Person of Interest 3x10: The Devil's Share
28.11.13A morte de uma pessoa pode ter várias consequências e provocar diferentes reações naqueles que sofrem a perda. The Devil's Share é inteiramente dedicado a explorar os desdobramentos mais imediatos da morte da detive Carter, sejam elas a violência incontrolável e a busca pela vingança ou a maneira como aqueles que a conheciam lidam com o seu assassinato.
Esse
décimo episódio tem uma ambição que não pude antecipar:
desenvolver seus personagens a partir de uma tragédia. Ao invés de
optar apenas pelo básico, se limitando apenas a seguir o caminho de
mortes e destruição deixados por Reese enquanto ele procura por
Simmons, a trama foi concebida para dar muito mais significado
aquelas ações.
É
óbvio que há um forte componente visceral nas atitudes dos
personagens, principalmente nas de Reese e Shaw, mas ao unir isso aos
flashbacks que
mostram momentos no passado onde os dois e também Finch e Fusco se
viram diante da morte de formas diferentes realça como a presença
de Carter na vida dos quatro o modificou.
Fusco
abandonou o HR e agora se recusa a matar Simmons, atitude que ele
jamais tomaria no passado. Para Reese, a morte era apenas mais um
trabalho que ele fazia sem preocupação ou
sentimentos, mas agora tenta matar Quinn exatamente por que não
consegue controlar o que sente.
Shaw, como médica, se esforça para salvar a vida dos pacientes mas
os vê apenas como máquinas defeituosas, quebra-cabeças a serem
solucionados. A
frieza e o distanciamento que ela exibia diante dos parentes de um
paciente morto dão lugar a reações emocionais genuínas que antes
ela era incapaz de compreender. Finch, antes impotente diante da
perda de um amigo, agora se mostra seguro o suficiente para tomar as
decisões necessárias, protegendo Reese dele mesmo.
Essa
decisão de, em meio a uma realidade sombria logo após um evento
impactante, voltar ao passado para estabelecer de certa maneira as
origens distantes daqueles personagens da muito mais significado
aquelas cenas. Ver o que eram e o que se tornaram da mais
peso
a cada decisão. Todo o elenco consegue criar diferenças pequenas
entre suas versões passadas e atuais, tornando-os identificáveis.
A
escolha dos flashbacks possuírem todos a mesma estética, com um interlocutor oculto nas sombras, cujo o
rosto jamais é revelado, e os ângulos
de câmera
que encaram os personagens principais de perto e de frente, com a luz
sobre eles, é excelente, colocando o espectador na posição de
observador próximo daqueles personagens. Nós somos as figuras nas
sombras, analisando de perto quem aquelas pessoas eram e como mudaram.
No
fim, quando nenhum dos personagens esperados é o responsável
pela morte de Simmons, cabe a alguém que se revela saindo da
escuridão, o lugar onde o espectador foi colocado em vários
momentos do episódio, executar ação catártica que era o desejo de
muitos. Quando Elias é o responsável pela morte do assassino de
Carter, ele é o agente do desejo do telespectador. Claro, toda a
mise-en-scène
pode
estar ali apenas para criar a surpresa da
aparição de Elias,
e a minha interpretação é apenas isso e nada do que vi nesse
momento derradeiro foi intencional. Ainda
sim, num episódio que fugiu do óbvio para criar uma pequena trama
com vários detalhes em meio a ótimas sequencias de ação,
proposital ou não, qualquer
significado possível vale a pena ser mencionado e considerado
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