Castle 5x15: Target. (Parte 01)
20.2.13
Uma overdose de sentimentos ao máximo de nossa compreensão.
Como fazer uma review relacionada ao mais perfeito episódio
de toda a história de uma série? Ou melhor... Como desenvolver um texto que
faça justiça ao que foi apresentado durante esta semana?
De fato, estas humildes linhas são muito pouco para relatar a
grandiosidade ou o quão FANTÁSTICO o episódio Target representou para esta quinta temporada e para a evolução de
Castle.
Quem assina Target e
Hunt é o criador da série Andrew W.
Marlowe, (sem dúvidas, isto já esclarece nossos horizontes sobre a
qualidade destes episódios). Mas muito além do que nos expor ao que há de
melhor ou se aprofundar em um magnífico drama, Marlowe abre os horizontes de Castle tanto para a perspectiva do
surgimento de uma nova storyline quanto
ao elevar o nível da série a um patamar antes nunca visto.
Todos nós sabemos que buscar a dramatização de um romance ao
máximo da compreensão do observador recorre-se à associação de uma situação
envolvendo o risco físico e emocional. Durante cinco anos, o seriado tem o
núcleo de seu romance elaborado sobre os amores do protagonista (Richard
Castle), Alexis e Beckett. Enquanto Kate simboliza a esperança do novo (“O último apelo para sua vida”). Alexis
representa a razão de sua personalidade, o motivo dele acreditar na justiça, a feição
da felicidade nos momentos de maior dramaticidade da vida. A prosperidade de
Rick é um reflexo do que ele pôde construir para a filha, ele tem orgulho dela
o tanto quanto tem orgulho de si mesmo, pela grande mulher que Alexis se
transformou.
Para a construção de personagens como estes não basta apenas
“representar” este sentimento paralelamente, é necessário “inseri-lo”
gradativamente na mente do telespectador de forma que esta afeição transcenda a
história, o enredo e, se sobreponha ao plot.
E quando este fato é concretizado, amamos os personagens mais do que amamos a
própria série. Eis... O coração de um belo romance.
A partir do nascimento desta compaixão, por parte do
observador, “atacar” fisicamente ou emocionalmente esta figura dramática,
transmite sensação de “agressão” ao telespectador. Target é o exemplo da exploração, de forma primordial, desta
perspectiva do romance.
O ritmo do episódio é determinado pelo protagonista, suas
ações é o que produz as respostas do elenco. Toda a evolução sentimental é
feita de forma gradativa e dosada por sua interpretação, até encontrar um
máximo em sua expressão de desespero e o momento onde seu personagem ultrapassa
o limite da razão e da moral.
É impossível avaliar um enredo como este sem discorrer sobre
os conflitos psicológicos que o protagonista atravessa. O caso para Castle
acaba dividindo-se em dois momentos, o primeiro é quando ele trabalha no sequestro
de uma jovem e se sente comovido pelo sofrimento que sua família vem a
enfrentar. Rick sente empatia pela dor, ele compreende o que aqueles pais
experimentam porque, momentaneamente (enquanto ele segura a xicara de café e
observa o casal), ele se identifica com aqueles pais, não apenas como um
observador, mas sendo capaz de se ver naquela circunstância. Castle não sente a
dor daqueles pais (“Não consigo imaginar
pelo que eles estão passando”), mas sente compaixão por aquela família.
O segundo momento do caso define-se ao instante em que Rick
descobre que a filha também foi sequestrada. A partir deste fato, suas emoções
se sobrepõem à racionalidade. Perceber que a filha foi tirada de sua guarda e
que ele não está em condições de ajudá-la, o condiciona a um estado de perda,
pois uma parte dele mesmo lhe foi arrancada. As estruturas pelas quais, Richard
construiu uma vida, as razões pelas quais ele lutou por ideias estavam prestes
a desmoronar com a possibilidade iminente da morte de Alexis. Diante destas circunstâncias
Castle, sem perceber, se vê diante de uma tragédia...
A sensação de vazio provocada pelo sequestro de Alexis comina
Rick a um processo essencial para suportar esta dor. Esta consternação se
desenvolve a partir do momento que ele toma consciência da perda, fato que
ocorre enquanto Castle conversa com o agente Harris. Não existe escolha, perante
o quão devastador a perda de Alexis significa para seu pai. Para suportar esta situação sem perder a
racionalidade, ele mergulha em uma metamorfose de emoções...
Quando Beckett o abraça na delegacia, tentando confortá-lo, Castle
revela a sensação de não acreditar que aquilo está acontecendo, enfrentando um
processo de negação.
Ao chegar a seu apartamento, sua primeira reação é se
desculpar com a mãe, julgando que as circunstâncias daquele incidente é sua culpa. A sensação é irracional, mas ele só
percebe ao decorrer da conversa.
Ainda durante a mesma conversa, Rick percebe o tamanho de sua
dor, porém busca o autocontrole para não chorar diante da mãe, mas ao encontrar
a van suja de sangue, ele entra em desespero sentindo a tristeza dominar o próprio controle. A raiva
e frustração são espelhadas
em sua impaciência enquanto aguarda uma resposta de Lanie.
Sem uma concreta evolução do caso, e percebendo o quão grave
a situação se apresentava, seus sentimentos são tão intensos que ele assimila
um entorpecimento,
por não haver mais pistas. Para se defender de uma impotência esmagadora e
insuportável, ele se anestesia das emoções, e é esta condição que o permite revelar
um lado de sua personalidade ausente da índole ou de moralidade. Então, Rick tortura o
suspeito em busca do que, talvez, seja a única esperança de salvar sua filha.
O momento mais belo do episódio, também é o mais assustador...
Diante de sua experiência com crimes e por entender que o sequestro de sua
filha foi um engano, Castle admite aceitar que talvez, Alexis não volte mais. “Naquele momento eu soube que minha vida havia mudado para sempre, e
agora está prestes a mudar novamente.”.
...
Em Target, Nathan Fillion
é a expressão do talento, a resposta do porque ele é o protagonista da série.
Seu personagem acaba sendo estruturado apoiando-se nas diversas possibilidades
de seu potencial. E não há como não sorrir de satisfação quando o vemos “tirar
de letra” as transições de sua condição ao plot
sem nem ao menos hesitar. Seu talento vai além do script, seja apoiado por
um bom elenco ou não, e quando esta condição se faz favorável temos a exposição
de nada menos do que um espetáculo diante
de nossos olhos.
Para Beckett a situação muda, temos um twist no contraste de seu personagem. A mulher que sempre foi a
protagonista de dramas como este e suportava os momentos de maior desespero por
ser amparada por Castle, agora se encontra em uma posição onde ela precisa
ser forte para ajudar o homem que ama, e como a vemos? Encontramos uma Kate que
tenta mostrar que está ao lado de Rick, ela busca tocá-lo, abraçá-lo, pegar em
sua mão, constantemente para provar que ele não está sozinho. Beckett sente o
tamanho da impotência por saber que não está em suas mãos o poder de salvar
Alexis. Até mesmo no instante em que ela tenta confortar Castle, ele não
permite. Não permite porque suas palavras não serão suficientes para sanar a
dor, e o preço desta promessa poderia ser tão devastadora, não mais do que
perder a filha, mas enorme e capaz de desmoronar a única estrutura que venha a
lhe restar, o amor que ele sente por Kate. Naquele momento, Beckett sabe que é
uma observadora... E como expectadora deste drama, talvez ela possa compreender
tudo que Castle viveu e enfrentou durante os últimos cinco anos para ampara-la
no caso da sua mãe. E assim, atingindo este nível de compreensão, Beckett possa
reconhecer o quão grandioso é o sentimento de Rick por ela e romper com suas
dúvidas para se aprofundar neste relacionamento.
Target representa o ápice que desejamos ver
como marco de evolução para qualquer seriado, é um episódio que emociona e
questiona o telespectador. A contextualização é gradativa e o enredo não falha
durante a exposição dos fatos. Vivemos a dor de Richard, sentimo-nos impotente
como Beckett, mergulhamos na trama para entender a razão deste acontecimento e,
torcemos para que Alexis sobreviva.
Se Always simboliza
a perfeição, Target representa a
plenitude de um episódio.
Momentos e frases
marcantes.
Beckett abraça Castle tentando consolá-lo e não se
incomodando com a possibilidade de que Gates desconfie de algo, (muito cute esta cena).
Alexis gravou um vídeo dizendo o quanto ela se sente
agradecida por sua vida e maravilhada com
as possibilidades que o mundo pode lhe oferecer... Não é apenas emocionante
com é um exemplo à juventude, algo bacana de se ver.
Castle: “Não me prometa
que vai achá-la, a menos que possa, porque eu nunca lhe perdoaria. Como eu
nunca perdoaria a mim mesmo.”
O que dizer da cena em que Castle conversa com Douglas
Stevens, e... “Apela para sua humanidade.”.
Fantástica!
Beckett: “Eu não
pensei que houvesse este lado em você.”
Castle: “Quando
se trata das pessoas que amo, eu tenho.”
1º Momento mais belo do episódio:
“Sabe, ainda me
lembro... Quando Alexis nasceu, entregaram-me aquela... pessoinha, toda
enrolada em uma coberta.
Ela apenas... olhou
para mim.
E quando olhei para
ela, um sentimento me atingiu... como se tivesse sido acertado por um raio.
Era amor.
Aquele amor instantâneo
e inexplicável que só sentimos por um filho.
Naquele momento, eu
soube.
Soube que minha vida havia
mudado para sempre.”
2º Momento mais belo do episódio:
Castle: “...
Isso é só outro jeito de dizer que voltamos à estaca zero.”
Beckett: “Não
seria a primeira vez... Resolveremos isso, Castle. Acharemos um jeito. Já conseguimos
antes tendo menos. E sabe quem me disse isso?”
Castle: “Eu
disse.”
Eu não poderia concluir esta review sem comentar da
Alexis. Bem... Não há outra frase que qualifique melhor a sua sagacidade do
que: “Filho de peixe, peixinho é...”. Não
seria de espantar se na próxima temporada a CIA aparecesse em Columbia para
recrutar a garota.
Uma última observação:
Sendo um episódio duplo, vou deixar três questões para você
leitor conspirar sobre a trama deste enredo:
1. Você, realmente,
acredita que Alexis estava no lugar errado na hora errada, e que Sara era o
alvo?
2. Roger Henson foi
torturado e morto. Alguém pensa na possibilidade de que exista um intermediário
entre o momento em que a fazendo foi deixada pelos sequestradores e antes do
FBI chegar ao local?
3. Quem vocês acham que
está envolvido com este caso, e porque não realizaram nenhum contato com Castle
ou os pais de Sara?
5 comentários
Realmente esse episódio foi a perfeição da temporada... fiquei com o coração na boca. E quando Alexis saiu e viu que estava em Paris, eu pensei: agora ferrou tudo.
ResponderExcluirNossa preciso confessar que só me liguei que ela tava em outro país na hora do 911, daí eu falei: "Ela tá fora do país!". dei um tapa no pc, e pensei que demais, daí aparece ela em choque olhando pra Torre Eiffel, D+.
ResponderExcluirSimplesmente demais esse episódio. Emoções a flor da pele. Castle agoniado, Beckett sem saber o que fazer por ele. A emoção que nos foi transmitida, que nos fez chorar e nos desesperar junto com ele. Nossa, show. Me revolto com quem achou esse episódio +ou- :S
ResponderExcluirÓtima review, Solange. Você consegue chegar onde eu ainda nem tinha pensado em ir. Muito bom juntar os pensamentos e ver além.
Ótima review, digna de um episódio espetacular. Ansiosa pelo próximo.
ResponderExcluirAlerta de spoiler
ResponderExcluirsobre as suas ultimas observações, eu acho que sim, alguém foi lá na fazenda e "apelou para a humanidade" do cara... e esse alguém quer o bem estar de Alexis.. possui um parentesco com ela e consequentemente com castle tbm...
Comenta, gente, é nosso sarálio!