Sons Of Anarchy 6x01-05: A primeira parte da temporada
15.10.13
Charming tem dramas
próprios e pesados. Pra quem faz parte de SAMCRO os dramas são
ainda piores.
O início da temporada
de Sons of Anarchy foi tão intenso que não há um trecho sequer de
cinco minutos que pudesse ser retirado de qualquer um dos cinco
primeiros episódios. A violência está mais presente do que nunca e
os dramas afogam os personagens, motoqueiros ou não.
Confesso que cheguei a
pensar que Gemma perderia um pouco da sua majestade com a prisão de
Clay. Fui ingênuo. Em Charming as relações de poder tem uma
dinâmica um pouco diferente do mundo normal, mais intensa. Gemma
continua comandando o mundo – o seu mundo, pelo menos – com as
suas armas. Rainha, Mama, consegue manter os netos por perto,
Nero por perto e ainda acha que pode tramar com Clay sobre as
negociações do clube, mesmo que seja em uma visita íntima um pouco
mais movimentada do que gostaria.
O clube, por sinal,
está também com relações e atritos do jeito que a gente gosta, ou
não. Uma das melhores cenas desse início de temporada foi a que
Chibbs espanca Juice com Gemma assistindo silenciosamente através do
vidro, sem saber o porquê mas com a certeza de que não deveria
intervir. O próprio Chibbs tem uma ligação com Jax de amor
fraternal tão grande que não cabe dentro dos dois. Pequenas
discordâncias tem ocorrido em praticamente todos os episódios entre o presidente e o vice-presidente do clube. Deixemos pra falar de Jax mais tarde, continuemos sobre o
clube. Bobby parece ter abandonado de vez SAMCRO e está destinado a
tornar-se um Nomad. Posso fazer uma aposta? Essa história de Nomad
ainda vai render muito até o fim da temporada. Podem anotar aí e me
cobrar daqui a algumas semanas.
Jax, por sua vez,
comanda o clube com mão de ferro. A lealdade de todos, Chibbs, Tig,
Juice, assusta a quem chega de repente em Charming, ou melhor, em
SOA. O código do clube de lealdade, de fazer 'tudo pelo clube', de
considerar o clube como uma família e aos parceiros como irmãos não
pode ser completamente compreendida por nós. São laços tão fortes
que não fazem sentido para os espectadores, mas que precisamos aceitar para
seguirmos acompanhando a história. O melhor exemplo disso é Otto –
interpretado pelo próprio Kurt Sutter – que de dentro da prisão
fez tudo pelos Sons, o que podia e o que não podia, como se fosse
ganhar algo com isso. Por sinal, costumo dizer que personagens de
histórias não-maniqueístas, como SOA, geralmente agem de acordo
com os seus interesses. Essa consideração não vale para os Sons.
Quase todas as suas atitudes tem o bem do clube em primeiro lugar
desde o início da série. Prisões, assassinatos, traições,
negociações, tudo pelo bem do clube.
A charmosa esposa de
Jax – e põe charmosa nisso – não compreende esse tal código e
por isso sempre se deu mal. Recentemente Tara tem arquitetado o
futuro dos seus filhos com Wendy e não com Gemma, já que nunca
considerou Charming um bom lugar para seus filhos. É
claro que isso ainda vai render muita coisa até o fim da temporada.
Qualquer um que mexe com Gemma nunca sai completamente impune.
Clay na prisão tem
dado um show, mesmo contracenando com personagens insignificantes. As
feições de Ron Perlman são pesadas, quase como uma máscara, dando a merecida carga dramática a Clay.
Outros personagens não andam tendo a devida atenção, já que a
história está com tramas ocupando muito espaço. Tig parece ter se
salvado graças à lealdade contraditória de Jax. Juice é outro
desperdício de personagem, que parece ter uma história
interessante, com o fato de ser (etnicamente) negro, e que tem sido deixado de lado.
O dilema do clube
quanto aos negócios é simples: Jax quer sair do ramo das armas e
tentar ficar bem com todos ao mesmo tempo. Os outros Sons querem
seguir Jax nas suas decisões, pois isso faz parte do código do
clube. Seguir o presidente nas decisões pequenas e decidir os rumos
nas questões maiores sob a votação na mesa. É isso que faz SAMCRO. Os irlandeses não
querem que o negócio de armas pare e não querem negociar com os
negros. Clay, por sua vez, quer manter as relações comerciais
históricas com os irlandeses, como se sua voz tivesse alguma
relevância de dentro da cadeia. Provavelmente esse será o plot
principal da temporada até o fim. A vida de Jax é, desde o início
da série, resumida na sua vontade de sair das armas. O presidente do
clube sempre esteve empenhado nessa empreitada e nem é preciso
comentar que ele sempre saiu derrotado.
A sexta temporada de
SOA está, tecnicamente falando, melhor que todas as outras. Todos os
episódios foram escritos pelo criador da série, Kurt Sutter, com a
ajuda dos seus roteiristas auxiliares. Os diretores, como sempre,
variam, mas dois pontos merecem destaque: a fotografia, assinada por
Paul Maibaum desde o início da série, e a edição dos episódios,
assinada por Doc Crotzer nessa sexta temporada. É praticamente uma
marca registrada de SOA o fim de alguns episódios, os mais
dramáticos, com vários núcleos sendo retratados em diferentes
planos curtos e com trilha sonora adequada. Assim foram os finais do
primeiro, terceiro e quarto capítulos dessa temporada. A única
ressalva negativa que tenho a fazer sobre esse início de temporada é
sobre a quantidade de violência, sobretudo de assassinatos. A série
nunca teve a infantilidade de matar personagens, mesmo que
irrelevantes, por poucos motivos, ou seja, as mortes sempre foram
significativas e tinham o seu peso. Nessa temporada, no entanto, me
parece que houve uma vulgarização maior das mortes e a prova disso
é que em todos os episódios personagens tem morrido. Mas não creio
que continue assim, até porque não tem tantos personagens assim pra
matar.
Só nos resta esperar
pra ver o que vai acontecer em Charming nos próximos episódios. A
partir dessa semana teremos reviews semanais de Sons Of Anarchy até
o fim da temporada. Até o próximo episódio de Sons Of Anarchy!
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