Gossip Girl 6x10 (Series Finale): New York, I Love You XOXO
24.12.12
O último XOXO.
O final de Gossip Girl era um dos
mais esperados de 2012. Não por expectativa com a trama ou porque os fãs
estavam loucos para saber como tudo terminaria, além da intrépida resposta para
a identidade da fofoqueira que atrapalhou a vida da alta sociedade de Upper
East Side, mas porque faz um tempo que a série expirou em seu prazo de
validade.
É fato. Toda vez que completo a
missão de ver uma temporada ou uma série completa, me coloco no modo de análise
do todo e é aí que fica a exposição de que Gossip Girl começou como uma boa
série teen, mas termina como uma espécie de “Judas” desse filão. É por causa de
episódios mal escritos e mal produzidos como os que vimos nessa temporada final
(e muitas vezes em outras temporadas da série, não dá para tapar o sol com a
peneira e fingir que o problema foi só agora) que as séries feitas para público
jovem são vítimas do estigma da “série ruim”, ficando tão mal vistas e mal
faladas.
Dessa vez, infelizmente, tenho de
engrossar o coro e apontar o dedo para o que considero como uma das piores séries
do tipo. Um exemplo de como não tratar uma série adolescente e algo que não
deve, jamais, ser repetido na TV. Esse julgamento de valor é dolorido de fazer.
Como fã confessa de produções teen, assisto a praticamente todas as que estão em
exibição (exceto por duas ou três) e nunca havia visto algo que me ofendesse
tanto.
Verdade seja dita, à parte de uma
ou outra crítica feita a episódios específicos de outros seriados, eu nunca
fiquei tão perplexa diante da falta de cuidado, de qualidade e de respeito com
o público jovem. Não adianta bater no peito e ficar dizendo que isso não é
comentário digno de fã de Gossip Girl. Talvez não seja. Mas é um comentário
digno de um FÃ DE SÉRIES. Qualquer um que tenha visto mais do que meia dúzia
delas (e tenha o mínimo de discernimento e parâmetros de qualidade) vai
entender o que eu estou dizendo.
Não estou, no entanto,
desvalorizando Gossip Girl como um todo. A proposta inicial era boa e atendia bem
a uma demanda específica. Em suas três primeiras temporadas ela cumpriu bem o
dever de ser diversão semanal, sem maiores compromissos. Era fácil dar o play
no episódio e se deixar levar pela quantidade absurda de tramas e personagens. Havia
agilidade, humor. Gossip Girl nunca tentou ser uma série inteligente ou
inovadora, mas depois da terceira temporada, o que vimos foi pura decadência e
sem a menor elegância.
Os dois anos seguintes foram
cheios de instabilidade. Altos e baixos, com picos de baixos, mas a série
sobrevivia, mas não podia durar muito mais, com o público simplesmente
debandando loucamente. Muito disso devido à fórmula repetida e reciclagem de
tramas. A impressão é a de que, em algum ponto, o cérebro dos roteiristas
travou e ficou repetindo a mesma sequência, com um guarda-roupas diferente.
A maioria massiva dos personagens
nunca evoluiu. Um ou outro conseguiu deixar de lado as mazelas da High School,
mas no geral, o desenvolvimento foi sempre muito raso. Gossip Girl nunca
conseguiu transcender seus personagens para a vida adulta e, embora isso não
seja fácil, outras séries já conseguiram. É preciso paciência e coragem para
mudar, além de sabedoria para compreender que é impossível mudar o tom e os
cenários da série sem criar mudanças de personalidade para os protagonistas.
O resultado de tanta preguiça e
do trabalho porco apresentado nesses dois últimos anos, principalmente, foi a
queda da audiência e súplicas, por parte do público, para que largassem o osso
e assumissem que a hora de encerrar tudo já havia passado. Quando Gossip Girl
ganhou sua temporada final, teve gente que comemorou a perspectiva do fim, mas
eu, assim como muitos, fiquei no grupo dos que respiraram fundo e rezaram para
que os 11 episódios prometidos passassem o quanto antes. Ninguém que acompanhara
até o final da 5ª temporada deixaria de ver 11 episódios faltantes. E não foi
uma tarefa fácil.
O problema geral com essa última
temporada de Gossip Girl é, basicamente, falta de rumo e de conteúdo. Essa
análise foi feita semana após semana, mas a Series Finale vem para provar esses
defeitos gravíssimos. Parece que a única coisa pendente, de fato, era a revelação
da identidade da Gossip Girl, o que
faria desse assunto o tema central da temporada. Só que o tal ‘tema central’
foi citado lá na Premiere e esquecido, completamente. Nate e Sage lembraram
disso no final do episódio passado e quem escreveu essa maravilhosa
continuidade, deve ter achado que tudo estava certo, mas qualquer leigo sabe
que não é assim que se monta um arco central.
Se era essa a única pendência
real, porque não resolver tudo em um episódio duplo, ou em três semanas, no
máximo. A enrolação em coisas inúteis deu o tom da temporada em que alguém
decidiu que Bart Bass seria um grande vilão a motivar fatos importantíssimos. A
vendeta de Chuck contra o pai até fazia sentido, mas o modo como tudo acabou
foi ridículo, para ser gentil. Primeiro porque aquela cena da morte, repetida
nos três minutos iniciais (tempo de sobra né? Para que gastar com o que é
útil?), é uma das coisas mais mal feitas da TV. Bart teria que ter voado para
ficar pendurado naquela posição.
Depois, vemos a fuga de Chuck e
Blair, que entram num porta-malas de carro, ajudados por Georgina, que deve ter
feito mágica para que ninguém visse dois abastados invadindo a parte traseira
do veículo NO MEIO DE UM MONTE DE CARROS PARADOS POR CAUSA DA POLÍCIA. Além de
se registrarem em hotel no interior, ficam circulando pela prefeitura para se
casar, numa plano genial (só que não) de Tio Jack Bass, que volta para... Pra
quê, mesmo?
Essa história do privilégio de
sigilo entre cônjuges é real, mas qualquer advogadozinho de porta de cadeia
derrubaria isso com o argumento de que a morte de Bart veio antes do casamento
e, portanto, a lei não se aplica. Mas Jack é esperto e inventa um casamento
retroativo. Sim, RETROATIVO. Ou seja, um casamento que é uma fraude, porque não
aconteceu na data real e é um documento forjado. Mas é claro que, como os
produtores acham que os espectadores da série são ignorantes (só isso
justifica), tanto faz. Eles jogaram qualquer merda no texto porque os tontos
aqui não iriam ligar, de qualquer forma.
Então, o que vimos no episódio
foi o falso casamento de Blair e Chuck, que ainda por cima escapam da
investigação policial como se fosse assim, super fácil. Falta de provas não
significa falta de processo investigativo, inclusive porque, com tanta gente
rindo, esbanjando alegria em menos de 24 horas depois do corpo de Bart ter se
estatelado no chão, a polícia deveria mandar prender o elenco quase inteiro. Lily,
principalmente.
Tenho certeza absoluta de que Kelly
Rutherford estava rindo em cena, o tempo todo, porque não conseguia se conter
diante dos diálogos podres que lhe deram. Ela recebe a noticia da morte de Bart
com um sorriso e depois, quando encontra William, seu grande amor (OI?), apenas
debocha do fato de que não terá de pensar muito no velório do marido (por quem
ela largou Rufus, alegando paixão incontrolável) e poderá usar tudo o que já
usou da última vez em que ele morreu. Ri muito disso, porque é o que resta.
Na mesma hora, ela já engata em
William (porque temos de pensar no próximo ex-marido, né?) e zomba de Ivy, que
tenta explicar que esse homem é o cão em pessoa e está enganando Lily
novamente. Ivy é expulsa do prédio e essa história fica por isso mesmo. Lily
não corre atrás de saber a verdade e ponto final.
Nate e Rufus, nossos samambaias,
cumprem apenas a função de aparecer e não tem nenhuma história no episódio, o
que é coerente com a função deles em toda a trajetória da série. O final mais
patético fica para Georgina, aquela que salvou Gossip Girl de virar uma merda
ainda mais fedida por diversas vezes. Ainda estou pasma com o que fizeram para
ela. Tio Jack a aborda na rua como se ela fosse uma prostituta e Georgina
aceita entrar num mega esquema, que vem a ser o casamento falso de Chair. Só
que a coitada fica apenas carregando uma caixa de bolo, para lá e para cá. Nada
além. Pelo amor de Deus. Quanta indignidade junta.
E eis que precisamos falar do
grande amor de Serena e Dan, comprovado por meio de flashbacks de uma festinha,
porque não tem nada mais forte do que isso. A mudança de opinião desses dois é
nada menos que brusca, o que não surpreende em Serena, pelo histórico da
personagem, mas mostra grande inconsistência em Dan. Essa noção dele de que
Serena sempre foi sua musa e seu amor da vida vem depois de ele negar tudo isso
de forma muito convincente, com o breve romance com Blair.
Vale repetir que Dan e Blair
juntos foi como um breve sopro de novidade e o único movimento ousado de Gossip
Girl nos últimos três anos, mas quem aqui está pedindo esse tipo de coisa, não
é mesmo? Muito melhor repetir histórias velhas e sem a menor graça. O público
adora.
A palavra ‘adorar’, aliás, é
perfeita para descrever o quanto aprecio a reação de Serena ao ler o calhamaço
(que deveria ser um perfil pra uma revista e ninguém gastaria mais de duas
páginas nisso) deixado por Dan em sua bolsa de grife. “Aeromoça, pare o avião
enquanto leio isso aqui, ok?”. Claro, ok. O piloto não tem mais o que fazer.
O engraçado é notar que Bart estava
certo sem seus conselhos. Ele diz, basicamente, que mulher gosta de apanhar e
Serena deve gostar (Blair, que foi trocada por um hotel, também ama muito tudo
isso), porque depois de descobrir todas as armações de Dan, ela diz “eu só
quero te compreender” e, no meio de tanta compreensão, Dan conquista o que
queria desde o inicio, quando idealizou e colocou em prática a tal Garota do
Blog.
Que belo twist, hein? Dan sendo a
Gossip Girl. Talvez não a escolha mais
óbvia nas apostas, mas a surpresa já havia sido estragada faz tempo, porque
todos os produtores e roteiristas que deram entrevistas, contaram tudo bem
antes. Muita gente estava esperando apenas a confirmação e eu até havia
comentado dessa possibilidade por aqui.
A revelação em si, não é ruim,
mas foi tudo feito de modo corrido e sem nenhum choque real. As justificativas
são plausíveis, mas mesmo assim é estranho e nem quero caçar as incongruências
que devem existir com Dan detonando a si mesmo, seus amigos e sua família num
site de fofocas, só para se tornar um membro da sociedade. Dan é o clássico ‘alpinista
social’ e pegou o exemplo do próprio pai para seguir carreira, não é mesmo?
O que não dá para perdoar é que
foi tudo muito rápido e o assunto quase não recebe a atenção que deveria. Numa
temporada em que NADA aconteceu, havia tempo de sobra para desenvolver a
história a contento, só que, na cabeça de quem escreveu o episódio a “Sequencia
CEJURA” era o suficiente.
E aí você, que arrancou os
cabelos porque veria Vanessa, Juliet, Jenny, Eric, além da presença de Rachel
Bilson e da voz da Garota Fofoca, Kristen Bell, passou o maior carão tendo de
ver todos eles recebendo SMS e dizendo: “CEJURA? Nacredito que era essa vadia o
tempo todo.”. Patético não define a edição tosca desse momento que obriga o
elenco de todas as outras produções da CW (lembrando que Willa Holland também
aparece) a fingir que estão muito pasmos com Dan Humphrey sendo a Gossip Girl e
o grande manipulador do jogo, muito mais do que Blair, Georgina, Chuck ou
qualquer outro. O grande dono do esquema era Dan, o cara do Brooklin,
subestimado e dono do pior trocadilho com as palavras ‘right’ (direito) e ‘write’(escrever).
Para não deixar dúvidas de que
Gossip Girl é mestre em amarração, fazem uma passagem no tempo de cinco anos,
onde podemos contemplar o futuro desse pessoal. Chuck e Blair felizes no casamento
ilegal com um filho que mimetiza o vestuário do papai. Nate avulso (pra que
botaram aquela Sage na série, pra quê?), bem sucedido depois de uma baita ajuda
de Dan para o Spectator, pensando em ser prefeito de New York. Georgina de caso
com Tio Jack, Lily com William e Rufus com uma cantora indie cujo nome nem
consigo lembrar, firmando o que é, talvez um dos poucos plots coerentes do
final, porque se Lily e Rufus estivessem casados de novo seria outra palhaçada.
Ivy lança livro que vira filme, estrelado por Lola e Hilary Duff. Dan casando
com Serena para ser feliz para sempre, colocando uma cereja no topo do bolo de
cafonice que foram os últimos minutos.
Mas Gossip Girl ensina muito. Primeiro
que, um dia, depois de você fazer o diabo para todo mundo que faz parte da sua
vida, tudo vai ficar bem e todos estarão unidos e felizes. Depois que sempre
existirá alguém retardado o bastante para querer fazer parte de um grupo em que
agredir, mentir, trair e magoar está sempre em pauta e assim, a Gossip Girl
sempre existirá como sua única fonte para a vida escandalosa da elite de
Manhattan. XOXO.
P.S* Podem rir, mas a maior bomba
dessa Series Finale foi descobrir que o episódio duplo não era duplo coisa
nenhuma. Por falta de assunto, usaram 40 minutos pra fazer retrospectiva.
P.S*Como sempre, deixo aquele
agradecimento para todos que acompanharam a série até o fim, seja comentando
por aqui ou nas redes sociais. WE MADE IT! E estamos vivos!
2 comentários
GG!!!! WE MADE IT!!!
ResponderExcluirHey, mas Lily e Rufus estavam juntos novamente no final, eles se beijam antes da entrada de Serena e Dan. '-'
ResponderExcluirComenta, gente, é nosso sarálio!