Protogênese: Um Olhar Crítico Ao Mundo Do Entretenimento Televisivo
10.6.12
"A verdadeira sabedoria está em não parecermos sábios."
-Ésquilo
Saudações,
caros leitores! Chamo-me Protógenes Nepolucemo Coimbra e fui
pessoalmente convidado pelos colegas do Seriadores Anônimos para
oferecer um contraponto saudável ao estilo textual ordinário descrito
como "canalha" e "cretino" que o blog difundiu internet afora. Suponho
que seja um exercício criativo válido e que meus colegas acreditem
realmente fazer alguma diferença com a pseudoirreverência que imprimem
em seus escritos, sempre fazendo troça dos produtos televisivos, quando a
proposta mais cabível é a de sobredourá-los, afinal de contas devemos
encarar esses produtos de entretenimento na luz da sociedade em que
vivemos. Uma análise mais aprofundada destes nos ajuda não só a
entendermos melhor o mundo em que vivemos, mas crescer como indivíduos
críticos.
Sei
que sofrerei reprimendas ferozes de alguns leitores, especialmente
considerando o êxito da postagem “PNC For Dummies: Entenda, aceite e aperfeiçoe sua pedância interior”, crítica gratuita e vazia do colega Leonardo Oliveira aos mais
abalizados intelectualmente, mas persistirei no meu propósito de forçar o
blog a se adequar aos padrões cultos que abundam no restante da
blogosfera. Minha intenção não é de forma alguma denegrir o estilo
vigente adotado por meus colegas, embora o minha abordagem seja
particularmente engajada com aspectos artísticos dos shows que
analisarei.
Como
este é um texto piloto, destinado a se tornar um arco narrativo
desenvolvido nos próximos meses, como numa gestação, vos presentearei
com um breve raconto de meus cinco shows favoritos de todos os tempos.
Espero que tomem a liberdade de fazer o mesmo no ambiente de
comentários, mesmo que não tenham o mesmo know-how crítico que apresento.
The Sopranos:
certamente a maior obra prima já realizada na história da TV. O
argumento de que não acontece absolutamente nada na trama é simplista e
carece de maior capacidade de imersão na trama, que é de uma
complexidade psicológica irrepreensível. Também não aceitarei críticas
no naipe de “Tony Soprano tem jeito de quem fede a suvaco”, como já foi
apontado por minha chefe Camila Barbieri, a quem tenho profundo
respeito, mas que certas vezes proclama grandes absurdos apenas pelo
valor de choque. Haters to the left!
John From Cincinatti:
talvez o enredo mais incompreendido da HBO. Se em Sopranos o problema é
a falta de acontecimentos, aqui é a falta de sentido. E quem foi que
disse que a vida faz sentido todo o tempo, meus caros? As performances
inspiradas de Ed O’Neill, Austin Nichols e principalmente da deusa
Rebecca De Mornay, aliadas ao roteiro pontual e não-linear fazem da
curta trajetória de ‘John’ uma das iguarias mais saborosas, embora não
exatamente palatáveis, que já tive a chance de degustar.
Deadwood:
criada e escrita em quase sua totalidade por David Milch, a série
acompanha o crescimento da fictícia Deadwood desde um mero acampamento
até uma cidade propriamente dita, servindo como metáfora para a formação
de comunidades e sociedades. Milch faz em Deadwood o que Scorcese fez no Gangues de Nova Iorque,
substituindo o foco central do nascimento e florescimento da máfia
novaiorquina pelo capitalismo e imperialismo americano, usando a corrida
do ouro estadunidense como pano de fundo. Os diálogos e as tramas
envolvendo as personagens fazem uso de verdades históricas, embora suas
estórias pessoais usem uma boa dose de ficção. As personagens são todas
fictícias, embora baseem-se em personas reais.
90210: imagino
que alguns estranhem a presença desta na lista. Comecei a assistir o
show junto com minha filha, que por ainda ter 8 aninhos tem passe livre
para se apegar a bobagens adolescentes. Qual não foi a minha surpresa ao
constatar que mais do que uma trama sobre jovens privilegiados e
entediados em Los Angeles, 90210 é um retrato satírico da juventude
atual, com elementos que beiram ao surrealismo? A velocidade dos
acontecimentos retratados, a dicotomia de personagens como Naomi – que
inicia a série como vilã e atualmente dá aula de como conduzir uma
autêntica jornada da heroína – e de Annie – que deveria ser a mocinha
inocente e virginal, mas se viu tentada ao caminho fácil da prostituição
e ao prazer sádico de subverter padres – eleva o show a um patamar
jamais imaginado para o gênero adolescente.
Game of Thrones: sublime. Não me alongarei mais porque pretendo dissecá-la da forma que merece na próxima coluna.
Espero
que tenham gostado da minha breve e humilde introdução ao site, embora
já antecipe que, como a maioria dos homens à frente de seu tempo, serei
rechaçado e incompreendido. Se tudo der certo, volto em breve com a
minha análise do excepcional 2º ano de Game of Thrones e do retorno de
True Blood. Namastê!
16 comentários
Sabe o pior: adoro John From Cincinatti e nunca entendi o motivo. Deve ser porque na vida, assim como no show (sic) nada precisa fazer sentido.
ResponderExcluirAguardo com anseio pelos comentário a respeito da consagrada obra Game Of Thrones! Bem vindo Protógenes! Faltava aqui no SA um PNC de raiz como vc!
Seja bem-vindo, Protô! Discordo da maioria das suas opiniões, mas acho que você pode tentar acabar com a canalhice do Seriadores à vontade, vamos ver quem ganha essa guerra (winter is coming)
ResponderExcluirDos shows (!) que você citou, acho mesmo que GoT é sublime para acabar com insônia e que 90210, mais do que pelos exemplos citados, subverte pelo plot dos tubarões saindo do aquário e comend oa cabeça do público!
JENIAL JENIAL JENIAL DEMAIS ELEVADO AO QUADRADO, POTENCIALIZADO E FATORIAL TUDO JUNTO!!
ResponderExcluirTive uma grande iluminação espiritual enquanto lia o texto e finalmente compreendi o porque amo tanto a 90210, era PNC e não sabia!
Para finalizar, querido amigo Protógenes Coimbra, espero que você venha se juntas a nós, meros mortais no grupo do sériadores do facebook...
BTW, Apenas eu li o texto com uma voz grave e suave? Imaginei o texto sendo narrado pelo British Y U NO Guy ( http://t.qkme.me/3orzu7.jpg )
Hum...
ResponderExcluirhttps://www.facebook.com/photo.php?fbid=378692738845572&set=a.377433412304838.80168.377432788971567&type=1&theater
Quero ver o Protógenes Nepolucemo Coimbra comentar como as séries da ABC Family tem tramas complexas, referências a cultura nerd e filosofia oriental e merecem o Emmy em todas as categorias.
ResponderExcluirP.s: Esse é o quadro mais Crocante no nível PNC de ser do SA
HAHAHAHAHA
ResponderExcluirMORRIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII!!!
Não se deram nem ao trabalho de disfarçar, seus monstros modafocas HAHAHAHA
Peraí, q eu vou voltar e terminar de ler pq já estou com água na boca.
Adorei e digo mais: EXIJO Protô - ou melhor, uma pessoa desse gabarito não pode ser chamada por um apelido tão pobre, merece ser chamado pelas suas iniciais P.N.C. - no S.A. Cast.
ResponderExcluirPRECISAMOS OUVIR ESSA VOZ!
E queremos tb P.N.C. no Twitter postando suas gotas de sabedoria.
SE VIREM!
O povo clama!
(Agora durmam com um barulho desses. hahaha)
Embora discorde em alguns aspectos (adicionaria Breaking Bad e Boardwalk Empire), de forma geral, compartilho das mesmas opiniões. Jamais haverá série que faça uma crítica tão bem feita à sociedade como The Sopranos. É uma sucessão de fatos e referências que, de certa forma, é impossível "piscar os olhos" (como dizem os populares) durante cada um dos episódios.
ResponderExcluirDeadwood, de Dead não tem nada (rs rs, essa piada só os mais inteligentes entenderão). Assisti Gangs of New York três vezes consecutivas em um cinema londrino (pq dormi e acordei seis horas depois, rs rs) para poder captar cada nuance fotográfica e abstrata apresentada durante a evolução narrativa. Que experiência fanjtástica! E só de pensar que os mais simples ficam admirados quando assistem a simplória e insossa Hunger Games (e ainda ousam falar que se trata de uma comparação crítica à sociedade moderna).
Bom saber que agora tenho alguém com quem posso conversar de igual para igual, Protógenes. Espero que possamos "trocar muitas figurinhas" (mais um dito popular, perdão).
Uma excelente semana!
Protô é o antagonista do SA?
ResponderExcluirAcho que Protógenes é demasiadamente correto em seus temos. Existem camadas que as pessoas não costumam adentrar facilmente. São tramas que exigem um nível de compreensão e amadurecimento maior pela parte do espectador.
ResponderExcluirQue a sociedade consiga receber o desenvolvimento cultural necessário através de você, caro Protógenes. Att. Klaus Roger
Protô, ahazô.
ResponderExcluirMateus, é você?
ResponderExcluiruma pessoa que tem 90210205463541458999 como uma das melhores series de todos os tempos nao ganha nada alem do meu desprezo.
ResponderExcluirPorrãn, ainda mais as referências às obras de Hitchcock em Pirulito Liars e as referências mais do que pedantes a pinturas nos títulos de Trocadas na Maternidade!
ResponderExcluirEugifran, se você odeia tanto 90210 é porque não consegue ver atraves de todas as camadas de critica socioeconimica que vem na série, sem falar de que como o P.C. disse, é uma critica satirica aos jovens da classe alta de uma forma divertida e irreverente, sinto que você não possa apreciar toda a belissima construção das tramas e personagens desta série que além de tudo tem uma fotografia belissima e uma abertura contagiante!
ResponderExcluirPra um post PNC não faz muito sentido ter 90210 e Deadwood não é uma cidade fictícia.
ResponderExcluirComenta, gente, é nosso sarálio!