Boss: Season One
29.8.12
“Satan, your kingdom must come down”
Algumas séries podem mudar a história de um canal,
principalmente quando esse canal é a cabo e fica longe do mainstream. Foi assim
com The Sopranos (HBO), Dexter (Showtime) e Mad Man (AMC). Talvez o canal Starz tenha conseguido sua série
“revolucionária”, pelo menos no ponto de vista dos críticos, com Boss.
Boss começa bem em
vários aspectos: Kesey Grammer
(em seu primeiro papel dramático na TV) traz o personagem Tom Kane, livremente
inspirado em Rei Lear de Shakespeare, com uma soberba maestria. A série tem
como produtores executivos, além do próprio Grammer, Farhad Safinia (co-escritor do
filme Apocalypto, de Mel Gibson) e – ninguém menos – que Gus Van Sant que, ainda por
cima, da o ponta-pé inicial dirigindo o piloto de Boss. Por fim, mesmo sendo um
tema que não gera muito apelo do público, Boss
encontra na podridão da política, um rumo para construir um anti-herói
psicologicamente abalado que traz uma profundidade a série - que não se resume
em apenas mostrar joguinhos políticos.
SPOILERS ABAIXO.
“Satan, your kingdom must come down”
É com a letra de Robert Plant que somos inseridos no
universo de Boss, mais
especificamente na cidade de Chicago, onde Tom Kane é o prefeito durão que,
literalmente, chefia tudo e todos a sua volta, seja com manipulações, ameaças
ou simples conversas mais agudas. Logo de cara somos apresentados ao que
mudaria drasticamente a vida do prefeito Kane, em um galpão abandonado, ele se
encontra com uma neurologista que lhe dá a notícia de uma rara desordem
cerebral degenerativa e sem cura (algo entre Alzheimer e Parkinson). Ponto de
partida para a construção de um personagem poderoso e grosseiro que fará
qualquer coisa para esconder seu segredo de todos.
Desse ponto em diante somos apresentados ao ótimo cast de Boss: Connie Nielsen é Meredith Kane, esposa
do prefeito que vive um relacionamento de aparências, a única que parece
colocar certo medo em Kane.
Martin Donovan (com uma
interpretação muito convincente) é Ezra Stone um dos conselheiros do prefeito,
daqueles que podem te arranjar uma negociação de drogas, encobrir escândalos e
assassinatos para manter a imagem do prefeito intacta, usando de inteligência e
uma ótima agenda de contato.
Junto com Ezra está à maravilhosa Kitty (Kathleen Robertson), formando
uma espécie extensão do cérebro de Kane em seus assuntos políticos.
Jeff Hephner interpreta Bem
Zajac, tesoureiro do estado que pretende concorrer, com o apoio de Kane, as
eleições em Illinois. “Golden boy”: jovem, bonito, família unida, porém,
totalmente corrompido por trás das câmeras.
Por trás de todo o pano político está o repórter Sam Miller
(Troy Garity) que está
tentando fazer uma pesquisa profunda sobre a vida pessoal e profissional do
prefeito de Chicago. Reflexo do bom repórter que quer descobrir algumas
verdades e não tem medo de fazer uma ou outra coisa errada para isso.
Também fora do âmbito político está à filha de Kane, Emma (Hannah Ware), com um conturbado
relacionamento com os pais, em recuperação dos vícios com drogas, balançada
entre religião, fazendo parte do clérigo da igreja, e um relacionamento com o traficante
Darius (Rotimi Akinosho).
Pronto! Temos o plot da primeira e ótima temporada de Boss:
roteiro sofisticado, moralmente complexo, bem desenvolvido/dirigido/representado,
sagaz, perverso, cínico e verdadeiro.
Claro que a temporada é muito mais do que isso: alucinações,
adultério, gravidez, religião, ética, sexo (a maioria envolvendo Kathleen
Robertson, thank you Starz), reviravoltas e traições. Se The West Wing fez você
acreditar na politica/políticos dos EUA, Boss fará você sentir vontade de tomar
um banho e tirar toda a sujeira de Chicago.
Boss pode não ser um “must
see”, mas tem qualidades que a distingue de muitas produções atualmente. É
uma série que merece ser vista pela construção de um personagem excepcional
trazido por Kesey Grammer (acho que rolou uma espécie de laboratório com o
Cidadão Kane de Orson Welles), pela qualidade do roteiro e pelo tema
político/psicológico que ronda a série e foge um pouco dos atuais.
A primeira temporada tem apenas 8 episódios e a segunda
(renovada antes mesmo da estreia) terá 10. O que acham de uma pequena maratona
para acompanharem as reviews aqui comigo? Ein?
É uma série com alto grau de PNC, mas preconceitos a parte, existem mais qualidades do que
defeitos na primeira temporada. Vamos torcer para que continue assim...
2 comentários
Recomendo :) Eu não tinha interesse na série, e por acaso numa viagem estava disponível na programação ... fiquei apaixonada, e assim que voltei fui correndo ver os episódios restantes.
ResponderExcluirÉ mto legal!
ResponderExcluirMilhões de reviravoltas, traições, estratégias politicas...... e um cara que faz QUALQUER COISA pelo poder!
Super recomendo também!
Vale a pena....
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