Game of Thrones 3x04: And Now His Watch is Ended
24.4.13
A redenção de Daenerys e da série como um todo.
Desde a segunda temporada, Daenerys vinha perdida, depois
que adquiriu seus preciosos dragões, a personagem vinha perdendo completamente
seu carisma e chegou até a me irritar bastante. Toda a sua trama no ano passado
contribuiu bastante para este processo, já que foi confusa, chata e com poucos
acontecimentos realmente relevantes. Nesta temporada, a trama já parecia mais
focada, uma vez que Danny estava procurando meios de adquirir um exército,
porém a personagem continuou não me agradando já que ficava fazendo carinha de
dó para os escravos e cara de “Sou fodona e vou destruir tudo que você tem com
sangue e fogo”. Mesmo mantendo as minhas críticas, tenho que confessar que a
série estava preparando o terreno para os acontecimentos deste episódio, que
para mim já se colocaram como os mais legais na história da personagem durante
toda a série.
Ao trocar 8 mil soldados imaculados por um dragão, o mestre
escravagista, que eu não tenho ideia do nome, não contou com astúcia de
Daenerys, que sabia muito bem que não é possível comprar a lealdade de um
dragão como de um monte escravos. A cena do ataque foi sensacional, a revelação
de que ela sempre falou e entendeu valiriano foi feita no momento certo e
deixou as coisas ainda mais legais. Mesmo que no livro isto tenha sido feito de
forma bem mais competente (o que é mesmo esperado por todos), é interessante
notar na transformação da menina inocente em uma impetuosa conquistadora, que
fará o possível para recuperar aquilo que acredita ser de seu direito. Daqui
para frente será legal acompanhar até que ponto ela irá, se o poder vai lhe
subir a cabeça e se ela conseguirá manter a sua visão de justiça. Não vejo a
sua atitude de libertar os escravos como algo generoso ou bondoso e sim
inteligente, já que era bem previsível que os imaculados seguiriam leais a ela
uma vez que foram condicionados a obedecer. Mais do que qualquer coisa do
roteiro ou atuação de algum dos atores, o que mais chamou a atenção foi a
produção impecável da HBO, que com verba de televisão (será que é verba de TV
mesmo? Não posso falar porque nem sei o quanto canal gasta com a série) consegue
fazer sequências dignas de cinema. Tudo estava perfeito principalmente os
efeitos visuais, que vêm melhorando muito em relação aos dragões e criou um
exército de 8 mil homens de forma perfeita. Toda a sequência em Astapor tinha o
peso de ter que satisfazer a grande expectativa dos leitores de Martin e
acredito que tenha feito isto com louvor.
O que mais me fez gostar de “And Now His Watch is Ended” foi
o fato dele não ter se limitado à cena final, conseguindo fazer um episódio bom
em sua totalidade, como ainda não havia acontecido nesta temporada. O roteiro
me pareceu bem mais fluido e desta vez não fiquei com a impressão de ver apenas
cenas soltas de alguns personagens, mesmo com núcleos como o de Arya e de Daenerys
aparecendo apenas na parte final do episódio. Além da competência do roteiro,
isto ocorreu porque os núcleos mais legais foram foco, enquanto Jon Snow, Robb
Stark e Stannis nem deram as caras no episódio.
Mesmo com todos os acontecimentos em Astapor, a temporada
continua sendo de Jaime, que cresce ainda mais a cada episódio. Logo agora que
temos tantos Reis que poderiam ser vítimas do Regicida, o cara acabou perdendo
completamente a sua identidade. Como ele mesmo disse, ele era a sua mão direita
e tudo que representava não existe mais. Não consigo parar de pensar em como será
a reação de Cersei quando conhecer a nova condição de seu irmão e amante. Apesar de Jaime ser o meu personagem favorito,
gosto de vê-lo tão impotente diante dos Saltimbancos e tão inconformado com
tudo que se perdeu junto de sua mão. O melhor de tudo é ver a sua relação com
Brienne crescendo tanto, agora que ele tem que viver no mundo real, onde as
pessoas têm coisas importantes tomadas, deve entender melhor a companheira de
viagem e até se identificar com ela. Me diverti muito vendo Brienne comparando
Jaime a uma mulher, visto que ela é uma e covardia é algo que não existe em seu
dicionário. Espero que ambos consigam manter o destaque nesta e nas próximas
temporadas da série, já que eles vêm sendo o ponto alto de Game of Thrones.
Em segundo lugar no meu coração, vem a Rainha dos Espinhos e
sua sobrinha Margaery,que estão sensacionais em Porto Real. É impressionante
ver como a série conseguiu transformar alguém que é tão apagada no livro
(especificamente no terceiro livro) em uma das melhores personagens da série. É
verdade que muito disto está no excelente trabalho de Natalie Dormer, que deu
vida a uma mulher ambiciosa, inteligente e que exala safadeza pelas ruas de
Porto Real. Margaery está conseguindo ser a mulher por traz de Joffrey,
dividindo a sua popularidade conquistada com a batalha de Água Negra e caridade
com ele para assim manipulá-lo a seu bel prazer. Encarei a sua aproximação de
Sansa como pura trollagem por parte da personagem, uma vez que Loras é um
cavalheiro e assim nunca poderia se casar com a pobre e inocente Stark. Está na
hora de Sonsa acordar para vida e começar a ter um pouco mais de malícia e
esperteza, até quando ela vai ser feita de tonta por todos? Enquanto isto, Olenna Tyrell manteve toda a
sua acidez com papos para lá de sugestivos e ameaçadores com Cersei e tendo uma
visão muito boa de todo o jogo dos tronos através de conversas com Varys. Estes
dois juntos podem ser uma mistura perigosa.
Outro ponto alto do episódio foi a conversa de Cersei com o
seu pai, capaz de tratar todos os seus filhos com uma crueldade parecida. Gosto
muito de ver Cersei no papel de feminista ao não querer ser julgada pelo seu
sexo. A atual Rainha Regente tem planos de assumir o legado deixado por seu pai
e se tornar uma verdadeira leoa, no poder e temida por todos. A gente bem sabe
que as intenções da personagem dificilmente se concretizaram visto a falta de
força política que ela demonstrou até aqui e a quantidade de inimigos que tem
pela frente, sendo que Twin, Tyrion, Margaery e seu próprio filho Joffrey devem
ser seus maiores obstáculos por enquanto.
Arya finalmente conheceu Dom Beric Dondarrion, o líder da
Irmandade Sem Estandartes, formada por desertores de variadas casas que vêm
atuando como justiceiros. Nos livros, fica mais claro que a guerra é ruim em
todos os sentidos e que nenhum dos lados é bom. Diferente do que ocorreu na
série, Arya fugiu de Harrenhal depois do local ter sido dominado por
juramentados à Casa Stark e ao Rei do Norte, ao perceber que todos os exércitos
são iguais e tratam os seus prisioneiros da mesma forma. É justamente aí que entra
a Irmandade Sem Estandartes, disposta a combater o “mau” independente dele ser
Stark, Lannister, Baratheon, Tyrell ou Greyjoy. A aparição de Dom Berric serviu
para trazer a vingança de Arya à tona, uma vez que ele resolveu fazer um julgamento
do Cão de Caça por batalha. Legal notar que o julgamento é fruto da morte de
Mycah,que aconteceu no segundo episódio da primeira temporada da série.
No abrigo de Craster, também tivemos grandes acontecimentos
com uma revolta de parte da Patrulha da Noite, que acabou levando o véio safado
que comia suas filhas e o prórpio Lorde Mormont, à morte (a primeira de muitas).
Apesar de tudo ter sido legal, numa série com tantos personagens, fica difícil
da gente se importar com esta trama e suas consequências bem. Nem com Sam, que
fugiu com a filha de Craster e seu filho recém nascido, eu consigo me importar
muito.
Outra trama um pouco perdida vem sendo a de Theon,
principalmente porque vem sugerindo um mistério um pouco complexo para quem
ainda não leu A Dança dos Dragões. Fica um pouco confuso tentar entender e se
importar com as motivações do captor de Theon quando temos tanta coisa
acontecendo nas outras histórias. O bom é que o plot serviu para mostrar o
quanto Theon se arrependeu de tudo que fez e como agora ele percebeu que não dá
para negar que ele sempre foi mais Stark do que Greyjoy. Tudo isto pode trazer
uma situação bem interessante caso ele consiga fugir, já que ele deve procurar
a redenção ao mesmo tempo que Robb e grande parte do elenco da série quer a sua
cabeça em um espeto.
Além de grandes acontecimentos, o episódio desta semana
conseguiu mostrar certa unidade. Quase todas as tramas abordaram a vingança de
alguma maneira, o que sugere uma certa coesão para a série, o que não vinha
acontecendo nem de longe. Agora é ficar na torcida para que a boa fase dure por
um bom tempo e que os próximos episódios sejam tão memoráveis quanto este.
5 comentários
E a partir deste momento, a série engata as suas marchas de vez e toma velocidade e segurança nas curvas. É isso. Sem mais. GoT tá ficando para a história...
ResponderExcluirMelhor episódio da temporada :D
ResponderExcluirdaenerys sempre surpreendendo, muito bom o epi, o melhor sem dúvidas.
ResponderExcluirsou team targaryen! :)
Loras ser um cavaleiro não inviabilizaria o casamento dele com Sansa. Isso aconteceria apenas no caso dele ser um membro ou da NightsWatch ou da KingsGuard (nessas duas ordens o voto celibatário é regra). Como na mitologia da série Loras não é membro dessas ordens o casamento seria possível (apenas relembrando que nos livros o prometido para Sansa é o irmão mais velho de Loras e Margary, que vive em HighGardens devido a um problema físico).
ResponderExcluirEu fiquei decepcionadíssimo com esse epi. possivelmente pela enorme expectativa que tinha em relação a libertação dos escravos e o conflito que se seguiria. Obviamente apesar da dificuldade da cena ela poderia ter sido mais impactante. Fica para a próxima...
Abraços do amigo King Buddy Holly!
Decepcionado? A cena foi épica, sem mais! O problema do pessoal é criar sempre muita expectativa com base nos livros. Paciência..
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