ninguém pra julgar e sentenciar
LaLaurie, ainda mais que sua alma também já pertencia ao Papa Legba. Portanto, aquele
seria o inferno de cada uma.
Isso nos deixa com uma única resolução para a Finale: o
maldito mistério de quem é a nova Suprema e como Fiona lidaria com a perda do
trono. Isso esteve lá o tempo todo, mas nós ainda esperávamos algo além. O
lance das sete maravilhas, que eu achei que seria resolvido nesse episódio,
acabou sendo adiado para a Finale. Mas foi bacana a explicação de cada uma no
começo, naquele prólogo que faz alusão a filmes trash antigos de um jeito divertido.
Com todas como possíveis Supremas, a tensão entre elas
aumenta. Zoe volta com Kyle, mostrando que a fuga deles não serviu pra nada.
Queenie faz uma visitinha ao inferno (numa cena que eu comecei achando inútil,
mas acabou se tornando importante para o desfecho de Laveau e LaLaurie). Misty também
está de volta, claro, com a maior maestria e delicadeza (?), dando uma surra
deliciosa em Madison, mostrando que não se brinca com uma hippie necromante do
pântano que se inspira em Stevie Nicks. Quase saí gritando e aplaudindo. A nova
Suprema tem que ser alguém incrivelmente surpreendente para eu aceitar que seja
alguém além dela. Isso já descarta Zoe, Madison e Queenie (e coloco Nan, só
para não parecer que eu a esqueci <3). Nesse ponto, a mais surpreendente só
poderia ser Myrtle.
Se, como o começo sugeriu, Cordelia não recuperasse a
segunda visão mesmo após furar os próprios olhos, eu seria obrigado a rir e amar
a sambada. Mas como a mamãe diz, o poder era mérito de Cordelia e não poderia
ser tirado dela. Irônico é que essas palavras tenham vindo na hora mais conveniente
para Cordelia. Isso foi maravilhoso. A visão de como Fiona pretendia matar todo
mundo, a dissimulação de Cordelia para não alertar a mãe, que se fazia de
arrependida… A relação das duas é de uma complexidade sentimental imensa e eu
ainda gostaria de ver algo extraído disso.
Por falar em Fiona, me sinto culpado por demorar tanto
para me lembrar dela. Mas a verdade é que não dei muita importância para a
morte dele porque eu não acredito totalmente que ela tenha morrido. Não ainda.
Talvez seja impressão boba e ela esteja realmente morta, porque é isso que
Titia faz. Mas sempre há a possibilidade do contrário. Ainda considero Fiona
crucial para a Finale e, a menos que algo muito bom esteja vindo, mesmo sem
ela, eu não vou me conformar com a morte dela.
Por outro lado, deixando de lado a grandeza que Jessica
Lange representa, se esse foi mesmo o fim de Fiona, ele foi rápido e merecido,
sem focar de fato nele. Essa obviamente não é uma temporada sobre redenção. Não
foi para LaLaurie, não foi para Laveau. Não pode ser para Fiona também. Fiona não
é Sister Jude, porque Jude, apesar de tudo, agia em nome de sua crença e para
ela estava certa. Já Fiona agia por si própria, em prol de sua vaidade, da tão
sonhada imortalidade. Por isso, definhar e ceder à doença não era uma opção
para ela.
Como vingança (mas em parte agradecidas pelo favor que ele
fez ao Coven) as bruxas se unem para matar o Axeman. E essa cena resumiu a
intenção de Titia como pegada social para essa temporada: a questão do
feminismo, com a qual ele não soube ou se esqueceu de trabalhar, mesmo depois
de ter prometido. Mas o problema não eram as mulheres. Elas foram, muitas vezes,
bem utilizadas. O problema era que não havia personagens masculinos bons para
causar um efeito legal (Kyle? Axeman? Spalding? Dentre os três, nenhum, com exceção
talvez do terceiro e mesmo assim muito pouco e de um jeito bizarro, tinha uma função, uma identidade maior na série. Hank também poderia ter sido uma boa opção, mas não trabalharam da melhor forma possível com ele), daí não teve nenhuma base para tecer os problemas feministas.
Homens idiotas não fazem as mulheres parecerem mais legais. Pelo contrário,
homens de personalidade é que podem incentivá-las a querer ser mais fortes.
Semana que vem, é tudo ou nada. Só depois dela poderei
concluir se Coven foi uma sequência de bons episódios avulsos ou se foi uma boa
temporada. Por mais impossível que
pareça, dado o limite de um único episódio, eu prefiro acreditar que ainda há
uma pequena esperança de amarrar todas as pontas e encerrar bem.
P.S.: Fiona quis mesmo dizer, no começo do episódio, que
só uma poderia sobreviver ao teste das sete maravilhas ou foi impressão minha?
P.S.: Discurso sobre arrependimento de LaLaurie antes de
morrer veio como referência a uma boa questão
política e social. Titia querendo ser PNC.
P.S.: Cordelia possivelmente reinou mais que todas
(exceto por Misty acabando com Madison) nesse episódio. A cena dela se
abaixando, divina, para reconhecer o sangue da mãe é uma das provas disso. E vou sentir falta de seu desfile pela casa com diferentes olhos a cada dia.
P.S.:
1 comentários
Fiona sensual e, por que não dizer, sensual?
ResponderExcluirSim, provavelmente só uma sobrevive, mas aí ela traz as outras porque ninguém morre nessa série.
Comenta, gente, é nosso sarálio!