Castle 5x13: Recoil
9.2.13
-Por
que desta vez eu sinto que não há uma escolha certa.
-Talvez
a escolha certa seja aquela com a qual você possa conviver.
Durante esta semana o canal ABC presenteou os fãs
de Castle com o acréscimo de mais um episódio para a atual quinta temporada,
definindo-a com um ciclo de 24 episódios para o ano de 2012-2013. Assim sendo,
esta semana foi marcado pelo inicio da segunda metade da temporada, e nada mais
justo do que apresentar o melhor para distinguir este inicio. Recoil trouxe o retorno, em grande
escala, de um dos maiores vilões de Castle, o senador Bracken. E com um
admirável enredo e belas interpretações, é difícil não entender porque este plot se mantém vivo.
Para falarmos sobre o
episódio, precisamos recordar um pouco do ocorrido em After the Storm e também
alguns comentários sobre o andamento destas cinco temporadas destacadas pela storyline da série, o caso Joanna Beckett...
Durante a première
deste ano, tivemos uma cena extremamente marcante e significativa para o
contexto de Recoil: Quando Beckett
descobre a identidade do Senador Bracken, primeiramente ela o reconhece de um
panfleto e na cena subsequente, ela o assiste da TV. A situação é bem clara, o enfoque está no senador enquanto Castle e
Beckett são coadjuvantes refletidos pelo vidro do aparelho. A ideia desta cena
é de realmente trazer a percepção ao telespectador de que Beckett e Bracken não
“pertencem ao mesmo mundo”, o senador realmente é “intocável” (como disse Smith), “O dragão despertado” (Segundo Lockwood) ou
“Aquele que a sepultaria” (Segundo Coonan). E isto não é só enfatizado pelas as ações paralelas dos personagens, mas também, é algo definido na
maneira como eles se conhecem, quando na realidade, eles nunca sequer estiveram
em um mesmo ambiente, juntos. Até o primeiro diálogo entre ambos é realizado
por telefone, ressaltando mais ainda esta situação. A agressão provocada por Beckett ao término do episódio, não significava apenas um desabafo, mas também
buscava interagir com o telespectador e transportar ao personagem de Bracken a
ideia de que ele poderia, sim ser “atingido” por Kate, e que assim ele não se
posicionava mais como alguém indestrutível.
E a vulnerabilidade do
senador se concretizou no episódio desta semana, onde Beckett se encontra em
uma condição de finalmente derrubá-lo, mas que a ironia do destino (afirmada
pelo próprio senador), a coloca na situação de salvar a vida do homem. Porém, ao
decorrer do episódio vemos exatamente a circunstância onde as posições dos
personagens se invertem e quem se encontra com medo é o Senador Bracken, (vide a cena
onde Beckett o encaminha para uma conversar particular e quando ela bate a
porta e define o fato de que ambos estão finalmente sozinhos, o senador expressa
a sua posição de medo perante a detetive apenas com um olhar de quem não confia
em se postar totalmente “de costas” à uma rival de tamanho cacife). Outra
situação intrigante que determina este "domínio do jogo" por parte de Beckett é o
fato de que a detetive, em nenhum momento, procura o senador. Quem faz o primeiro
interrogatório na casa do mesmo são os detetives Ryan e Esposito, (lógico que a
razão não é explicitamente esta); e quem a procura na delegacia é o próprio
senador, ainda que também, às circunstâncias o leve a este ato...
O questionamento que
Beckett levanta com seu psicólogo, definitivamente é o ápice do episódio. Temos
neste diálogo a perfeita definição da contradição psicológica e filosófica
que a detetive se encontra. Ainda que seja tão simples, de uma perspectiva
externa, avaliar o conceito de moralidade deste caso, a verdade é que qualquer
uma das decisões tomadas por Kate, naquele momento, não iria denegrir a sua virtude.
Uma maneira de provar
este argumento é citando a concepção de um filósofo chamado Immanuel Kant.
Segundo a posição do mesmo para a definição do julgamento moral, o filósofo propõe
que uma pessoa tem a habilidade para escolher os princípios sobre os quais ela
age, à sua máxima concepção (liberdade interior), e a liberdade para escolher
como ele agirá fisicamente no meio que o cerca (liberdade exterior). As ações
de uma pessoa devem ser determinadas de tal forma a respeitar os valores
existentes ao meio em que o cerca e para si mesmo. Assim, aquele que busca os seus princípios
interagindo com estes dois conceitos, é definido como um individuo virtuoso.
Pensando nesta condição
e avaliando a situação da detetive Beckett, vemos que naquele instante a sua
dúvida surge exatamente por não conseguir avaliar uma consequência prejudicial
à sociedade se caso ela permitisse que Bracken fosse morto. E por esta razão, ela não enxerga
a definição de certo ou errado. Até mesmo quando a detetive encontra o suposto
assassino Macmanu, ela diz “Eu olhei em
seus olhos e vi a sua dor, e não consegui atirar.”, desta forma fica até
mais clara o seu impasse moral.
É lógico que ao
desenvolvimento do episódio, percebemos que não é apenas uma questão de se capturar
um assassino e deixar que o outro escape impune de seus delitos. Mas também é
uma questão dos impactos gerados pela consequência de uma decisão. Ao permitir que o “atirador”
tenha a oportunidade de concretizar seu objetivo, Beckett se cega dos
atenuantes, como o fato de que uma jovem inocente foi morta apenas por se
envolver no caminho do assassino e que outras pessoas inocentes também podem-se
tornarem vítimas de um psicopata, como ela mesma o define no começo do
episódio.
Beckett percebe a gravidade de sua decisão de forma gradual, primeiro
ao ver o sofrimento da irmã da vitima. Depois ao perceber que o seu senso moral
possa estar abalado por não consegui atirar em Macmanus, questionando a si
mesma sobre seu caráter “E se eu quisesse
que ele escapasse e seguisse com o plano, o que isso faz de mim?”... Sua
percepção atinge o ápice quando Beckett descobre que o assassino pode estar
utilizando uma bomba e não mais um rifle, colocando a vida de vários inocentes
em risco. A partir deste instante, Kate percebe a gravidade da situação e não
valoriza suas necessidades acima da dos outros, desta forma ela permanece a
valorizar as máximas da moralidade e não há porque ser repreendida.
Por consequências do
acaso e pela virtude de Beckett, a detetive termina por salvar a vida do
senador, e eis que a grande cartada do episódio fica por conta do débito que
agora ele carrega para com a detetive. Confesso que a situação abre o leque
para inúmeras possibilidades, e até mesmo, caminha para uma circunstância onde
Kate possa vir a cobrar esta dívida, e sabemos que Bracken mantém sua palavra, basta
reconhecer que enquanto Montgomery conseguiu manter Beckett fora do caso da
mãe, nada ocorreu a ela, além do mais, o senador não é um psicopata assassino
(este cargo pertence ao 3XK), Bracken representa outra perspectiva de maldade,
onde quem a pratica não enxerga como um dano e sim, como um ato necessário: “Os
fins justificam os meios”.
Frases
marcantes do episódio:
(Primeiro diálogo entre
Beckett e Bracken):
-O
senador tem algum inimigo? Acha que existe alguém que gostaria de matá-lo?
-...A
maioria das pessoas não são loucas a ponto de tentar me matar, excluindo minha
atual companhia.
(Segundo diálogo entre
Beckett e Bracken):
-...Um
atirador a solta, sendo eu a estar na mira... Deve ser o seu sonho tornando-se
realidade.
-Nos
meus sonhos, sou eu quem puxa o gatilho.
(Castle para Beckett):
Você
é realmente excepcional, sabe disso não é?
(Catle dizendo a
Bracken enquanto sorri, (detalhe)):
Eu
não teria feito o que ela fez. Teria ficado parado e só assistido.
(Esposito explicando a
Bracken sobre as finanças do motorista e o mesmo responde):
(Bracken) - Deixe adivinhar. Transferências, não rastreáveis,
feitas entre contas fantasmas na Suíça e no Oriente Médio.
(Castle) – Exatamente como você faria.
13 comentários
Review sensacional! As citacoes dos filosofos foram excelentes. Ilustrou tudo o que pensei sobre o episodio. So achei a Gates meio ingenua ao acreditar que tudo aquilo no interrogatorio era apenas um joguinho. Se eu estivesse na posicao dela, acho que faria o que o Castle disse... Gostei do rumo totalmente inesperado que foi tomado: o senador como alvo. Outro dialogo que adorei: "This is it, Castle, this is my chance of finally make him pay."
ResponderExcluirMuito obrigada Gabriel, e é vdd também achei ela ingenua, mas revi a cena e percebi que ela chega com o bonde andando e como já houve episódio onde ela entra no espírito do criminoso para obter respostas, acho que fiquei no meio a meio... porém a capitã certamente poderia comentar algo futuramente, principalmente diante da insatisfação do senador quando ela comenta que a Beckett é quem está comandando o caso.
ResponderExcluirGente que review perfeita!
ResponderExcluirReview perfeita mesmo! Vou ver o episódio novamente!... Em homenagem a vc. Parabéns Sol! Só acrescentaria: pela primeira vez, na minha opinião, Beckett lida com o caso de sua mãe com uma certa serenidade. O relacionamento dela com Castle tem influência nisto, né não?
ResponderExcluirMuito obrigada Mari, fico feliz!
ResponderExcluirSem palavras. As citações, as frases que traduzem o contexto... Parabéns!!!
ResponderExcluirMuito obrigada, Denise!
ResponderExcluirE muito bem observado isto, é vdd é tratou da situação com mais serenidade tendo este relacionamento com o Castle, acho que até no dálogo final quando ele demonstra preocupação pela possível ascenção de Braken à presidência ela diz bem tranquila que estará lá quando ele escorregar.
Não acho que a Gates acreditou, ela é demasiado inteligente para isso, apenas ficou na dela porque percebeu que aquilo era um assunto pessoal e que se a Beckett não tinha dito nada era porque era melhor ela dar-lhe esse espaço. Se ela tinha alguma dúvida, a hesitação do senador em entregar o caso à Beckett dissipou-a certamente.
ResponderExcluirAliás ela de certeza que sabe do assassinato da mãe da Beckett porque isso é do conhecimento público (e ela tem acesso aos documentos da polícia) e também já percebeu há muito tempo que há uma história mal contada sobre a morte do Montgomery e a Beckett ter sido baleada no funeral dele e que só eles os 4 é que sabem a verdade. Não sei é quanto o Ryan desvendou sobre o assunto no final da temporada anterior quando eles salvaram a Kate no prédio. Ela provavelmente já tinha sacado a maior parte da história, só não sabia quem estava por trás dos atiradores e agora ficou a saber. Mas como isso era a vida pessoal da Beckett ela deixou ficar quieto desde que não prejudique o trabalho dela. Já quando eles foram encontrados no local onde o atirador que baleou a Beckett morreu ao abrir o cofre no primeiro episódio da temporada, ela obviamente não acreditou que eles estavam lá por acaso a passear nas redondezas, mas fingiu que acreditou e não fez comentários porque, como ela disse à Beckett quando a aceitou de volta na polícia no final, sabia que eles estavam a proteger a memória do Montgomery e não fazia tensões de se meter no assunto e os prejudicar.
Que bom que descobri essa review de Castle! Adorei :) voltarei na próxima com certeza. Aliás acho que o seu nome não me é estranho de comentários noutras reviews de Castle.
ResponderExcluirGostei do episódio, mas acho que podiam ter feito muito melhor com esse plot e que dos episódios envolvendo o caso da mãe dela foi o que teve menos impacto. Eu sei que a Beckett teria de ser o centro das atenções num episódio desses, mas achei que o Castle ficou muito avulso e não ajudou em nada a desvendar o caso, ao contrário do costume que sempre tem alguma observação perspicaz. Também achei um pouco forçada aquela cena em que ela descobre a carta e no mesmo momento ele faz um bocejo muito fake e decide ir para casa, juro que pensei que ele estava a fingir e que estava a dar-lhe espaço para ver como ela ia lidar com a situação sem a pressionar, mas afinal estava só muito menos observador que o costume, infelizmente..
Finalmente acho que só se pode explicar a reacção da Beckeet de salvar o senador no final porque foi algo instintivo e não deu tempo para ela pensar em nada, e como estava arrependida de ter agido diferente quando não atirou no suspeito anteriormente desta vez agiu como agiria se fosse qualquer outra pessoa a vitima, mas acredito que se tivesse sido uma escolha consciente com tempo para pensar, qualquer um, incluindo ela, faria o que o Castle disse, ou seja, nada: era muito mais fácil, ninguém ia duvidar da integridade dela como polícia porque ela fez tudo para prevenir aquilo mandando procurar a bomba, trazia na mesma o culpado à justiça e se vingava ou trazia justiça para o homicídio da mãe. Então achei que ficou um pouco heróico demais. Mandar procurar a bomba sob risco de estar errada, não se vingando do senador à custa de inocentes faz todo o sentido, mas arriscar a própria vida naquele momento crucial para o literalmente salvar apenas a ele, acho mesmo muito "bonzinho" demais, mas como disse, às vezes pensamos que faríamos uma escolha e confrontados com ela num momento instintivamente fazemos o contrário, então tudo bem. Acredito que essa história ainda vai render e que de alguma forma vai acabar por se revelar uma boa decisão ter o senador a dever a vida a ela.
Uma coisa que sempre me perguntei... A Beckett foi baleada, todo mundo sabe disso. A Gates foi uma das que investigou o homem que baleou a Beckett. Ela nunca se questionou porque a Beckett foi baleada logo no funeral do Capitao Montgomery. Ela deve ter ligado os pontos, mas acho que o final da temporada deve explorar isso. Tenho varias teorias para o fim da temporada, mas so posso concretiza-las apos o duplo (minhas suspeitas envolvem alguma coisa do contexto desse episodio). Bem lembrado o que vc falou, ela nao pretende sujar a reputacao do Montgomery. Basta esperar para ver...
ResponderExcluirAgradeço a escolha Su e é verdade, eu leio várias reviews por aí, e também participo do serie maníacos então você também pode ter lido meu nome em alguma review de lá que eu cubra.
ResponderExcluirSobre seus comentários, então... concordo com você sobre o fato dela agir por extinto, mas não acho que foi só isso, envolveu também a questão de que após ela perceber a possiblidade de "Ter sangue nas mãos" ela sentiu que não seria possível conviver com aquilo, sendo um sangue inocente ou não... Além do fato que o senador havia desafiado a sua honra, quando a "colocou contra a parede" na delegacia dizendo que ela havia errado os dois tiros na prisão de Macmanus e deixado o homem escapar, ele "debocha" dela colocando-a em posição de ser igual a ele... e é por isso que ela continua com a investigação quando já deveria ter acabado e é por isso que ela insiste em arriscar a carreira por uma suposição de ainda haver outra bomba e é por isso que ela corre para salvar o senador.
Bem... lógico que é isso que eu penso... porque acompanhando o desenvolvimento da personagem Kate Beckett percebo que o Marlowe pretende descreve-la como uma "heroína" virtuosa, acredito que ele não busque o desvio do caráter da personagem e por isso, penso que ela salvou o senador por decidir este caminho e não apenas observar, como disse o Castle.
Além de esperar ansiosa pelos epis de Castle, começo a ficar tb ansiosa pelas suas reviews, que me fazem relembrar, pensar e questionar em cada epi novo.
ResponderExcluirMarlowe arrasou mais uma vez e o ki eu gostei mto no epi foi o fato do senador ficar devendo uma pra Kate e isso ainda vai render bons epis.
Parabéns pela review e até a próxima.
Que bom que encontrei mais essa review!! Serei assídua agora! Excelente review!
ResponderExcluirComenta, gente, é nosso sarálio!