Grey’s Anatomy 10x12: Get Up, Stand Up
15.12.13
Tudo aquilo que Grey’s Anatomy faz de melhor. Tudo aquilo
que Shondanás estava devendo. Hora de pagar com juros e correção monetária.
Durante 10 episódios, eu e uma grande parte dos fãs de Grey’s
Anatomy odiamos a série, a produtora e todo o mal que ela e seu time de
roteiristas fez com os nossos personagens favoritos. Um período em que
finalmente nos demos conta de que está na hora da série pensar em seu desfecho
e em como quer se despedir de seu público e ser lembrada no futuro. O passado
recente nos deixa claro que esticar algo bom pode prejudicar e muito o legado
da série e Dexter é a maior prova disto. Pouco se fala em relação às ótimas
primeiras temporadas do drama do Showtime, visto que o que ficou na memória do
grande público foi o arrastado e desastroso final, que já se anunciava depois
de algumas temporadas ruins. Realmente está na hora de Shonda e todos os
envolvidos na produção decidirem quando a série deve acabar e como é a melhor
maneira de encerrar, porém precisamos entender que cada série de TV tem o seu
ciclo e o seu período de declínio. Por mais que Grey’s Anatomy tenha entregado
uma primeira metade de temporada bem abaixo do esperado, ela ainda é capaz de
criar grandes momentos e episódios que conseguem envolver o telespectador. Isto
indica que ainda existe esperança para vermos um final digno e que realmente
leve cada personagem a um desfecho coerente. Mas até quando será esta a impressão?
A questão que deve determinar o destino de tudo é “Quantos episódios ruins a
gente vai ter que aguentar até ver algo bom e que realmente faz jus à série?” Só
o tempo dirá.
“Get Up, Stand Up” é mais um daqueles episódios eventos que são
a especialidade de Shondanás. Mais uma oportunidade para ela causar, colocar a
vida das pessoas em perigo e machucar o coração dos apaixonados. Mais uma
oportunidade para ela provar aquilo que já está mais do que provado, esta
mulher dos diabos tem talento para criar um climax. O momento finalmente chegou
e tudo aquilo que não vinha agradando acabou ganhando um certo upgrade. Com uma
boa dose de emoção e de urgência, a série conseguiu repetir o sucesso do
passado. O problema para mim é que ela realmente repetiu aquilo com que ela já
obteve êxito e já não parece capaz de criar algo novo, que nos surpreenda e nos
empolgue. As vacas magras na criatividade de Shonda não foram um problema deste
episódio em específico, que foi bom e facilmente o melhor da temporada, mas ela
reforça a ideia de que já não existem caminhos ainda não percorridos pelos
médicos do Grey Sloane Mamorial. Se pensarmos bem, o último episódio de 2012 também foi num casamento e teve uma interrupção inesperada como cliffhanger. O episódio foi realmente muito bom, mas não
significa que a série voltou para os trilhos e é importante termos isto em
nossas cabeças para manter o pé no chão e não criar falsas expectativas por enquanto.
A infinita rusga na amizade de Meredith e Cristina
finalmente ganhou um sentido e fiquei satisfeito ao entender que o problema de
cada uma delas não era com a amiga, mas com elas mesmas e tudo aquilo que elas
abdicaram em suas vidas. As escolhas feitas pela dupla ainda atormentam cada
uma delas, que não se arrependem de suas ações, mas compreendem que nada mais é
como era antes. Cristina sempre quis ser uma grande cirurgiã e foi corajosa ao
abdicar de uma família e de sua relação com Owen pela profissão, mas o que vem
atormentando a sua vida é que ela não imaginava ter que lidar com esta situação
sem o apoio de Meredith, que acabou se tornando um reflexo de tudo o que
Cristina não é. Por falar na Dra. Grey, ela, por sua vez, escolheu seguir em
frente e construiu sua família, porém, por mais que ela se desdobre em mil
acaba frustrada ao perceber que não tem tempo o suficiente para ser tão
brilhante como a amiga. Todo o conflito é interessante, principalmente por
desmistificar a amizade inabalável das duas e trazer um pouco de realidade à
trama. É normal a gente comparar as nossas vidas com a de nossos amigos e
invejar algumas das escolhas que não fizemos, desde que seja dentro de uma
normalidade e que não afete a amizade. Por mais que muita gente acredite que
Shondanás quer que todo mundo odeie a Yang para ela sair da série sem fazer
muita falta, na minha visão ela vai pelo caminho inverso e a amizade de
Meredith e Cristina sairá fortalecida depois de tudo. Não sei como será a
despedida de Yang, mas não consigo imaginar ela indo embora da série sem manter
uma forte e leal amizade com Meredith e acho que Shondanás não tem culhões para
matar a personagem. Assim como negros, a showrunner mais polêmica do mundo
também nunca matou um asiático e sigo acreditando que ela não fará isso com a
gente.
Durante grande parte do episódio, o casamento de April
serviu de alívio cômico e o quadrilátero amoroso (April, Mathew, Avery e
Stephanie) ficou em segundo plano. Por mais que a personagem tenha evoluído e
amadurecido, April ainda é capaz de causar divertidos momentos de histeria e
vergonha alheia. A cena dela conversando com Mathew atrás da parede foi muito
boa e muito engraçada, já que ela acabou falando sozinha. Outro bom momento foi
ver a personagem dando um basta no chororô de Arizona e na briga de Cristina e
Meredith e pedindo para ser paparicada neste dia tão especial. Por mais que
seja um gancho fácil para os episódios do ano que vem, que devem demorar a vir
já que a emissora resolveu dividir a temporada em duas partes sem muitas
interrupções, acabou funcionando e me deixando curioso pelo desfecho. Para mim,
April realmente ama Mathew e está decidida a casar, então ficarei bem surpreso
caso ela tome alguma decisão diferente de jogar um balde de água fria em Avery
e seguir com o casamento. Como o drama do quadrilátero amoroso não tomou conta
da personagem nas vésperas do casamento, acredito que se a série quiser seguir
o caminho mais coerente este seria Avery arrasado e April concretizando o seu
matrimônio. Tudo isso pode ainda ser bem proveitoso para Jackson, visto que o
personagem vinha em ponto morto e o seu relacionamento com Stephanie não caiu
nas graças do público.
Outra trama boring que finalmente chegou em seu ápice foi a
do pai de Alex. Sempre gostei muito do Dr. Karev e sempre supliquei por uma
história mais bem elaborada para ele, mas toda a trama do pai drogado que
sempre só ferrou com a família acabou sendo cansativa e depressiva. Não vejo um
encerramento diferente da morte de Jimmy e acho que ela pode ser boa,
principalmente para Izzie, também conhecida como Jo, que acabou negligenciada
na trama e serviu apenas como personagem auxiliar para o drama de seu namorado.
Os avanços na pesquisa de Derek e Callie prometem conturbar
seus casamentos. Shondanás está obcecada por presidentes e, uma vez que a trama
presidencial funcionou em Scandal, ela resolveu inserir o Presidente dos
Estados Unidos em Greys também. Tudo leva a crer que o presidente pedirá a
Derek para que ele trabalhe num projeto, que o distanciaria de seu acordo com Meredith.
A não ser que o presidente precise de uma cirurgia e quer o Dr. Shepeard a
realize, mas acredito que a primeira opção é a grande favorita, justamente
porque promete criar um conflito para o casal. Enquanto isso, Arizona se deu
conta de que Callie acha que pode consertá-la e que a esposa não a vê mais como
antes do acidente de avião. Para falar a verdade, por mais que eu goste de
Callie, estou cagando para isso e ainda mais para Leah, que quer lutar pelo
amor de Arizona. A verdade é que mesmo com uma perna a menos, as tramas
lésbicas de Grey’s Anatomy continuam um pé no saco.
O que já estava me incomodando ficou ainda pior, a atitude,
ou falta dela, dos atendentes em relação aos internos, que pensam que têm o Rei
na barriga e não respeitam ninguém, passou dos limites e acaba gerando uma
grande incoerência com o início da série. A gota d’água foi ver Bailey
submetendo um paciente a uma cirurgia, que antes iria ser evitada, apenas para
atender ao ataque de pelanca de Leah. Para piorar, Shane resolveu que é o Todo Poderoso
e pode simplesmente ordenar que faria
uma cirurgia sozinho. Não sei se todos lembram, mas quando Meredith, Cristina e
Karev eram internos eles demoraram para ter o direito de competir por uma
cirurgia solo e nunca tiveram poder para resolver que iriam fazê-lo assim do
nada. Até gostava um pouco de Shane na temporada passada, mas acho que será
muito difícil para o personagem cair no gosto do público depois de tanta
antipatia que ele exala no momento.
Esperamos que Shondanás se divirta no Natal e no Ano Novo
para fazer um trabalho do nível que os fãs merecem em 2014. Por enquanto, a
gente se dá por satisfeito ao ver 2 ou 3 episódios bons num conjunto de 12, mas
não sabemos até quando isso irá acontecer. Agora é esperar. Algo positivo já
ocorreu e me considero ansioso para, pelo menos, descobrir o que April fará,
mas o que mais queremos é o retorno do gosto de acompanhar a série.
Até ano que vem.
0 comentários
Comenta, gente, é nosso sarálio!