Game of Thrones 5x05: Kissed By Fire
1.5.13
Voltando do mundo dos mortos.
A segunda temporada e o comecinho da terceira me fizeram
duvidar da adaptação da obra de George R. R. Martin, principalmente pelo
excesso de personagens e de tramas e a falta de um fio condutor entre tudo.
Depois dos últimos dois episódios, acredito que a série voltou do mundo dos
mortos, conseguindo nos fazer ficar empolgados e esperar ansiosamente pelo o
que vem a seguir, o que não acontecia, pelo menos comigo, desde a finale da
primeira temporada. O terceiro livro de As Crônicas de Gelo e Fogo e disparado
o meu favorito entre os cinco já lançados e tem as melhores tramas de praticamente
todos os personagens. Dessa forma, a série vem conseguindo superar os seus
problemas e deixando as suas boas histórias frescas na cabeça do telespectador.
Toda a participação de Arya foi muito boa dentro do
episódio. Algumas pessoas têm a impressão de que a menina vem sendo apenas uma
espectadora, somente assistindo aos acontecimentos a sua volta sem contribuir
muito. Isto pode até ser verdade, mas, na minha visão, é completamente natural,
uma vez que ela é uma criança e não caberia um comportamento diferente a alguém
tão novo. Acredito que as coisas funcionam bem porque tudo que está ao redor
dela contribui e muito para crescimento da personagem e porque Maisie Williams
dá um verdadeiro show e faz com que Arya tenha um carisma imenso. Fico
impressionado com a entrega desta pequena atriz, que vem mostrando uma grande
maturidade e consegue chegar ao nível exato de emoção que algumas cenas precisam.
Adorei toda a conversa com Thoros e como o roteiro me fez lembrar de como a
morte do pai ainda afeta Arya. A cena da luta entre o Cão de Caça e Dom Beric
também foi muito legal e conseguiu ser a melhor batalha de espada que a série
já fez até aqui. Tenho que bater palmas também para os roteiristas que vem
fazendo um ótimo trabalho no sentido de inserir elementos fantástico de forma
tão natural e sem deixar aquele sentimento de que a trama pode se perder no
meio da fantasia. As habilidade de ressurreição de Thoros deixam o personagem ainda mais cool e eu ainda mais confuso a respeito da religião do Deus do Fogo.
Se Maisie Williams vem mostrando todo o seu talento, não
posso dizer o mesmo de Kit Harington, que não está conseguindo passar muita
coisa ao telespectador através de sua atuação. Por ser uma adaptação de uma
obra literária, os atores têm a difícil missão de passar as motivações e
sentimentos apenas pela expressão facial em alguns momentos, uma vez que muita
coisa que o narrador onisciente explica não pode ser traduzido em palavras. Jon
está conhecendo um novo mundo que o assusta mas, de certa forma, também o
encanta, mas Kit vem fazendo o personagem parecer fraco e monótono. Não sei
como os selvagens estão acreditando que o cara traiu a Patrulha da Noite, já
que Jon vem fazendo um péssimo trabalho ao tentar mascarar suas verdadeiras
intenções. Desde a segunda temporada, eu acreditava que o personagem iria
crescer muito através de sua interação com Ygritte, que está incrível na série,
mas isto não vem acontecendo e a trama Para Lá da Muralha continua sendo uma
das mais chatas de se acompanhar.
As cenas de Robb, que muitas vezes são tão chatas quanto as
de Jon, foram bem legais e mostraram a dificuldade que o Rei do Norte, ou o Rei
Que Perdeu, vem tendo para se manter na guerra. Todo o jogo político por traz
das batalhas é o que realmente traz sucesso, porém, neste aspecto, ele está
longe de chegar aos pés de seu inimigo. Enquanto, Twin Lannister consegue
costurar novas alianças através de casamentos e cartas, Robb só perde aliados e
vem sendo dizimado mesmo sem perder uma única batalha. Gostei muito do dilema
que o personagem viveu entre manter o respeito como rei ou perder importantes
aliados na guerra e dou todo o mérito para a construção da história. Foi como
se o velho e falecido Ned Stark estivesse ali para lembrar Robb da difícil
tarefa de executar traidores e desertores. A cena conseguiu dialogar muito bem
com as cenas do primeiro episódio da série e mostrar a evolução do personagem
que o fez pensar em driblar tudo e tirar do inimigo aquilo que lhe foi tirado,
a sua casa. O ataque a Casterly Rock me parece muito promissor e deve trazer a
tona a quebra da promessa com Wlader Frey.
Jaime continua no processo de redenção do personagem na
medida em que a gente vai se apegando ainda mais a ele e conhecendo as
motivações que o levaram a traição no passado. Tirando a parte do incesto e o
arremesso de crianças de torres, todas as ações de Jaime são justificáveis e
compreensíveis. Na pele de um leão, ele foi obrigado a se tornar o tão famoso e
odiado Regicida, mas matar alguém que queima crianças inocentes por conta de
sua loucura não é o que se espera de um verdadeiro cavalheiro? Entre o traidor
e o fiel cego (Sor Barristan), eu fico com o traidor. Gostei muito de como a
trama conseguiu dialogar com as outras histórias e abordar a fidelidade de
diferentes ângulos. A série finalmente conseguiu atingir uma certa unidade que
deixa o episódio mais fluido e gostoso de assistir.
Apesar de todo o
carisma de Shireen, que ainda tem uma voz muito bonita, tudo que acontece com
Stannis e seu núcleo continua bem morno. Aprecio a forma como a série aborda o
fanatismo religioso e a hipocrisia de quem usa a religião como instrumento de
convencimento, mas falta carisma a todos os envolvidos. Fico com a impressão de
que tudo que acontece em Pedra do Dragão é bizarro e a aparição da esposa de
Stannis só contribui com isso. Que mulherzinha ridícula, que fica contemplando
fetos mortos, ignora a filha e “entende” tudo que o marido faz em nome de seu
deus. Não consigo saber se é para eu gostar ou odiar Stannis e fico meio
perdido em relação a utilidade deste núcleo para a série.
O que quase nunca fica chato é o alto nível de conspiração
política presente em Porto Real. O emaranhado de interesses está cada vez mais
interessante e é neste enrosco todo em que Twin Lannister vem mostrando o quão
bom é na guerra dos tronos. Casar Sansa com Tyrion pode ser algo de extrema
crueldade com os dois, porém é uma verdadeira cartada de mestre e consegue
arruinar os planos dos Tyrell de obter a chave para o Norte. Todas as cenas de
Twin lidando com seus filhos são sempre fantásticas e me fazem vibrar em frente
à televisão. O engraçado é perceber a coerência e razão do personagem, que está
certíssimo ao tentar acabar com toda a desgraça que Tyrion e Cersei fizeram com
o nome dos Lannisters. Se tem alguém que
se porta como um verdeiro rei, com certeza, este alguém é Twin. Outra que me
conquista mais a cada episódio é Olenna Tyrell. Fico na torcida por ver mais
conversas da perosnagem com Tyrion, já que os dois conseguiram fazer uma das
cenas mais legais do episódio.
Neste episódio, ficou claro para mim que algumas adaptações
foram necessárias e, assim, Loras não é membro da Guarda Real e pode sim se
casar. No livro, Sansa sonha em se casar com ele em mais um de seus devaneios,
mas é com o seu irmão mais velho e aleijado com que a Rainha dos Espinhos sonha
casá-la. A série conseguiu criar uma ótima trama colocando a personagem em meio
a tantas opções, fugir com Mindinho, se casar com Loras ou se casar com Tyrion.
Como conhecemos muito bem o quão cruel Martin é com seus personagens,
principalmente com os da família Stark, fica fácil saber qual delas se
concretizará. Esta trama possui um potencial tremendo e deve deixar a série
ainda melhor nos próximos episódios.
Em resumo, a série continua com muitos personagens e muitas
coisas acontecendo ao mesmo tempo, porém, além dos acontecimento estarem mais
legais, o roteiro coseguiu deixar o episódio redondinho na medida do possível. Finalmente,
a série me reconquistou e conseguiu me fazer aguardar ansiosamente pelo próximo
episódio.
PS: Só eu queria aquele mapa de Westereos e aquelas peças
super legais de Robb para jogar War com os meus amigos?
1 comentários
O episódio conseguiu manter a qualidade do anterior, embora isso parecesse uma missão impossível. Tudo graças à qualidade dos livros. E aí entra a questão da adaptação: estão fazendo um trabalho muito bom, mas (sempre ele) poderiam ter ido a um patamar bem mais elevado se ao invés de trocar algumas coisas, mantivessem elas da forma original, como Davos e seu núcleo, que se tornou enfadonho em prol de um futuro promissor, e o núcleo Pra Lá Da Muralha, no qual se perdeu em meio de tantas tramas, mesmo sendo uma das principais, fazendo com que a cena do casal na caverna fosse mais uma entre tantas, e não a digna de ser nomeada para o episódio. E para não dizer que não falei das flores, todo o restante do episódio achei incrível, até mesmo algumas mudanças, aliás. Parabéns pela review, simples e concisa. Até o próximo episódio.
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