Finalmente, o fim. Ao menos para mim.

Aos masoquistas que permanecerão acompanhando Gossip Girl após essa quarta temporada, meus parabéns. Vocês certamente resistem melhor a tortura televisiva do que eu. É isso ou você é cego para os absurdos cometidos nessa temporada, e principalmente nesses últimos episódios.

Se fosse preciso, você seria capaz de dizer sobre o que foi essa temporada de Gossip Girl? Duvido que consiga, e eu também não. É difícil identificar uma trama coerente ou uma idéia central numa série onde os personagens mudam apenas para satisfazer necessidades momentâneas do roteiro. Dramas são inventados apenas para que sejam descartados sem maiores explicações.

Um claro exemplo do que digo é Chuck. Em um episódio ele esta atormentado, desesperado diante da hipótese de perder Blair e por pensar que o pai é um assassino. No episódio seguinte, parece que nada aconteceu, ele esta normal novamente, construindo seu novo hotel. Como isso aconteceu? Eu perdi algum episódio? Não, isso é a simples obra de uma história que não faz o menor sentido. Ainda há a rápida aparição de Jack Bass que, também sem nenhuma explicação, ajuda Chuck (WTF?!) no plano do episódio.

E que plano de quinta categoria, que serve apenas como uma justificativa atrasada para que Chuck tenha esquecido de seu recente trauma, quando pensou que seu pai era o responsável pela morte da esposa de Russell. No fim ficamos com um plot twist desnecessário e com uma ameaça que, todos sabiam, jamais se concretizaria, pois sem Blair, Gossip Girl passa da categoria ‘Instrumento de tortura’ para ‘Arma de destruição em massa’.

Nem Blair, que vinha sendo uma das poucas coisas boas da série, conseguiu salvar os dois episódios finais. Se ela ao menos tivesse ficado com Louis por escolha própria, e não empurrada por Chuck, teria demonstrado algum amadurecimento. Parece que, para os roteiristas, assim como atração entre Blair e Chuck, essa trama exerce uma atração incontrolável. Não importa o que eles façam, os roteiristas de GG parecem sentir uma necessidade quase patológica de sempre retornar esse caso de amor, já desgastado por quatro temporadas de idas e vindas

Por fim, o trio Serena, Chalie e Dan. Toda a suposta loucura de Charlie não passava de um plano para conseguir dinheiro, que culminou em cliffhanger tão inesperado quanto desnecessário para a próxima temporada. Qual era a necessidade desse plot para a série? Evitar que Serena se torne um objeto de decoração nas cenas — afinal, quando ela não esta tramando uma vingança infantil contra a sua melhor amiga ou sendo vitima de algum plano maligno, o que ela faz na série? – assim como Rufus ou Nate? Sabotar a própria série, já que o surgimento de Charlie e o eventual envolvimento dela com Dan deixou de lado um relacionamento muito mais interessante, Blair e Dan?

Finalmente percebi que aquilo que assistia não era mais a série que eu um dia gostei. Talvez nos últimos dois anos, eu tenha visto apenas o que eu quis ver em Gossip Girl. Mas nem toda a minha vontade de ignorar todas as falhas cometidas ao longo das últimas duas temporadas, tentando enxergar o pouco que havia de bom, é o bastante para que suporte isso por mais uma, ou duas, ou três ou quantas mais temporadas a série tiver.