Girls 2X07: Video Games
26.2.13
A Coisa mais Nobre a se Fazer...
Ah Jessa! Why so special? Por que cada cena com essa menina nos leva aos extremos de nossas emoções? Por que todo o comportamento insurreto? Por que todas as posições revolucionárias? Por que todos os joguinhos? Por que todas as emoções à flor-da-pele? O episódio de Girls essa semana não poderia ter sido mais lindo. Campestre, bucólico, alternativo, quase em tons de Bocage, que foge da cidade para confrontar os seus medos e dúvidas internas. Tudo o que eu poderia pedir de um episódio que retratasse essa que é a personagem mais ímpar da série.
Diferente, e faz questão disso, Jessa nunca quis ser igual aos demais. Inconformada com suas amigas comodistas, é ela que está sempre com aquele plano "fora da casinha" para fazer o dia mais interessante, é ela que não é uma das ladies, é ela quem se casa com o nerd pervertido que conheceu à duas semanas atrás, para se divorciar um mês depois, é ela que nunca será domada, que é um espirito livre, que anda conforme a direção em que o vento à leva. E se temos uma série que fala sobre garotas, é ela que representa ao extremo esse espirito feminino e forte, que não abaixa a cabeça ao sistema e está predestinada a ser o que ela bem quiser.
Em vista de toda essa linda aura que gira em torno de Jessa e que ainda havia sido muito pouco explorada na série até então, Lenna Dunham na sua saga por uma segunda temporada de construção de personagens, resolveu dedicar "Video Games" à mais interessante das protagonistas. Descobrimos então fruto do quê é toda essa personalidade forte e independente de Jessa. O episódio possibilitou que pudéssemos entender um pouco mais sobre suas atitudes e sua relação implacável com o mundo. Compreendermos o porquê da Jessa do tudo ou do nada, que a um minuto está com você e no segundo te deixa um bilhete partindo em sua busca desesperada por novas sensações.
Aí como que num tributo à Freud, Lenna cria como causa de toda a conturbação na vida da moça, o seu pai. Intenso, porém furtivo, o senhor representa tudo que a moça mais odeia no universo, mas que caminha à passos largos para se igualar. Em questão de estereótipo é bem visível a semelhança entre os dois, toda a vibe roots, os IBM, as Playboys antigas, tudo bem a cara da Jessa, mas ainda não foi aí o meu maior choque com o episódio. Fiquei realmente admirado como a autora, colocou a construção do casamento do pai exatamente igual à dinâmica que a menina possuía no seu. Para as outras pessoas eles são muito independentes e com personalidade, mas dentro do casamento são completamente submissos às vontades de seus parceiros até que cansem de tudo, e para evitar o confronto, fujam.
As conversas entre os dois são das coisas mais brilhantes e honestas de Girls (engraçado como estamos tendo muitas dessas ultimamente), não só a parte em que ela fala do fim de seu casamento e como Thomas-John ignorou os seus votos, mas também no balanço quando ela indaga porque que ele não ficou, e não esteve lá para ela (deixando a mesma incapacitada de fazer o mesmo por qualquer um). A conversa no balanço foi tão esclarecedora, quando ela fala que todos os erros que cometeu na vida são devido ao seu pai nunca ter a ensinado como viver. Parece que dentre os três personagens mais explorados na temporada, Hannah, Ray e Jessa, a última foi a menos sutil de todos e que realmente tinha muita coisa a dizer, e colocar para fora. E sem metáforas igual a sua amiga e sem piadas igual à Ray, Jessa segurou o seu problema pelo colarinho e simplesmente desabafou.
A parte cômica da série, a qual parece ter finalmente voltado, ficou por conta de Hannah e suas divertidíssimas cenas. A cena em que ela conhece Frank, parece que os dois já estavam predestinados... É meio que aquela imagem que rola nas redes sociais... "Oi você é estranho! Gostei de você!" E daí por diante foi tudo muto legal, eles se identificando na mesa porque ambos não comiam o pobre do coelhinho (que cena hilária dela cuspindo a carne), dela perguntando para o menino se ele tinha dezoito anos antes do coito, a cena do sexo em sí que foi muito bizarra (bem no estilo Girls) e depois claro, eles stalkeando ela. De uma certa forma, fica comprovado cada vez mais o lado existencialista de Hannah, que logo após Jessa ter pronunciado a sentença de que era a coisa mais nobre que uma mulher poderia fazer, ela não perdeu tempo, foi lá e tirou o cabaço do menino.
E por falar em Jessa e Hannah, foi muito lindo de ver a dinâmica das duas juntas. Seja na cena em que folheiam as revistas antigas, seja na conversa no lago, seja na engraçadíssima cena na estação no início do episódio, ou apenas na nota deixada pela amiga no fim do mesmo. A relação das duas é tão forte e tão cúmplice que parece que as duas se entendem apenas pelo olhar, e uma compreende as razões da outra. Tenho certeza que é por isso tudo que Marnie tem tantos ciúmes de Jessa, e tem sempre aquela né, de que os que ficam sempre se julgam melhores do que os que partem. Não consegui encontrar a música principal do episódio, então deixei aí para vocês a linda "Silver Lining" que toca na divertida cena em que Jessa constrange Hannah dizendo que não era um "sex date" e que ela era pervertida. Até a próxima! Faltam apenas três episódios para o final, parece que passou voando!
2 comentários
Achei que o nome do episódio tinha a ver com a música "Video Games" da Lana Del Rey. Mas enfim...
ResponderExcluiroi?
ResponderExcluirComenta, gente, é nosso sarálio!