The Good Wife 2x21/2x22: In Sickness/Getting Off

14.5.11



Se esses últimos episódios pudessem ser definidos em uma palavra, ela seria ‘traição’. Não se trata apenas da reação de Alicia ao descobrir a traição do marido, mas também do que significa trair.

No inicio do vigésimo episódio, há a clara noção de que aquele momento seria uma mudança definitiva na vida de Alicia. O episódio tenta criar a impressão de que tudo será diferente após ela descobrir a traição de Peter. Algumas coisas de fato mudam — ela coloca Peter imediatamente fora de casa e, posteriormente, afasta Jackie dos netos —, mas elas não correspondem ao exagero expresso, por exemplo, na frase dita em certo momento de ‘In Sickness’ pela cliente de Alicia, sugerindo que agora ela estaria lutando de uma maneira diferente por ela.

A mera sugestão de que isso seria uma mudança no comportamento de Alicia é absurda. Ela sempre se importou com os clientes, e o comportamento dela nesse episódio não demonstra a mínima diferença em relação ao habitual. É obvio que haverá repercussões depois da separação: ela não será mais amiga de Kalinda — assunto que foi adiado até o episódio 21 —, Peter aparentemente se torna um inimigo, a rivalidade com Cary renasce e agora o caminho esta aberto para que ela fique com Will, colocando um fim nessa duvida Will x Peter, que, para uma trama arrastada, já se alongou demais. Todas são perspectivas interessantes para o avanço da série, para a próxima temporada (se ela existir).

Seguindo adiante, falemos agora de ‘Getting Off’, aquele que, se não fosse sua conclusão covarde, poderia ter sido um dos melhores episódios da série, uma vez que apresentou um caso da semana que ressoava na vida de Alicia de uma maneira nunca antes mostrada na série.

Foi uma decisão inteligente dos roteiristas introduzir uma personagem que é dona de um site que oferece a oportunidade de se encontrar alguém para 'trair' a esposa ou marido. Ainda melhor, a personagem, Stephanie, não é simplesmente uma oportunista que viu uma chance de ganhar dinheiro e correu atrás dela. Não, ela realmente acredita no que faz, apresentando uma argumentação sólida contra a postura monogâmica — e como se revelaria no final, preconceituosa — de Alicia.

A covardia do roteiro não se encontra na postura de Alicia — afinal, absurdo seria se ela simplesmente mudasse de opinião, adotando a postura anti-monogâmica de Stephanie apenas por ouvir seus argumentos —, mas sim na resolução do caso. Toda a cena onde Stephanie recebe a noticia de que o marido é provavelmente o culpado pelo crime que era investigado, tendo assassinado um homem por ciúmes da esposa, parece mais o grande momento de glória, não de Alicia, mas dos valores morais que ela defende.

Quando Alicia diz que o marido de Stephanie cometeu o crime por ciúmes, há claramente uma expressão de satisfação em seu rosto. É quase como se ela pensasse ‘Olha onde seu pensamento liberal — ou libertino, na cabeça de Alicia — levou seu marido’. Isso é o roteiro escolhendo um lado, dizendo que Stephanie deveria ser punida pelo seu hedonismo. Uma saída fácil, que insinua para o publico o que é o certo, ou de que lado deveria ficar. Um recurso estranho para uma série que, na grande maioria das vezes, foge de uma moralidade dicotômica.

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1 comentários

  1. Eu enxerguei o final de Getting Off de outra maneira. Pra mim, a Sarah Silverman nunca acreditou mesmo na tal filosofia de casamento aberto e livre. Ela só fazia aquilo por achar que o marido não tava nem aí. Na hora em que viu que ele tava (e muito) irado, ela ficou feliz.... Ela era tão careta quanto a Alicia, só não admitia.

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