The Newsroom 1x01: We Just Decided To

4.7.12



Foi ao ar pela HBO a mais nova série de Aaron Sorkin, “The Newsroom”. O promissor seriado acompanha o dia a dia de um telejornal famoso pela sua conduta “mansa” e imparcial que, diante de uma série de mudança, decide seguir um caminho mais ousado.



Na primeira cena vemos uma discussão entre dois jornalistas, uma liberal e o outro conservador, sobre a atual política de Obama. Entre os dois está nosso protagonista, o âncora Will McAvoy (Jeff Daniels), calado, sem expor opinião. McAvoy parece distraído, olhando para a plateia e vendo algo que não lhe faz bem. O debate se dá em uma universidade americana e Will consegue, sempre com uma tirada, desviar de qualquer assunto. Parece conseguir seu objetivo de não expor aliança a nenhum partido até que é acordado pela questão apresentada por uma jovem estudante: em poucas palavras, por quê os EUA são o melhor país do mundo? A questão é chave para a posição da série sobre a “América”. Will consegue a resposta na plateia através de uma mulher que até então desconhecemos: Os EUA não são o melhor país do mundo. Ele lança um discurso que mais é um tapa na cara do patriotismo cego. De fato, a ilusão de que os EUA é o melhor país do mundo está presente não só em universidades americanas, mas no próprio mundo. Com o uso de uma mídia fortemente nacionalista, os Estados Unidos se põe numa posição superior com argumentos vazios e contraditórios que o próprio McAvoy enumera. O jornalista termina o discurso ainda com um tom de esperança e saudosismo e deixa para o público jovem a mensagem: Vocês todos estão alienados. Informem-se!

Todavia, o ato de se manter informado não é tão simples quanto parece. Esta é a crítica da série. Os EUA possuem uma mídia tendenciosa, parcial e, muitas vezes, mentirosa, como mostra Michael Moore no documentário “Tiros em Columbine”. Existe aí uma contradição clara e terrível: se aquele que está no papel de informar se abstém da verdade em prol de outros fins, como se desalienar? Pior! Se o alienado confia no jornalismo em geral sem enxergar a possibilidade de um desvio da veracidade, como mudará sua visão? Em quem confiará mais que a mídia e o governo? A alienação é o mais poderoso artifício de controle de um povo, como podemos ver na Alemanha de Hitler.


Will faz parte dessa mídia ineficiente, com seu jornal que presa por não incomodar ninguém. Ele sai do debate desnorteado, preocupado com sua “visão”. Três semanas depois, Will volta de suas férias forçadas para encontrar sua equipe desfeita, e um novo rumo para seu programa. Daí, a série trabalha na construção de seus personagens. O protagonista, logo vemos, é um egocêntrico que pouco se importa com seus colegas de trabalho. Somos apresentados a Maggie Jordan (Alisson Pill), uma jovem inocente, que se mantém na equipe por lealdade e seu namorado Don Keefer (Thomas Sadoski), o até então produtor executivo, cujo sucesso como produtor executivo foi fortemente influenciada por McAvoy. Harper é um jovem ambicioso e inteligente que, como afirma Will, está saindo do “barco a afundar”. A relação entre os dois sem dúvida irá passar por maus bocados. Também conhecemos o presidente de notícias Charlie Skinner (Sam Waterson), um homem experiente que guarda um passado com o protagonista. Charlie é o arquiteto do novo rumo de seu jornal. E, finalmente, MacKenzie (Emily Mortimer), ex de Will que o abandonou e ao seu trabalho para viver o jornalismo ao redor do mundo. De volta, MacKenzie é a principal peça para o novo rumo do jornal.

No resto do episódio de 70 minutos acompanhamos a primeira edição da nova ACN (Atlantis Cable News, jornal fictício da série) que, com ousadia, cobre o acidente que é maior desastre ecológico da história dos EUA. Neal (Dev Patel), um dos restantes da antiga equipe apura junto do novo produtor sênior Jim Harper (John Gallagher Jr.) sem o concensso de Don. Toda a preparação e apresentação da reportagem é envolvente, e acaba sendo um sucesso.


O roteiro de Sorkin é excelente, como não poderia ser diferente. Jeff Daniels apresenta uma atuação segura como protagonista e Sam Waterson faz uma participação mais do que agradável. A série tem tudo para dar certo, um tema polêmico, bom elenco, excelente roteirista, mas deve tomar cuidado com seu proprio patriotismo que pode desinteressar, principalmente, não americanos. 

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6 comentários

  1. Sabe aquele tipo de droga q te vicia no primeiro uso?
    pois é.... Newsroom foi assim pra mim (no bom sentido...hehe)
    =p

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  2. Com certeza foi um dos melhores achados relacionados a séries nesse summer season =)

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  3. Gostei bastante!
    Adoro esses diálogos rápidos!

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  4. Depois desse texto já estou adorando!! E agora vou ficar na expectativa da estréia no Brasil de The Newsroom, que parece ser uma mistura de drama e comédia, onde o âncora de um jornal da TV junto com a sua equipe terá que lutar para manter o interesse do público no seu programa, apesar de sua personalidade explosiva. Quero muito assistir.

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  5. A última temporada de The Newsroom, o que é uma pena, mas melhor do que agora termina quando você não pode mais fazer nada com os problemas a pouco eles aparecem.

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