Ascensão e queda em Breaking Bad.

Breaking Bad seguiu questionando a lealdade de Jesse nesses dois episódios. Bom, talvez ele apenas tenha sido leal ao cara errado né? Nada disso Mike! Para nós que esperamos mais de um ano por essa temporada possa até fazer sentido Jesse mudando de time, mas para ele foi só há alguns dias atrás que Gustavo declarou sua sentença de morte. O que acontece é que Jesse ainda não superou completamente o assassinato de Gale (apesar do pior já ter passado) e o apoio que vem recebendo de Mike e Gus ajuda bastante nesse processo. Mas o que ele precisava mesmo era desabafar e o único jeito que encontrou foi descarregando o peso no grupo de apoio, em mais uma de tantas cenas dignas de aplausos na série.

Mesmo assim Jesse sabe que seu chefe tem que morrer e só não fez isso acontecer ainda por falta de uma oportunidade clara para matá-lo, além do detalhe de o plano de envenenamento ser daqueles "infalíveis". Ao contrário de Walt, que demorou muito para mudar de estratégia, Jesse entende bem o rival e sabe que tentar algo contra ele é cutucar a onça com vara curta. Além disso, falta a ele vestir a camisa de bad guy em definitivo e quando isso acontecer veremos o resultado de mais uma das transformações sórdidas de Breaking Bad. Já a transformação de Walter parece ter estagnado na fase de rebelde sem causa e apenas as ameaças de traição de Jesse e as investigações do cunhado Hank o fazem voltar ao brilhantismo de sempre.

Quando ele não está em momentos de birra ou fingindo estar no controle (o que também nos diverte) é que podemos ver suas verdadeiras preocupações, como na ótima sequência no estacionamento do restaurante Pollos Hermanos. Walt ainda precisa mudar bastante para chegar no nível de Gustavo e é muito interessante como os escritores têm feito vários links entre esses dois. Nós admiramos Gus Frango Fring porque ele é tudo o que o Walter deseja ser, um Heisenberg depois do aprendizado, o último obstáculo para que ele se torne o verdadeiro chefe do tráfico em Albuquerque. E nada mais justo do que nós descobrirmos mais sobre esse fantástico personagem antes de nos despedirmos dele.

Assim como Problem Dog teve sua sequência final toda dedicada a Hank (num momento daqueles que a gente solta um palavrão), em Hermanos vimos um flashback de quinze minutos, se não o episódio inteiro, todo centrado no melhor antagonista da série. Um Gus que ainda pensava que se pode negociar com bandidos, muito parecido com o Walt de agora. E para nós fica o prazer de podermos ver a trajetória de cada um deles até o topo e depois a queda, cada um a seu tempo. Por enquanto vamos conferindo como eles reagem ao encurralamento que estão submetidos, em situações bem diferentes mas muito parecidas. E no meio disso temos Jesse, que parece ser o fator surpresa e o fiel da balança nessa disputa.