Castle 5x16: Hunt. (Parte 02)
10.3.13
O que me diz garoto?
Você brinca de policial há anos.
Está pronto para brincar de espião?
Está pronto para brincar de espião?
Quando a série Castle nasceu apoiada
nas características de um romance policial, era muito claro que o foco de
inspiração para seu personagem seguia as linhas da narrativa do grande precursor
deste estilo literário: Edgar Allan Poe, com
seu personagem de August Dupin no
livro Os crimes da Rua Morgue. Sempre,
indiretamente, referenciado. No episódio He's
Dead, She's Dead, Marlowe expressa claramente sua inspiração no escritor
para criar o personagem de Richard Edgar Catle. Mas muito mais do que se ater
as principais características da narrativa policial e o romance de enigma, criados
por Poe. Andrew W. Marlowe vai além,
e nos apresenta ao decorrer da evolução da série, as possibilidades de
alterações na estrutura e perspectiva do romance, buscando inspiração em nomes
marcantes desta escola.
E seguindo suas alternâncias de
estilos, somos presenteados com um banquete pelo universo de elementos do
romance policial, desde o medo, a investigação, o mistério, passando pelo
romance negro (Série Noir), até nos
depararmos com uma grande trama de espionagem, apresentado na última semana.
Hunt não busca apenas referenciar pontos marcantes da espionagem, o
episódio vai além e se estrutura em um romance baseado neste estilo literário. Não
há como dizer que o episódio se compara a qualquer filme ou série,
exclusivamente. Pois sua criação está embasada no estilo que consequentemente
irá remeter a fatos e características diversas de toda criação que se apoia no
mesmo conceito. A verdadeira referência explicita e proposital é ao personagem
de James Bond, um grande marco para a
história da literatura romântica moderna, assim como para a indústria
cinematográfica. O agente secreto completou, em 2012, cinquenta anos de
história no cinema e, sessenta anos do nascimento de sua primeira aventura (Cassino Royale), em 2013. Definitivamente, é uma digna homenagem.
...
O primeiro ato do episódio
resume-se, principalmente, a condicionar um novo ritmo ao enredo. Target estava focado em expor o drama
vivido pelo protagonista, e a investigação surgia como elemento secundário. Em Hunt a investigação, ainda é um elemento
secundário, porém é esta que determina o desenvolvimento das ações dos
personagens e que permite a mudança do estilo do plot para algo dinâmico e mais ativo. Além disso, é no primeiro ato que temos a
relação de que o protagonista tende a seguir para um “universo” diferente de
sua rotina. Enquanto assiste aos instantes do resgate de Sara, Castle é apenas um observador, chegando a se posicionar descrente
da veracidade dos fatos, “isso não parece
real, sinto como se fosse um show”. A cena estreita o episódio a dois
momentos característicos onde há a transição do romance dramático (o regaste de
Sara e a percepção de que Alexis não foi libertada), e o momento onde Castle segue
em busca da filha (romance de epionagem).
A partir do segundo ato, o
cenário divide-se em dois pontos de observação: As ações da policia, em um
cenário de negociação para alcançar respostas, interpretado por Beckett e a
NYPD. E o outro panorama que se resume puramente a expressar as ações,
protagonizadas por Castle na busca incansável para resgatar sua filha. A
divisão da trama tem por objetivo, mais específicos dois focos, o primeiro é
posicionar o telespectador aos fatos que não serão aprofundados no cenário das
ações, simplesmente por não se encaixar ao contexto, (Castle quer encontrar a
filha, este é seu objetivo, não importa se ela era o alvo ou não. Ou quais eram
as circunstancias que acarretaram seu sequestro). A segunda razão é de impor,
apenas o protagonista, a um risco iminente de morte. E este momento é marcado
como um ponto evolutivo exclusivo deste personagem, por esta razão que Castle
conhece o pai exatamente quando está prestes a ser executado.
A partir da divisão de cenários,
é o segundo panorama que determina o ritmo do episódio. Fato que possibilita,
diferentemente do tradicional, a apresentação de um episódio enfocado em cenas
de ação.*
* Para se ter uma ideia, um episódio comum de Castle possui em sua língua
original aproximadamente 1.100 falas, enquanto Hunt apresentou apenas 817 sequencias.
A exploração do cenário não surge
ao acaso, eis mais uma das táticas abordadas pelo romance de espionagem que acercar-se
de cenários extremamente belos para relatar suas cenas de ação. E neste
universo, os pontos históricos do continente europeu é um ótimo alvo. **
** Perceba que as cenas onde o cenário é ampliado ao pano de fundo, sempre
vemos pontos turísticos marcantes da cidade de Paris, exatamente com a intenção
do “embelezamento” das cenas.
Remetendo aos clássicos, encontramos
uma igreja como pano de fundo para um encontro nada ortodoxo, com um individuo
desconhecido e perigoso. Este cita uma frase bíblica que se enquadra em sua
posição, (“Minha é a vingança; eu
retribuirei, ‘diz o Senhor’.”), tentando expor que ainda diante das
circunstâncias, ele reconhece os valores religiosos para que desta forma, seja
digno de confiança... Mais afundo, seguimos ao subterrâneo da cidade, pois só os
esquecidos e escondidos são capazes de notar o despercebido. ***
*** Veja que foi um cego quem descobriu a localização de Alexis pelo áudio
de uma gravação.
Ainda que sua participação não
seja crucial para a resolução do caso, o panorama dramático (protagonizado por
Beckett), deixa sua marca muito bem registrada durante a cena do interrogatório.
O que dizer de quando Kate chuta a cadeira e joga a mulher para o canto da
sala? Sem palavras.
Um belo romance de espionagem é
digno de grandes reviravoltas, remetendo até mesmo a mudança de posições no
cenário, (o vilão torna-se mocinho e vice-versa). Assim sendo, ficou claro que o
destino de Jacque Henri seria trair Rick.
Porém, nunca é apenas por dinheiro. Não, pois se fosse apenas por dinheiro, o
fato não honraria a trama. Muito mais... É Henri
quem amplia o cenário minimizado por Castle e o posiciona diante do verdadeiro
tamanho da trama que ele está envolvido. Algo que ele não escolheu ou foi
responsável, mas se tornará vitima apenas por ser quem ele é.
Não há dúvidas de que o episódio oferece
vários momentos marcantes, mas definitivamente, a apresentação de Jackson Hunt, significa o ápice do
enredo. Desde o seu surgimento, totalmente referenciado a James Bond, quanto ao contexto de sua apresentação. Antes de aparecer
em cena, as ações do personagem o apresentam. Sendo o herói de um cenário que
tendia à tragédia, após matar três pessoas e demonstrar total controle da
situação, Jackson Hunt surge na
floresta deserta. E seu nome só se faz mencionado, (por ele mesmo), ao fim do
ato, para que seja o grande marco daquele ponto ao telespectador.
É lógico que correlacionar o
contexto à James Bond é proposital, e
para expor com maior clareza o fato, Marlowe destina o momento de maior emoção
do episódio para homenagear Ian Flemming,
pai de nosso grande “cinquentão” (007), o escritor é referenciado com a
menção de seu primeira criação: Cassino
Royale.
Recordando os históricos do
cinema e uma vasta relação de filmes onde a extinta comunista União Soviética
era a grande inimiga de Bond, Gregor
Volkov surge como sendo o vilão de Hunt,
ex-agente da KGB. Seria esta uma referência direta a Georgi Koskov (007 – Marcado para morrer (1987))? A diferença é que
presumimos que Koskov tenha
sobrevivido, no filme, diferente de Volkov
no episódio.
E a grande “última cartada” é definitivamente
digna de um grande romance de espionagem, onde estamos convictos de que não
haverá saída, a grande sacada é reconhecer o plano do inimigo antes dele mesmo.
Confesso que eu não esperava por aquele explosivo no rádio, ainda que o relógio
retomasse aos tempos de “Q”. A fuga alucinada enquanto a mansão é atacada, seguindo
pelos becos de Paris... Simplesmente fantástico.
Hunt não apenas encerra (com chave de ouro), ao que foi o melhor
episódio duplo da história de Castle, como apresenta um grande fôlego (há muito
solicitado) para a série. O episódio abriu horizontes a serem explorados. Dinâmicas
diferenciadas que demonstram a concretização do elenco, e principalmente, da
dupla protagonista, que trabalhou separadamente e enriqueceu o episódio. Podemos
enxergar a possibilidade de novas storylines,
e acreditar na resolução (por definitivo) do caso Joanna Beckett. Mas acima de tudo, este episódio duplo mostrou que
Castle tem grandes estruturas para apostarmos em uma nova temporada.
Observações
Capiciosas!
Castle comenta que ler Cassino Royale aguçou o seu desejo em
ser escritor, porém no 15º episódio da terceira temporada, ele explica a
Beckett que Damian foi quem o encorajou, (“Sem
Damian Westlake eu sou um advogado, um trapaceiro, um palhaço de rodeio, mas
não sou um escritor”.). Achei que esta cena foi forçada por conta do
contexto.
Quando Hunt avalia a planta de instalações da mansão onde Volkov se encontra, ele diz que um único
conduíte conduz os fios responsáveis pela energia, iluminação, alarme e sistema
de vigilância. Só tenho uma expressão para isto: “Como assim?” Uma mansão com inúmeros cômodos apresenta um único
conduite que fornece energia, iluminação e conduz o sistema de segurança.
Jesus! Algum engenheiro assinou este projeto?
Para piorar um pouco a situação,
a trama se embasa no fato de que Castle instalará uma bomba no conduíte, mas...
Espera um pouco! Se o objetivo é cortar o sistema destruindo o conduite, porque
ele precisa pôr a bomba ao lado da caixa de passagem? Aliás, se ele foi até a
caixa de passagem, por que não explodir a mesma, não seria mais eficiente?
Frases marcantes:
Castle:
Eu só a quero em casa.
Eu só a quero em casa.
Beckett:
Nós não desistimos, ainda.
Nós não desistimos, ainda.
Beckett:
A filha do meu parceiro está desaparecida e você está no meu caminho.
Quer dizer que você não fala com policiais?
Eu não sou policial hoje, querida.
A filha do meu parceiro está desaparecida e você está no meu caminho.
Quer dizer que você não fala com policiais?
Eu não sou policial hoje, querida.
Castle:
Ao menos, me diga o seu nome.
Hunt:
Hunt. Jackson Hunt.
Hunt. Jackson Hunt.
Castle:
Parece inventado.
Parece inventado.
Hunt:
E é mesmo.
E é mesmo.
Hunt:
Você não matará meu filho, Volkov.
Você não matará meu filho, Volkov.
Volkov:
Não, por quê?
Não, por quê?
Hunt:
Porque você estará morto.
Porque você estará morto.
Hunt:
Eu só quero que saiba filho. Eu sempre tive orgulho de você.
Sempre!
Eu só quero que saiba filho. Eu sempre tive orgulho de você.
Sempre!
6 comentários
Que review excelente!! Sério mesmo, se apoia em interessantes conhecimentos de romance policial e de espionagem para comentar o episódio, parabéns!
ResponderExcluirSobre o episódio, você já comentou tudo! Na minha opinião o melhor episódio duplo de Castle até agora e dos melhores desta temporada junto com "After the Storm"..
Agora já estou na contagem decrescente para o episódio 100!! Acredito que eles prepararam algo fantástico..
Muito obrigada Su, fico feliz !
ResponderExcluirE tbm estou na contagem regressiva para o episódio 100.
Solange!
ResponderExcluirDe boca a berta com seu review, não é por nada não mas o melhor que eu li até hoje sobre Castle!
Você não se deteve apenas em narrar o episódio mas embasar o leitor no contexto dele, dando uma visão histórica e contextualizando o episódio.
Parabéns !!!
Não tem muito a ver mas fiquei com uma dúvida, como vc sabe quantas falas o episódio teve?
ResponderExcluirObrigada!
ResponderExcluirPrecisava compensar o atraso, risos.
Super concordo Marcilia
ResponderExcluirA Solange sempre faz agente ir além nos epis, e essa review em especial pra mim foi como uma aula, me acrescentou bastante.
Pra mim sempre tem Castle antes e depois das reviews.
Congrats again Sol :)
Comenta, gente, é nosso sarálio!