Fringe 3x22 (Season Finale): The Day We Died
9.5.11O dia em que morremos porque nossas cabeças explodiram.
O momento mais esperado pelos fãs de Fringe chegou. Hora de falar da Season Finale da 3ª temporada que foi simplesmente enlouquecedora, tamanha a complexidade do episódio. No entanto, antes de começar, precisamos fazer um balanço desse 3º ano da série, relembrando nossa trajetória.
Quem de nós imaginou que aquela confusão entre Bolívia/Olivia, Walternativo/Walter acabaria assim? Eu, certamente não poderia prever o caminho que percorremos, muito menos, a profundidade que a trama de Fringe atingiria, nos deixando num ponto em que simplesmente tudo pode acontecer. Essa é a maior vantagem de que uma série de ficção científica pode dispor.
Para mim, pelo menos, foi um ano perfeito. Tenho ressalvas com apenas um episódio (6B 3x14), mas é só porque eu não agüentaria ver Fringe transformada em “Só o amor constrói”, o que até agora, com tantos conceitos científicos excêntricos, se mostra uma possibilidade distante, então, não tenho do que reclamar.
Não foi fácil chegar até aqui, porque testemunhamos um mistério. Na medida em que a qualidade dos episódios aumenta, a audiência cai. Impossível de conceber, mas super verdadeiro. Não foi fácil passar longos meses sem saber o futuro de Fringe e mesmo quando esse final de temporada mostra tantas possibilidades, sou incapaz de me enganar e imaginar a série ganhando a 5ª temporada. Contudo, decidi sofrer apenas quando chegar o momento, porque agora eu estou com a cabeça fervilhando com o rumo que as coisas tomaram e vou tentar expressar para vocês o que estou passando.
Minha experiência com essa Season Finale foi a seguinte: Não vi assim que saiu porque não queria encarar o fim, mas não consegui esperar muito tempo. Assisti enclausurada e sem conseguir piscar os olhos por medo de perder alguma coisa. Quando acabou eu estava absolutamente abalada com o que tinha acabado de ver e não conseguia sequer formular uma frase conexa, no que eu chamo de WTF MODE. Meu cérebro explodiu. Eu não sabia o que tinha me atingido e por isso, depois de respirar, embarquei numa segunda sessão da Finale, que me revelou impressões que eu jamais teria se não tivesse assistido novamente. Faz diferença e ajuda a entender os conceitos complicadinhos que nos propuseram, por isso, recomendo a todos. Vale a experiência.
Falando em “complicadinho”, eu preciso dar parabéns (de novo) aos produtores e roteiristas. Os desgraçados foram fundo na ideia de dar nós nas nossas cabeças. “Você não está entendendo Fringe” passou de piada a realidade em apenas um minuto, afinal, Peter viveu tudo aquilo em 60 segundos, o que mostra como o tempo pode ser relativo. Aliás, esse é o grande tema do episódio: O tempo. Como manipulá-lo, como ele age contra nós, como aproveitar as brechas existentes para enganá-lo e mudar destinos.
É tão difícil de entender que eu precisei transcrever algumas falas de Walter para pegar a coisa toda, mas partir do momento em que você compreende o que está testemunhando, só consegue pensar na palavra ‘genial’ para descrever esse episódio.
Acho que todo mundo entendeu que as Primeiras Pessoas são Walter, Astrid, Ella e outros envolvidos com a Fringe Division de 2026. Não são criaturas brilhantes que habitaram o planeta no passado, como tentaram insinuar, mas sim, personalidades do futuro, que diante do Fim do Mundo precisaram encontrar uma maneira de salvar o universo (ou ambos).
Para isso, Walter aproveitou o buraco no Central Park (que apareceu como consequência da destruição do lado B), que apresentava radiação Kappa (não me perguntem que diabos é isso) com leituras de carbono consistentes com as da Era Paleozóica. Segundo ele, é algo incomum e que só aconteceria se fosse um buraco entre os tempos. Foi isso o que permitiu que o Dispositivo do Apocalipse fosse enviado para o passado, com o objetivo de ser usado por Peter para consertar as coisas nos dias de hoje.
Obviamente eu não faço ideia se a desculpa cientifica deles é algo possível, mas também não estou preocupada com isso. O grande mérito da ficção é tornar essa situação crível, e para mim, não há dificuldade alguma em acreditar nessa história toda, que Walter resume melhor do que qualquer um, quando Peter quer apenas que a Máquina jamais seja enviada.
“É um paradoxo. Não posso mudar o que acontece porque já aconteceu. Mas você pode fazer uma escolha diferente sobre o que aconteceu. Só preciso arrumar um jeito de adiantar sua consciência para o momento atual, para que você possa testemunhar o que acontecerá, caso faça a mesma escolha. Peter, por tudo que sei isso já pode estar acontecendo. Você não vê? Podemos consertar tudo. Podemos trapacear as regras do tempo”.
O mais incrível é quando nos damos conta de que o plano brilhante de Walter já está em andamento e que, mesmo com tantas complicações e palavras difíceis, o principal é que ele precisa abrir mão de Peter. E ele sabe disso. Chegou aquele momento terrível, a coisa que ele tentou evitar a vida toda e aquilo que nos guiou até aqui. Mas não há outra saída.
Os olhares de afeto entre Joshua Jackson e John Noble são inesquecíveis. Na prisão, na “despedida”. Fiquei tocada ao ver Peter reconhecendo-o como verdadeiro pai. Era ciência, mas também era pura emoção.
Esse clima deveria ter me dado a dica de que algo estranho esperava por Peter, mas eu fiquei completamente abismada quando ele simplesmente... PUFF. Foi tão estranho. Na mesma hora, eu dizia em voz alta: “Ei, vocês não notaram que o Peter sumiu?”.
Sorte que estava completamente solitária, porque conversar com episódio de série era só o que faltava para minha internação, mas Fringe ainda não tinha acabado comigo completamente. Seria muito pouco. Ainda por cima, nosso amado Observador Setembro, conversa com Dezembro, dizendo que Peter cumpriu seu papel e que NUNCA EXISTIU. Como assim, careca?
Imagino que com tenha acontecido a mesma coisa com todo mundo. Eu já estava com mil perguntas na cabeça, teorias pululando e aí o espaço da HD acabou, porque são tantos questionamentos que eu não seria capaz de debater todos por aqui, mas falarei sobre alguns.
Primeiro, alguém me diz como é que Bolívia engravidou de um homem que nunca existiu? Aliás, o pequeno Henry ainda existe depois dessa? Depois, se Peter nunca existiu, nunca foi seqüestrado e nada disso jamais aconteceu. Mais uma: Qual seria a motivação para que nossos Walters e Olivias estivessem naquele mesmo local para salvar dois universos se o grande responsável por tudo nunca esteve ali, só para começar? Como vão fazer para trazer Peter de volta, se é que vão fazê-lo?
Nada disso tem explicação por enquanto e é lógico, vamos ter de esperar até a 4ª temporada para saber mais e quem sabe - sem querer desejar demais - entender essa história.
Outra coisa que está me matando de curiosidade é essa “força-tarefa” entre os dois universos, que NÃO se fundiram. Peter deixa claro que criou uma ponte entre eles usando os buracos de minhoca (ou buracos negros) e que o único local em que os lados A e B se encontram é ali, em Liberty Island. Lembram daquele caso em que edifícios e pessoas de ambos os lados começam a se fundir e causam maciça destruição? Seria inviável unir dois universos iguais, porque eles ficariam truncados. À parte de toda a tensão óbvia com os personagens ( o ambiente ali vai ser muito hostil, só pela linguagem corporal de Bolivia/Olivia e Walternativo/Walter), me intriga saber como seria essa dinâmica espacial, porque os dois universos desembocam ali, mas cada um ainda terá de viver do seu próprio lado.
Voltando a falar de 2026, tivemos uma visão interessante do futuro. Peter (conservado em formol no auge de seus 47 anos) casado com Olivia, confirmando a pista deixada pela aliança no episódio anterior, Ella Dunham agente da Fringe Division, Olívia controlando suas habilidades com maestria, Astrid de peruca medonha ainda sofrendo bullying dos colegas, Broyles senador, Walternativo terrorista e Walter na cadeia, finalmente pagando por seus erros. Elementos demais para comentar, mas sou incapaz de deixá-los de lado.
Vale notar que os atos de Walter tiveram consequências dramáticas para todos. O lado B foi destruído aos poucos, deixando em Walternativo um gosto de vingança ainda mais forte. Não consigo deixar de pensar que ele articulou cada coisa que vimos nesse episódio e que ele sabia exatamente o que aconteceria naquela cena final. Logo no inicio, após o teatro Opera House (reparem que os alvos são sempre os mesmos destruídos no lado B) ser destruído, ele diz para Moreau: “Não vai demorar até que esse mundo se junte ao meu”.
Mais tarde, quando engana Peter com o holograma, ele consegue a confirmação de que seu filho (ressaltando que daria um tiro em Peter, se pudesse, mas vai fazê-lo conhecer sua dor) estaria disposto a fazer tudo diferente. Ao assassinar Olivia, ele destrói Peter, garantindo que Walter abra mão da presença do filho para acabar com sua dor pela perda da esposa, tentando consertar as coisas, do jeitinho que Walternativo previu. (Só uma teoria minha, vale lembrar).
Achei muito bacana aproveitarem Ella no futuro. Ela serviu para lembrar da vaca Gene e seu olhos gentis (Acreditam que fiquei mega emocionada por causa da vaca? Até chorei. Pois é!) e reafirmar que algo de terrível aconteceu a cada ser humano, só porque Walter não pode viver sem Peter.
Fiquei com a impressão de que ela perdeu a mãe, assim como Broyles perdeu um olho e, provavelmente, entes queridos. Deu para perceber a incrível preocupação dos produtores em preencher o futuro com detalhes e explicações, mas o melhor de todos, para mim, é o derrame de Walter.
A interpretação de John Noble foi incrivelmente sutil, mas dava para notar as dificuldades na fala e a paralisia em metade do corpo. Por exemplo, ele abraça Olivia com apenas um dos braços e sua boca aparece meio torta. Ninguém precisou dizer: “Oh, o Walter teve aquele derrame, né?”. Estava ali para construir essa nova realidade e ponto final.
Sobre a morte de Olivia, creio que descobrimos o X-Man, que apavorou muita gente nos últimos tempos, já que muitos acreditavam na morte da personagem. Vocês estavam certos. Ela morreu, mas nada que uma viagem no tempo não resolva, afinal de contas.
Lógico que dentre tantas coisas diferentes eu não deixaria de comentar a abertura em preto e branco. Muitos a definiram como cinza, mas a menção de Yin e Yang no episódio acabou com as minhas dúvidas. A escolha das cores tem a ver com os cientistas que são fisicamente iguais e se odeiam, mas precisam unir forças para salvar dois mundos, porque ninguém mais poderia fazê-lo.
Dentre as palavras novas temos diversos conceitos científicos como Rejuvenescimento Celular, Extração de Pensamentos, Biosuspenção, Criptozoologia, Particionamento Neural, Cérebro Portátil, Maternidade Dupla, Transplante de Clone e alguns particularmente curiosos como Plasticidade Temporal, Estrutura do Caos, Água e Esperança. Os quatro últimos conceitos me parecem extremamente apropriados à temática da série e ao que o próprio ser humano vem trilhando, uma vez que a questão da falta de água potável num futuro próximo já é preocupação.
Uma das referências do episódio está no nome do terrorista, Moreau, que diz respeito ao livro de H.G. Wells, “The Island Of Doctor Moreau”, que trata de temas filosóficos, como a necessidade de assumir responsabilidade pelas coisas que criamos o que faz do homem um homem, a crueldade da natureza humana e os perigos de tentar controlar a natureza.
Outra coisa interessante é um cartaz que aparece próximo ao teatro destruído, com uma propaganda de Rocket Poppeteers, um projeto secreto que envolve os nomes de JJ Abrams e Steven Spielberg.
O Glyph Code da vez é NO MORE (não mais), que está ligado ao desaparecimento de Peter, se é que podemos falar assim de alguém que nunca existiu. Também significa que Fringe chegou ao final da temporada e que vamos ter de esperar para desfazer esses nós por quase 5 meses. Aliás, teve até piadinha sobre isso no episódio. Paralisem a tela na cena em que Olivia e outros agentes estão desmaiados. No asfalto do estacionamento está pintado em letras brancas: Only SEPT. Só em setembro, mesmo.
P.S¹: A todos que estão sempre debatendo Fringe, seja aqui nas reviews, nos comentários dos podcasts, no twitter, obrigada pela companhia. Nada pior do que não ter com quem compartilhar ideias, teorias e maluquices sobre sua série favorita. Sem vocês nunca seria tão divertido.
P.S²: Vale deixar aquele agradecimento para o pessoal que faz as legendas de Fringe em tempo recorde. Poucas séries recebem tanta atenção e tem legendas de tanta qualidade. Valeu aí, equipe United, The Tozz e Valfadinha!
P.S³: Contando os dias e tentando recuperar os neurônios pifados para a 4ª temporada. Até lá!
5 comentários
Confesso que quando assisti esse episódio eu fiquei no meu “estado de season finale”, eu não conseguia elaborar qualquer teoria. Pra mim foi o finale mais surpreendente da série até agora.
ResponderExcluirGostei bastante desse episódio. Achei toda a história das First People bem resolvida, sem enfeitar demais.
Os produtores tinham razão em dizer que nenhum blog/site tinha desvendado o final da temporada. Todos os spoilers que estavam “zanzando” pela internet não conseguiram tirar a surpresa do cliffhanger.
Tenho que dizer que a cena do Walter falando “My Gene” é uma das minhas preferidas. È como se ele não só sentisse falta da sua vaca, mas também daquela época (já que no futuro ele estava na cadeia).
Agora só o que podemos fazer é esperar até setembro(a não ser que alguém faça uma viagem pro futuro) para entendermos melhor esse final.
Parabéns mais uma vez pela review (sentirei falta delas até setembro).
algo que não existe não\pode deixar filhos muito menos "cumprir sua missão".
ResponderExcluirConfesso que quando assisti esse episódio eu fiquei no meu “estado de season finale”, eu não conseguia elaborar qualquer teoria. Pra mim foi o finale mais surpreendente da série até agora.
ResponderExcluirGostei bastante desse episódio. Achei toda a história das First People bem resolvida, sem enfeitar demais.
Os produtores tinham razão em dizer que nenhum blog/site tinha desvendado o final da temporada. Todos os spoilers que estavam “zanzando” pela internet não conseguiram tirar a surpresa do cliffhanger.
Tenho que dizer que a cena do Walter falando “My Gene” é uma das minhas preferidas. È como se ele não só sentisse falta da sua vaca, mas também daquela época (já que no futuro ele estava na cadeia).
Agora só o que podemos fazer é esperar até setembro(a não ser que alguém faça uma viagem pro futuro) para entendermos melhor esse final.
Parabéns mais uma vez pela review (sentirei falta delas até setembro).
Camis, acabei de ouvir o Fala Schias e acho que tenho uma solução para a participação do Bell na proxima temporada. Imaginem que o processo de clonagem não fosse até o fim e William ficasse com aproximadamente 30 anos. Certo, aí você pega o clone oficial do Nimoy: Zachary Quinto, que não fez mais nada de relevante a não ser Nimoy cover no Star Trek. Imaginem a interação entre Olivia e Bell jovem (já que Peter não existe mais), ainda mais que ela já sentiu o que é ser ele. Curiosidade, Bell no corpo de Olivia é a segunda vez que um personagem de Nimoy encorpora em outra pessoa, pois no Star Trek 3 A Procura de Spock, onde seu espirito encorpora no Dr. McCoy, que também tinha todo o trejeito Spock de ser.
ResponderExcluirPior que eu gostei da ideia de botar o Quinto como young Bell. Sensacional.
ResponderExcluirComenta, gente, é nosso sarálio!