Girls 2X03: Bad Friend

29.1.13


I don't care! I love it!


You’re on a different road, I’m in the Milky Way. You want me down on Earth, but I am up in space! You’re so damn hard to please, we gotta kill this switch. You’re from the 70’s, but I’m a 90’s b*tch!

Icona Pop

Confesso que desde que a segunda temporada de Girls começou que eu venho tendo esse estranhamento em relação a série. Não sei explicar, mas de alguma forma os episódios não se enquadravam muito dentro do que eu esperava. Então, apesar de curtir muito a série tudo sempre me deixava incomodado de alguma forma, meio que insatisfeito. "Bad Friend" veio não apenas para postergar esse sentimento, mas também para explicar o mesmo... Descobri que tem um adjetivo que resume a minha sensação: Instigado! 

A música do duo Icona Pop, muito bem encaixada dentro da montagem do episódio, resume muito bem o mesmo, e a série como um todo. Girls é uma quebra com os padrões que estamos acostumados a ver nas comédias televisivas, tudo parece ter uma proposta maior que apenas entretenimento. E essa segunda temporada vem com uma quebra de narrativa, que se pararmos bem para pensar é brilhante e revolucionária dentro da televisão. Claro que já tivemos contato com dramédias de cunho reflexivo anteriormente, mas nenhuma tão desconstrutiva e tão sensitiva como o que estamos presenciando.   



Não é apenas o roteiro e as atuações de Girls que a fazem valer. A série vem deixando sua marca com uma das montagens mais incríveis que já vi na televisão, cumprindo exatamente esse papel de aguçar os sentidos do expectador. Comecei a perceber essa estratégia desde o season finale da temporada passada, aonde ficamos todos com cara de WTF! Temos quatro meninas, e cada qual recebe o seu destaque, maior ou menor, no momento que é mais oportuno para a história, que não se mantém de forma alguma linear, assim como a vida. Coisas acontecem ao acaso, a vida de uns fica na mesmice enquanto outros estão aprofundando experiências catárticas. Descobri que não é justo exigirmos um paralelismo ou a presença igual de todos os personagens dentro de um episódio, descobri que Girls se dá de uma forma completamente diferente dos formatos que estamos acostumados, e que essa sensação aí que você fica após cada episódio é ótima para reformular os seus conceitos, e elevar as suas expectativas como telespectador.

Não sei se vocês também pararam para notar alguns pontos relevantes que marcam os dois terceiros episódios das duas temporadas, os quais creio que, não por acaso, foram os "breakthrough" das mesmas. Primeiro, ambas tiveram Hannah cantando e dançando hinos que marcarão o resto das temporadas, que foram milimetricamente inseridos dentro do contexto. Segundo, e a principal coisa que não me faz abrir mão da minha teoria, é a aparição de Booth em ambos os episódios desobstruindo de alguma forma os caminhos de Marnie, levando a mesma ao seu próprio "breakthrough" ou a algum tipo de epifania. E o terceiro e último, é algum tipo de descoberta de Hannah em relação a Elijah, a quem ela ainda é claramente apegada sentimentalmente e sexualmente, o que está diretamente ligado à sua primitividade e infantilidade na forma de enxergar as coisas. E como essas descobertas são um choque existencialista para a personagem.


É incrível a forma com que Lenna Dunham encaixa metaforicamente dentro do episódio dois arcos que dizem diretamente do que a série se trata. Com a pira da cocaína, em que Hannah empresta a sua vida à um dito experimentalismo, e como a mesma chega a conclusão de que existem pequenas coisas que a impedem de adentrar na "apropriada vida adulta", e como lindamente Elijah tem epifania de se tornar adulto sim, porém reinventando o conceito: "Apenas deixe a sua marca". O que é tudo muito impressionante, porque vai diretamente de encontro a filosofia da série. O outro arco é o que Booth apresenta sua maior criação para Marnie que, também não por acaso, é uma peça de televisão, que aguça poderosamente os sentidos da personagem, que sai da experiência pasma e dizendo que o autor é extremamente talentoso. Aqui  a metáfora é ainda mais óbvia e claramente é uma reverência que Dunham faz ao seu próprio trabalho.

O bom de tudo isso, é que apesar de ter sido um episódio tão profundo e tão relevante para a construção da série, tivemos todos os elementos que amamos em Girls e faz da mesma ser a melhor comédia da atualidade. Os brilhantes quotes metralhados pela personagem principal, como deixar a sua marca com urina, ou a brilhante frase... "It's my greatest dream have sex with myself then also my biggest nightmare". A cena dos dois chapados no metrô também é icônica, afinal quem nunca? Tivemos também mais uma briga épica da personagem com Marnie, que sempre revela o lado mais boçal e indelicado de Hannah. Laird também foi um brilhante personagem acrescentado a série. E claro a cena de Hannah e Elijah dançando na pista que com certeza vai entrar para a história da série! No mais é isso, e para aqueles que continuam insistindo naquela de que não entendo Girls ou que estão entediados com a segunda temporada, o meu apenas... I don't care! I LOVE IT!


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2 comentários

  1. Amei sua review, sua teoria faz todo o sentido do mundo. Incrível como a relação do espectador com a séria tende a ser de extremos. Tem gente que ama, tem gente que odeia. Mas ninguém passa imune.

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  2. AMO essas meninas

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