Fringe 3x19: Lysergic Acid Diethylamide

21.4.11


Uau!

Ainda não estou bem certa se eu já me recuperei do surto alucinógeno que foi esse episódio de Fringe, mas como ainda estou vendo um cartoon da Gene zumbi bem aqui na minha frente, imagino que não. Ainda bem. Essa é a viagem de ácido mais insana já criada na TV, superando até mesmo as loucuras musicais com a maconha em Brown Betty. Foi tão, tão, tão bom, que não dá nem para descrever. Fringe elevou tanto os níveis da série com esse episódio que minhas expectativas em relação à Season Finale estão se transformando em monstros gigantes e incontroláveis. Preciso pisar no freio e me manter sã, mas está muito difícil não imaginar minha cabeça explodindo e se recompondo várias e várias vezes.

Como já deu para notar, amei o episódio. No entanto, sei que muitos discordam, o que me parece falta de uso de drogas suficiente. Peguem mais um torrão de açúcar mergulhado em infusão de psicotrópicos variados. Vai funcionar.

Falando nisso, já vou começar metendo o dedo na ferida do principal argumento de quem não apreciou a história porque a julga como “cópia de Inception”. Acredito que pelo menos 99% da audiência de Fringe e amante do filão de Ficção Científica já assistiu ao filme ou pelo menos sabe do que se trata. Pois eu afirmo que Fringe não se inspirou em Inception para esse episódio, mas sim, numa revista do Tio Patinhas. Isso mesmo: TIO PATINHAS! Ao contrário do que a maioria pensa Inception não é o grito da originalidade, simplesmente porque os cartunistas da Disney tiveram a ideia primeiro e mesmo que todo mundo faça de conta que não, basta ler os quadrinhos (clique aqui) para ver uma espécie de Inception com patos, “estranhamente” idêntica em conceitos, construção do roteiro e das cenas.

Pois bem. Agora que o argumento de cópia está destruído, porque afinal, Tio Patinhas (encarnando Scrooge McDuck) fez Inception primeiro (e creio que a homenagem de Fringe é para os Patos de Patópolis e não para o filme de Christopher Nolan), não há mais motivos para alguém não gostar desse episódio, até porque, ele teve absolutamente tudo. Humor genial, história complexa fortemente ligada à mitologia da série, interpretações excelentes, momentos de muita emoção, cartoons e até ZUMBIS e todo mundo sabe: tudo fica melhor com zumbis!

Com tanta coisa boa, fica até difícil comentar sem esquecer nada, mas vamos por partes. Para mim, um dos grandes trunfos de Fringe são as saídas cômicas que dão leveza a tramas mais pesadas e nos tiram daquela tensão bizarra que toma conta na maior parte do tempo. Geralmente Walter leva todas as glórias, mas dessa vez, temos de louvar o trabalho de Astro (hey, Wally!), Peter (alisando a careca de Broyles e afirmando que o homem era um Observador) e Broyles, vendo passarinhos, encontrando a morte, viajando nas espirais do alcaçuz e soltando bolinhas de sabão enquanto todos realizavam que a consciência de William Bell fora para as cucuias. Timing de comédia perfeito, que vale uma nota 10 (com honras) para as interpretações on drugs.

Sobre os sonhos, digam o que quiserem, mas achei uma saída muito boa e que condiz com assuntos previamente tratados na série. Não  teria sido um enredo diferente sem a existência de Inception (ou histórias em que Inception é baseada), porque já vimos essa “viagem” às profundezas do subconsciente, chamada de Transferência Sináptica, no Piloto de Fringe e em Dreamscapes, quando Olívia vai para o piscinão de solução salina acessar as memórias sobre John Scott.

Além do mais, se tem uma coisa indiscutível é que essa é uma série que sempre usa referências e toda semana eu faço questão de listar por aqui cada uma delas. Logo, qualquer inspiração é cabível. A ideia de acordar do sonho com uma queda ou morte é tão boa e plausível que deve ser utilizada livremente. A questão dos agentes externos, que aqui aparecem na pele dos maiores medos de Olívia, como o padrasto, Nina Sharp sem luvas ou o X-Man cai na mesma explicação. Pelo menos para mim, nada disso tira o valor do episódio, pelo contrário.

Inclusive, devo dizer que quando a porta de William Bell no World Trade Center se abre, tive a sensação de que temos outra referência, mesmo que ela não tenha sido sequer citada. Ao ver Peter, Walter e Bell em forma de animação, pensei automaticamente no Guia do Mochileiro das Galáxias, que tem algo parecido, quando os viajantes mudam de dimensão e podem acabar transformados em qualquer coisa. Adoro aquela cena do filme (que é meia boca) em que todos viram bonequinhos de lã.

O cartoon foi bastante bem executado. Coube perfeitamente no ritmo de alucinação que o episódio pretendia passar e teve o mérito de conseguir fazer os personagens se parecerem com os atores de carne e osso. Pelo menos Belly e Walter estavam muito bem feitos.

Para melhorar o que já estava me deixando louca, eis que Peter, Walter e Belly são atacados por zumbis que, se não me engano, eram várias cópias daquele cientista assistente de Walternativo cujo nome insistimos em ignorar. Eu não sei vocês, mas eu também queria dar um passeio pelo subconsciente de Olívia que além de ter zumbis e desenhos animados ainda é um mix entre os lados A e B.

O melhor de tudo é que ganhamos todos esses elementos únicos com uma dose cavalar de emoção. Eu quase não pude me conter quando Peter encontra Olívia e percebe que ela não é ela. Chamem de bobo, chamem de clichê. Eu chamo de uma excelente maneira de trazer redenção a um personagem que nós quase começamos a odiar pela burrice de não notar que a mulher que ele ama não era exatamente a mesma. De verdade, eu passei muito tempo pensando em qual seria a saída dos roteiristas para esse “problema” e eles conseguiram resolver. A cena em que Peter encontra Olívia menininha e os dois dão as mãos é linda. Soltei um “uón” de satisfação.

Engraçado é que, apesar de querer Olívia de volta, fiquei triste pela perda de Bellivia. Agora, me pergunto como será o retorno de Belly, porque esse homem é tão brilhante que enganar a morte é nada para ele. Outra coisa em que pensar é o X-Man, mais conhecido como o homem que matará Olívia (e como ela está contente com isso, não é mesmo?). Difícil dizer o que isso realmente significa, já que ela nunca o viu e essa pode ser apenas uma representação gráfica de um dos medos da personagem. Pelo menos para mim, não quer dizer, absolutamente, que ele venha naquela forma e tamanho, mas quem sabe. Ficar de olho no retrato falado do cidadão é mais uma atividade a que teremos de nos dedicar.

Eu poderia, ainda, ficar destrinchando cada micro-detalhe do episódio por aqui, mas acho que ninguém agüentaria (esse já é meu maior texto sobre Fringe), então vamos ao esconderijo do Observador, que deixou até Peter meio confuso.


Foi ridiculamente difícil de ver, porque a aparição dele dura microssegundos no fundo de uma cena super agitada, enquanto Bellivia é levada ao hospital, mas aí está.



Entre as referências, temos alguns usos das cores primárias em recipientes de vidro e até em post-its, que identificam o controle das freqüências cerebrais de Walter (amarelo), Olivia e Bell (vermelho) e Peter (azul). Porém, a mais interessante diz respeito à Lost. Os fãs mais ardorosos da série da Ilha devem ter notado o destaque especial para Bell-cartoon servindo um tipo muito específico de Whisky, o MacCutcheon Scotch Whisky, envelhecido 60 anos. Pois essa é uma marca fictícia utilizada pela Bad Robot Productions e que ficou famosa por ser a favorita de Charles Widmore. Em Lost a bebida aparece nos episódios "Flashes Before Your Eyes” e em "The Man from Tallahassee”.



O Gliph Code da vez não é nada misterioso e os símbolos formam a palavra MEDOS. Clara alusão aos maiores temores de Olivia, com os quais nós mesmos pudemos nos encontrar.



P.S* Estranhamente há algumas semanas eu tive uma conversa com minha amiga do peito Paula Pötter sobre “séries que ficariam melhores com zumbis”. Na mesma hora eu disse que a única coisa que faria Fringe ficar mais foda do que já é seriam os mortos-vivos e esse episódio realizou meu sonho de forma espetacular. Parece até que me deram de presente e que eu estava adivinhando. Fringe e zumbis. Não tem como ficar melhor!

P.S2* Temos um pequeno erro de continuidade no episódio. Quem quiser tirar a prova pode reparar na cena do hospital, no relógio acima da cabeça de Peter, que marca que são 6h10, enquanto os médicos começam o processo de reanimação de Bellivia. Segundos depois, quando Peter e Walter se identificam como namorado e parceiro de trabalho de Bellivia o tempo correu 10 minutos e já são 6h20. Nem tudo pode ser perfeito.



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2 comentários

  1. Eu juro que vim no blog só pra comentar sobre Fringe, iria reclamar se não tivesse um post sobre o episódio.

    Também adorei a saída para o Peter, morta de raiva dele por trinta episódios, agora ele pra mim voltou ao que era kk.

    Perfeita a atuação do personagem de Broyles sob efeito do LSD, ri muito e além do mais, foi uma forma de mostrar o quanto a Astrid é importante para todos ali e a força da personagem nos momentos mais tensos da trama.

    A viagem aos sonhos era esperada, pois realmente já tinha acontecido em Fringe nos episódios que você citou, Camies. Mas eu fiquei intrigada mesmo foi com o final.

    Retomando o episódio anterior, do parto da outra (kk), eu sinto uma inversão de valores vindo em Fringe. Algo como: a Olivia se tornou tão forte, venceu seus medos e tornou-se a outra, não tem nada a perder e mesmo tendo sentimentos não tem medo de confrotá-los por uma causa maior. Parece que aquilo que Peter tanto gostava na outra: sua segurança, seu modo "de boa" com a vida, sem medo, sem traumas começou a aflorar na Olivia. Enquanto que a outra, ao ter um filho, começou a valorizar seus sentimento e suas ligações, importando-se com os riscos e tendo medo.

    Tô anisosa e ao mesmo tempo receosa sobre isso. Mas foi uma impressão minha :)

    Beijos

    P.S.: eles nunca mais falaram sobre aquela questão da escolha de Peter..e esta é a causa do meu receio com essas Olivias.

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  2. P.S.2: esqueci kk, minha referência à Disney veio claramente com aquele pássaro que até aparece na foto do início do post; não sei se vocês vão lembrar de um filme antigo da Disney de um velhinho que falava com vários bichos em animação.

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