The Mentalist 5x02: Devil's Cherry
10.10.12
Até que ponto as pessoas podem chegar em prol do que desejam?
Se por um acaso você está lendo a review sem ter assistido o episódio dessa semana, quando o fizer, tenha um lencinho por perto. Já posso começar resumindo Devil's Cherry como intenso e dramático.
A série se chama "O mentalista" e isso já pressupõe que o foco seja no (dãã) mentalista Patrick Jane. No entanto, até então as temporadas eram bem equilibradas entre a história-base de Patrick com Red John e os casos investigados pela CBI. Da quarta temporada para cá, no entanto, parece que os produtores resolveram focar mais e mais no protagonista, trazendo à superfície o drama que todos sabiam existir – mas, creio eu, nunca haviam parado para analisar quão profundo era. Como já mencionei na resenha anterior, Jane estava bastante sombrio na temporada passada. E no segundo episódio dessa, Bruno Heller e a patota que se autodenomina "Mentalist Writters" resolveram botar o dedo na ferida do consultor e mexer com a sensibilidade dos telespectadores.
Ora, como assim? Vamos aos acontecimentos.
O episódio começa com a chegada à cena do crime, uma casa, onde o falecido é encontrado com feridas brutais – e, obviamente, letais. O corpo está estirado e ensanguentado sobre o sofá e há sangue por toda a parte. Enquanto a perícia cuida da cena e a turma da CBI começa as perguntas, Patrick logo perde o interesse na cena e escapa para a cozinha da vítima, onde vai preparar chá. Até aí, é impossível não rir da impertinência característica do personagem.
E por falar em rir, nesses primeiros minutos há uma daquelas cenas épicas de interação entre Rigsby e Cho, em que o primeiro se mostra preocupado – e todo meigo no jeitinho Wayne de ser – com o colega consultor, enquanto o parceiro, com sua poker face asiática clássica, dá um coice uma cortada em Rigsby. Como o episódio foi extremamente focado em Patrick, essa foi uma das poucas cenas que destacaram os coadjuvantes e merece atenção.
Voltamos a Patrick que, enquanto espera a água ferver, acompanha Teresa no interrogatório da tagarela vizinha da vítima. O bule começa a fazer barulho e, na maior cara de pau, o loiro responde que não sabe o que é aquilo, voltando para a cozinha, onde degusta o chá e observa Teresa prosseguir com o interrogatório do lado de fora. Ele se distrai vendo uma borboleta linda e então, sua atenção é chamada para um caldeirão que começa a balançar em cima do fogão, parecendo os preparados de Elvira. A reação básica de quem assiste é WTF? A princípio, já achei que fosse uma armação super-hiper-mega-blaster arquitetada de RJ.
Depois de hesitar, fazendo caras e bocas e segurando a tampa da panela que tem algo vivo dentro, Jane resolve destampar o caldeirão. Ele vê o que tem dentro, toma um susto... e deixa a xícara cair. É o momento em que seu coração para e você pensa: "agora fodeu!"
A cena volta rapidamente para a sala, onde estão Cho e Rigsby, que se assustam com o barulho. De volta à cozinha, lá está Patrick SORRINDO e segurando um fofo coelho. E é aí que as coisas ficam sem noção.
O serelepe coelhinho sai correndo cozinha a fora e Patrick persegue a bolinha de pelo. Ele passa por um casal de velhinhos escandinavos e chega em um jardim que mais parece cenário de Alice no País das Maravilhas. E encontra uma loirinha que faz jus a Alice . A menina diz que o estava esperando e para os menos sagazes como eu, a teoria da conspiração é que se trata de mais uma enviada de Red John. Ela começa a enrolar e provocar Jane, do mesmo jeito sarcástico que ele costuma agir com o elenco inteiro. Intrigado, ele se deixa levar e a jovem, que muda de assunto quando tem a identidade questionada, diz que vai ajuda-lo a resolver o caso. Ele a acompanha até a joalheria da vítima e lá estão, buscando por pistas, quando a garota diz que se chama Charlotte e Patrick afirma que sua filha tinha o mesmo nome. Ela diz conhecer o fato e o protagonista também associa aquilo a uma das tramas do serial killer. A menina começa a dar mostras de que sabia coisas sobre a infância da verdadeira (?) Charlotte e Jane começa a se desesperar. A tensão atravessa a tela e contamina quem assiste. Teresa e Cho adentram o local, perguntando como Patrick havia chegado lá primeiro. Quando fala da moça que alega ser sua filha, os dois colegas de trabalho começam a agir de modo sinistro, como se Patrick tivesse descoberto um segredo. Nesse momento, me ocorreu que Charlotte não tivesse morrido e estivesse sob proteção policial. Como Patrick reagiria?
O que de fato acontece é: o mentalista desmaia e a cena volta para a cozinha, em que, ao derrubar a xícara de chá, ocorre o desmaio. Flashback também na cena em que Cho e Rigsby estão na sala e ouvem a porcelana quebrando. Eles e Teresa vão para a cozinha, onde Patrick está no chão tendo convulsões. E é aí que Kimball, com sua experiência na narcóticos, percebe que o chá tinha sido feito com uma erva alucinógena, a chamada “devil’s cherry” (cereja do demônio).
É aquela correria para leva-lo ao hospital e a chefa Lisbon coloca os subordinados para trabalharem sozinhos no caso enquanto ela acompanha seu amado consultor. Apesar de eu ser contra o romance dos dois (me julguem, condenem e crucifiquem!), devo admitir que a preocupação da policial ao longo do episódio foi linda de se ver!
Uma das raras aparições de Grace Van Pelt no episódio acontece logo em seguida, enquanto ela e os rapazes seguem com a investigação. O assistente do joalheiro passa a ser um dos suspeitos e é interrogado pela ruiva. Dessa vez, meus skills de detetive deram certo e ~spoiler óbvio~ em momento algum suspeitei do rapaz. O suposto motivo do assassinato é descoberto aí: um diamante que, depois de lapidado, valeria uma fortuna – e no qual o falecido joalheiro estava trabalhando. Ao mesmo tempo em que o assistente é interrogado por Van Pelt, Rigsby interroga a irmã de Victor Mendelsohn. Apostei minhas fichas em que ela seria a assassina. Alguém mais?
Agora Patrick está no hospital – e em uma camisa de força – conversando com sua aparente filha. É aí que ele percebe que ela é uma alucinação. E uma alucinação que o critica pela obsessão por Red John. Aposto que muita gente surtou de emoção quando a imaginária Charlotte perguntou se alguém sabia quem Patrick realmente era e ele respondeu “Lisbon”.
Por um momento breve, ele volta à realidade e dá de cara com a própria. Teresa está certamente preocupada e ele só faz pedir um copo d’água e, no momento em que ela vira as costas, foge do quarto do hospital. A pobre mulher é trollada pelo loiro até quando ele está ~nas dorgas~.
Como comédia não pode faltar aos episódios, a cena seguinte, em que Patrick entra em uma ambulância achando que é seu carro é demais! Destaque para o momento em que Lisbon o encontra: “agora você está roubando ambulâncias?” e Jane, com expressão débil de quem está drogado (ponto pra sempre ótima atuação de Simon): “não, estou só observando o interior”.
Uma das coisas mais incríveis foi o fato de ele estar lúcido APESAR de estar sob o efeito de entorpecentes. Isto é, Patrick assume para a chefe que está falando com a alucinação e ainda tenta convencê-la de que o efeito do chá ativara uma parte do subconsciente que ajudaria na solução do caso.
Como não poderia deixar de ser, Teresa acaba acompanhando Patrick na loucura, e as pistas levam ao assistente. [momento em que fiquei achando óbvio demais e chateada que não fosse a irmã a culpada!] Um pouco antes de prender o suspeito, Patrick interage com a filha imaginária numa das cenas mais tristes de Devil’s Cherry. Ela volta a insistir que ele deve abrir mão da caçada à Red John e que o que quer que aconteça com o assassino em série não vai significar nada para ela e a mãe, uma vez que estão mortas. Sabe o lencinho que mencionei no início? Pois bem, essa é uma das cenas que o requer. E o drama se intensifica: Patrick e Teresa vão levar o preso para o escritório da CBI e antes de deixarem a joalheria, Charlotte se despede. Ainda que soubesse que era fruto de sua imaginação, o pai não se controla e pede que a jovem fique. Nesse momento, o lenço é indispensável. Controlei as lágrimas!
Fato é que o assistente era óbvio demais para ser o verdadeiro assassino. Percebendo que, conforme “Charlotte” havia dito, a resolução tinha sido fácil demais, Patrick remonta o quebra-cabeça e, junto com Lisbon, desmascaram a verdadeira assassina: a vizinha tagarela, que ao pensar que estava sob o efeito do chá alucinógeno [por uma encenação ótima da dupla Jisbon] acaba revelando sem querer que cometeu o latrocínio. Mais do que isso, meus skills de detetive estavam realmente afiados: desconfiei que a vítima tivesse se matado sob o efeito do chá e foi de fato o que aconteceu. O que eu não esperava é que a vizinha macabra fosse RIR ao confessar seu plano. Louca! Psicopata! Doida de pedra! E tudo em prol da cobiça.
Caso resolvido, segue um dos desfechos mais tristes que já vi na série: Patrick sozinho no sótão em que vive no prédio da CBI, tomando o tal chá e esperando rever a filha. Simplesmente trágico.
Não posso negar, achei Devil’s Cherry lindo. Mas, estou sentindo falta dos demais personagens, que nesses dois primeiros episódios da 5ª temporada ficaram em segundo plano. Até mesmo Teresa, que apareceu mais, ficou na tangente. Fora isso, impecável. Simon Baker conquista cada vez mais a devoção dos fãs.
Termino com a pergunta que não quer calar: seria Charlotte tão impertinente quanto o pai, se realmente tivesse sobrevivido?
PS: Revisei o texto ouvindo I drive myself crazy do *Nsync. Proposital? Jamais.
2 comentários
Olha amei o episódio, intenso, dramático (pra não dizer triste em alguns momentos rs!) Mas muito intenso, achei fantástico tudo isso
ResponderExcluirMas uma questão que me deixou com a pulga atrás da orelha: que papo é aquele de "alguém sabe quem você REALMENTE é?" Quer segredos esconderá Jane no seu subconsciente que o fizeram virar o rosto e responder Lisbon com uma cara meio contrariada!
Confesso que não desceu, pra mim tem carne debaixo deste angu! Quando Patrick matou "Red John" penso que a idéia do Bruno Heller era mudar a série tirando o Patrick do encalço do cara. Mas quando fui assistir a quarta temporada com seus 20 milhões de plots soltos, e agora isso, fico imaginando: "Quem é Patrick Jane?"
Posso estar viajando e tals, mas... enfim!
Olha Rafael, confesso que voltei a cena do "alguém sabe quem você realmente é?" várias vezes, pq não confiei nos meus ouvidos! rs Parece que tem MUITA coisa por trás disso, sim. Minha mãe, que é uma pseudoseriadora, há um tempo (quando ela ainda estava atrasada assistindo a 3ª temporada, se não me engano), levantou a hipótese de o Patrick ser o próprio Red John (um lance de dupla personalidade, sabe?). Essa cena da Charlotte me fez perguntar até que ponto a teoria da conspiração de mamãe pode estar certa. Já pensou??
ResponderExcluirComenta, gente, é nosso sarálio!