Mad Men: Season 3
2.7.11Foi preciso a terceira temporada de “Mad Men” se comprovar como o meu mais novo vício televisivo.
Posso não ter gostado da primeira temporada e ter sido fisgado apenas na segunda, mas em seu terceiro ano, “Mad Men” vai ainda mais fundo, a cada ano se mostrando mais e mais perfeita (num sentido interno). A série ainda é lenta, não faz questão de investir em saídas fáceis para tentar garantir audiência (apenas a provoca). Tudo é muito fiel à sua estrutura básica que num primeiro momento me parecia quase insuportável, e agora, já habituado no universo característico da série, me sinto como um fã bobo, sempre fazendo de tudo pra levantar a bola da série sem querer parecer um dos bajuladores que eu mesmo critiquei no primeiro texto sobre a série. Não quer dizer que eu consiga.
A Sterling Cooper já se inicia de forma bem delicada. A agência de publicidade foi comprada por uma empresa inglesa e teve parte de sua autonomia dividida, na figura do Sr. Pryce (o ótimo Jared Harris, de “Fringe”), um britânico com metas econômicas e administrativas representando a nova parcela britânica do escritório. Uma de suas atitudes mais maniqueístas foi colocar o competitivo Campbell (Vincent Kartheiser) e Cosgrove (Aaron Staton) num mesmo cargo de contas para se enfrentarem, além de ter um lacaio sempre atravessando o trabalho de Joan (Christina Hendricks). Apesar de não ser uma série apenas em função da Sterling Cooper, a agência teve abalos relevantes nessa temporada, culminando em um final decisivo e novos desafios a serem enfrentados na quarta temporada.
Don Draper (Jon Hamm), como sempre a figura principal, enfrenta maiores problemas em casa. Desde sua reconciliação com Betty (January Jones), nunca mais houve felicidade na casa dos Drapers, mesmo com a chegada do bebê. O seu sogro passa uma temporada morando lá, mas falece pouco tempo depois (dando um merecido destaque para Sally, a filha de Don). E as traições, que agora partem tanto de Don, quanto de Betty, irão culminar num divórcio que sempre esteve prestes a acontecer. Seu passado também o ronda, sendo mostrado de forma consistente por um tratamento caprichado.
Um dos principais argumentos que utilizo para elevar “Mad Men” é o modo como são tratados os personagens, sem entrarem em conflitos com suas respectivas existências, se fazendo importantes e, na maioria dos casos, livres da figura de Don Draper. A maioria possui um núcleo próprio desenvolvido e relevante para a série. Como Roger Sterling (John Slattery) enfrentando os ditos morais por ter se casado com uma secretária bem mais jovem; Joan e sua idealização sendo perdida ao ter largado o trabalho após se casar com um jovem cirurgião; Peggy (Elisabeth Moss) e sua busca de reconhecimento e com novas oportunidades junto a um ex-funcionário da agência; Salvatore Romano (Bryan Batt) confirmando sua homossexualidade, entre outros casos.
A ambientação história e sua fidelidade também contribuem para a qualidade de “Mad Men”. Em um dos últimos capítulos, o grande mote foi o assassinato do Presidente Kennedy, ocorrido no verão de 1963. O abalo que o país enfrentou e como as pessoas receberam a notícia do atentado contra o presidente, ao vice, e mais tarde, ao principal suspeito do crime foi muito bem desenvolvido, e até certo ponto, muito respeitoso com a questão dramática do acontecido. Não foi preciso uma narração em off, por exemplo, contar o que houve ou um personagem reportar o impacto do ocorrido. Por estar prestes ao seu desfecho, “Mad Men” já estava no auge dos dramas particulares de seus personagens, e ver como um evento histórico afetou em cada um deles foi uma das boas coisas acontecidas nessa terceira temporada.
Um último ponto a favor sobre a série escolhido por mim foi o ótimo clima, que está afiadíssimo. Numa determinada cena, a filha dos Drapers atende ao telefone, mas ninguém do outro da linha responde e desliga. Nesse momento, Don está em sua poltrona lendo jornal e Betty sentada à mesa. Os dois olham atentos ao telefone, numa cena cujo (o inspirado) plano capta a reação dos dois ao mesmo tempo. Por estarmos presentes na vida dos dois, sabemos que eles se envolveram com pessoas fora do casamento, e nessa cena é possível os ler através de seus gestos, sem precisar de uma narração mais óbvia. O exemplo parece aleatório, mas funciona. Afinal, é sempre bom assistir uma série que não subestima a inteligência de quem a assiste.
“Mad Men” tem uma riqueza narrativa que dá gosto de ver, além de ser bem produzida e continuar trabalhando suas melhores qualidades, que sobrepõe a sempre presente lentidão. Preciso conferir logo a quarta – e por enquanto a última exibida – temporada.
6 comentários
A terceira de Mad Men foi a melhor sme duvida, nunca conseguirão fazer outra nesse nivel, tanto que a quarta voltou aquele ritmo mais sonolento!
ResponderExcluirMad Men é uma série que só melhora cada temporada supera a antecessora. A terceira temporada realmente é ótima mas pecou em focar demais em Don e Betty, deixando os ótimos coadjuvantes (Peggy, Joan e Roger por exemplo) com pouco destque. Isto faz a quarta temporada ser a melhor de todas, já que principalmente a Peggy ganhará mais destaque.
ResponderExcluirA menina filha do Don é foda demais, melhor atriz mirim fácil.
Potro ponto que merece destaque é a seaspn finale da terceira temporada que foi um dos melhores episódios de toda a série. Acredito que só perca para Suitcase da quarta temporada.
É, de fato, outros personagens perderam espaço SE comparados aos Drapers. Eu, como gosto de Joan, percebia isso constantemente.
ResponderExcluirSério que na quarta eles desaceleram?
ResponderExcluirDiscordo dos comentarios que disseram que na quarta temporada eles desaceleram. Eu achei a melhor de todas. Talvez por estar acostumado com o ritmo mais lento,. Na verdade é lendto, mas SEMPRE acomtece algo em um episódio. Deixando espaço para os roteiristas imaginar.
ResponderExcluirAcredito que a quata temporada é mais modernosa para o estilo dos anos 60, com mais coisas de efervecencia dos anos 60, mais pofundidade em Don Draper e uma exuberante qualidade de historia e texto. Há literalmente uma sensação de que foram anos que mudaram tudo...
Para mim, acgho a quarta temporada a melhor.
Cara, eu acabei de reviver o que senti ao assistir a 3ª temporada de Mad Men. Foi incrível. Eu já tinha gostada do final da season 1 e de toda a season 2, mas, mesmo assim, não esperava que a season 3 fosse tão impressionante. Foi uma surpresa p/ mim. Era impossível se manter indiferente aos desdobramentos da história. E os personagens foram ultra reais e pareciam c/ alguém que se pode encontrar na rua, no trabalho ou na vizinhança. Enfim, virei fã incondicional de Mad Men depois da 3ª temporada.
ResponderExcluirMinha recomendação p/ quem ainda não viu a 4ª temporada: corre p/ ver! Os coadjuvantes mais interessantes da série ganham muito destaque. E as tramas são desenvolvidas de um modo imprevisível e particular ao estilo da série.
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