The Secret of Crickley Hall: Season 01

7.12.12


E se a casa de seus pesadelos fosse justamente a que seu marido comprou a preço de banana para você morar? 

Sim, você provavelmente já viu uma sinopse parecida somente uma porção de vezes, por isso nem vou pensar mal de você se quiser passar a vez. No entanto, se o seu coração ainda tem lugar para uma casa mal assombrada, com um passado obscuro e alguns sustos inesperados, seja muito bem vindo ao grupo!!! No começo você pode ter aquela sensação de mais do mesmo, mas se der uma chance vai descobrir que Crickley Hall tem uma boa história para oferecer.

Só para você ficar por dentro, esta minissérie foi produzida pela BBC One no formato de três episódios, exibidos pela rede britânica nos dias 18 e 25 de novembro e 02 de dezembro. No entanto, foi transmitida na íntegra em outubro pela BBC América, como parte das comemorações pelo Dia das Bruxas.

Adaptada do livro homônimo de James Herbert (que é uma espécie de Stephen King britânico), conta a história de Gabe e Eve Caleigh, um casal que tenta recomeçar a vida numa nova casa após o desaparecimento de seu filho de cinco anos. Entre acontecimentos do presente e do passado, eventos paranormais começam a envolver a família numa busca por respostas sobre a propriedade e sobre o paradeiro do filho desaparecido. No elenco, quem me chamou atenção mesmo foi a Maisie Williams (Game of Thrones) como uma das filhas remanescentes, mas tem outras caras conhecidas como os protagonistas Tom Ellis (The Fades) e Suranne Jones (Scott & Bailey).

Se toda sua experiência em filmes e livros de terror e suspense ainda não lhe dotou da capacidade de perceber os sinais... cuidado! Quando menos perceber você estará achando que fez um grande negócio, morando numa casa de campo isolada que ninguém mais quer, na qual nem mesmo seu cachorro vai querer entrar. Pior ainda, ignorando a razão para tamanha superstição e preso a uma maldição que promete lhe tirar o sono, na melhor das hipóteses!

Como já foi possível notar, a construção é recheadinha de clichês, com portas que se abrem sozinhas, pessoas surgindo de repente, sons de passos em ambientes vazios, cachorro morrendo de medo por nada. Boa parte disso é até esperado e vai preparando o terreno, enquanto os fatos do passado começam a vir à tona tecendo uma improvável conexão com o presente. A coisa começa a ficar boa mesmo quando o povo começa a tomar corretivo de fantasma com direito a cajado de bambu.

A série não perde muito tempo com insinuações e ainda no primeiro episódio podemos vislumbrar os fantasmas das crianças e contar com boa parte da família convencida de sua existência. O papel de cético fica para o pai, que segue tentando provar o contrário e assume riscos por não acreditar nos eventos. Super positivo foi ver que ele estava disposto a sair da casa, apesar de não acreditar, ao invés de assumir aquela postura de teimosia tão comum nestes casos. A necessidade de ficar na casa acaba sendo imposta pela mãe que tem esperanças de estabelecer contato e encontrar o filho desaparecido há um ano.

Em 1943, somos incitados a nos comover com as criancinhas que sofriam bullying do próprio cão num orfanato. Existe uma tragédia em curso e ficamos cada vez mais intrigados, querendo saber a verdade e, consequentemente, o que realmente motiva os fantasmas da mansão. Muito inteligentemente, a série foca na possibilidade de que Cam possa ser encontrado com vida, nos fazendo torcer pela possibilidade e nos distraindo do real objetivo.

A professorinha logo mostra que não tem medo de bully e senta a mão na macaca na Sra. Cribben. Logo, Nancy trava uma batalha em defesa dos órfãos conquistando o coração de Percy no processo. Uma pena que justamente quando conseguiu a posse do livro de registros acabou presenciando a extensão dos favores prestados por Maurice.

A verdade sobre a tragédia é terrível. O pior é saber que o padre não só sabia a verdade como deve ter lutado desde sempre para encobrir as pistas sobre a morte das crianças. Da mesma maneira que Percy, me perguntei como a hipótese de afogamento seguia plausível com os corpos sendo encontrados no porão, isso sem falar em toda aquela parafernália com a mangueira ligada ao gás.

Aquele Gordon nunca me enganou! Estava evidente que seus interesses eram pessoais e conflitantes, além dele usar argumentos confusos e pouco convincentes logo que abriu a boca. Sua conexão com o padre só aumentou minhas suspeitas, assim, foi fácil chegar à conclusão sobre sua verdadeira identidade. Que aflição ver que depois de 70 anos, Maurice continuava cobrindo as ações de Cribben e servindo, ainda que sob o chicote, para a execução de seus planos!

Chamou minha atenção o fato de que a casa aparece nos pesadelos de Eve antes mesmo do desaparecimento de Cam. Parece evidente que as coisas estão correlacionadas, até porque o garoto também compartilhava dos pesadelos e de um laço sensitivo fora do comum com a mãe. Assim, quando a família chega, a casa parece uma armadilha esperando pela presa e eu esperava que Eve esboçasse alguma reação mais chocante, de desagrado, de susto, e não que simplesmente aceitasse normalmente, como uma casa qualquer.

Procurei encaixar esse início com tudo o mais e até levantei uma teoria em que a família de Eve fosse descendente de Stefan, o garoto que escapou. Tentei até ver se ele tinha aquele sinal no dedo mindinho, mas não consegui confirmar minha suspeita e deixo aqui para discussões, pois explicaria a existência da conexão, dos pesadelos, a escolha. Pensei também na possibilidade de Maurice ter jogado Cam no canal a mando de Cribben, de maneira a atrair a família para a casa depois, mas não consegui reunir elementos para provar, nem refutar de vez a teoria.

De qualquer maneira um absurdo total que Eve colocasse as filhas em risco pela possibilidade de contatar Cam, afinal, ela acreditava na existência e havia já sentido a dor do castigo aplicado por Cribben. O mais coerente seria afastar as garotas dali e investir sozinha na sua intuição, ao invés de fazer chantagem emocional sobre as pobres crianças. Ela quase pagou caro por isso, mas fico aliviada que tudo tenha terminado da maneira que terminou.

Embora não tenha ficado explícito, entendo que Cribben fez algum pacto com o demônio para se recuperar de uma grave deformidade física, passando então a se fortalecer com a dor e martírio das crianças acolhidas. Ele já não devia ser muito fácil antes, mas certamente piorou substancialmente, sem falar naquela situação de nunca sair de casa, nem ter contato com ninguém.

Ps: Loren torce o tornozelo à noite fugindo do Maurice, mas corre desenfreada até o cãozinho logo na manhã seguinte!!


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