House 7x15: Bombshells

13.3.11



Episódio cheio de sonhos inimagináveis com apenas uma ressalva, seu final: um pesadelo mais do que esperado.


Se somente um adjetivo pudesse descrever a notoriedade desse episódio, minha escolha para tal com certeza seria surreal! Partindo de uma percepção incomum, vimos drama, comédia, trama, pacientes... tudo desenvolvido com um cuidado ímpar, digno de ser presenteado com mais uma enxurrada dos meus, sempre incansáveis, elogios. Ainda mais dado o fato de que tudo isso nos foi apresentado através de um caminho ''subliminar'' que, por vezes, ao flertar com nossa imaginação, conseguia facilmente nos ludibriar para que não enxergássemos a inevitável verdade adormecida: House não mudou e nunca vai mudar!

Primeiramente me sinto na obrigação de dizer que, mesmo ''dispensável'', o paciente que passou pelas mãos de House essa semana, mostrou-se válido. Já que, em meio a toda a tensão ocasionada pela trama principal, foi a partir do caso do adolescente depressivo que pudemos garantir a interação de toda a equipe médica. E o maior fruto disso foi, com certeza, a identificação absurda de Taub com o garoto: a comoção e a sinceridade do doutor foram tocantes, ainda mais durante o momento em que Taub revela já ter tentando o suicídio, ou seja, uma declaração assumida de que sérios problemas o cercam há muito mais tempo do que se esperava. Problemas esses, que não o impediram de entregar o perturbador vídeo de seu paciente à policia e, no fim das contas, não apenas ajudou a salvar a vida do mesmo, mas também sua própria consciência. Um pequeno detalhe diante de outros inúmeros fatos grandiosos? Talvez, mas ainda assim não desmerece sua importância.

Bom, dada a devida ''menção honrosa'', vamos então ao verdadeiro choque: Cuddy e o câncer. Sangue na urina, massas desconhecidas no rim e pulmão... apoiado na mesma filosofia de Family Practice (até mesmo em relação à falta de abertura), a série criou o ambiente perfeito para cultivar a dúvida em nosas cabeças. Assinar uma sentença de morte repentina para Cuddy seria algo improvável mas, convenhamos, nada impossível, certo? Até porque, a certeza do pior parecia se aproximar mais e mais a cada exame, testamento, ou desabafo que a doutora se propunha a fazer. Mas eis que surge a grande sacada! Pois foi justamente nessa hora, a hora mais obscura do episódio, que começamos a ser presenteados com uma sequência de cenas genialmente originais, para fã nenhum botar defeito.

Sim, os famigerados sonhos. Cada um contendo um significado e mitologia própria, nos mostrando várias versões de realidades impensadas. Como por exemplo, a insana paródia de Two and a Half Men: as loucuras de House, Wilson e Rachel com direito a laugh track (risada de fundo) e camisa de boliche! Ver uma realidade em que o ''casal'' de doutores partilha a guarda da pequena garota foi hilário. E além disso, conseguiu refletir o pavor de Cuddy, para com o fato, de forma muito inteligente e despojada

Na sequência, pudemos assistir também ao outro lado da moeda: o medo que House omitia em relação a provável perda de seu amor, representado fielmente com direito à maquiagem, fotografia e efeitos especias não menos exagerados... um capricho tamanho capaz de satisfazer até mesmo o ''Deus do gênero zumbi'', George A. Romero. Tão engraçado quanto a ilustração anterior, porém, muito mais fantasioso. Pudemos nos deparar com absurdos como a bengala-machado (posteriormente bengala-escopeta), e a sutil ''arrumada de gravata'' de um Foreman zumbi, pouco antes de sua dilaceração.

Voltando à mente da doutora, até então ainda vista como ''moribunda'', a visão de uma soap opera dos anos 50 transpareceu o choque em relação a uma vida perfeita que nunca existirá. Momentos cativantes e uma irritante música feliz ao fundo: Rachel como ''menina prodígio'', House como um médico mentalmente são e sem problemas para andar, Wilson como padeiro, e Cuddy como uma jovem de 29 anos! Sem dúvida, a maior e mais mentirosa ''peça'' pregada pela mente dela.

O clássico do faroeste americano, Dois Homens e um Destino, também marcou presença entre toda essa loucura. Nos tempos em que atores como Robert Pattinson e Zac Efron são idolatrados pela juventude, eu fico maravilhado ao ver House e Cuddy na pele dos monstros sagrados Paul Newman e Robert Redford! Vale destacar que, mais uma vez, a insegurança da doutora foi o foco, exemplificando suas angústias em relação à ausência de House ao seu lado.

E por último, mas não menos importante, houve a representação musical de uma ''experiencia de quase-morte''. Coreografias excêntricas e figurinos esdrúxulos tiveram o caimento perfeito para, ao som da grudenta e consagrada ''Get Happy'', nos divertir e surpreender diante desse balanço de vida. O que valeu mais a pena, o show de intrepretação da dupla Hugh Laurie e Lisa Edelstein ou o capricho desse musical? Eu, particularmente, prefiro nem opinar.

Por isso, bom mesmo é voltar à boa e velha realidade, e assim constatar: a massa que apavorava Cuddy era benigna, ou seja, nada de câncer para ela. Aliás, naquele momento tudo parecia perfeito! A doutora estava ''curada'', com as esperanças renovadas e a felicidade transbordava seu semblante. Mas sério, depois de um episódio como esse, recheado de fantasia, alguém acreditava mesmo que tudo iria acabar em ''conto de fadas''? Para quem realmente acreditava, Gregory House tratou de trazer a dura moral dessa história.

O doutor acabou com a aparente alegria, com seu sólido namoro, com sua dissimulada farsa.... confesso que por vezes, assim como Cuddy, me deixei levar pelo coração e acreditei em uma mudança impossível. O amor de House pela doutora é imenso, isso não é preciso questionar. Mas como a própria doutora sugeriu, esse amor nunca ultrapassará a doentia ânsia dele por colocar suas necessidades acima de todas as coisas. No chão do banheiro com um frasco de Vicodim na mão, House acaba por voltar exatamente ao ponto de partida dessa odisseia , dessa vez, escolhendo andar em plena contramão. E isso nos faz questionar: os 14 primeiros episódios dessa 7ª temporada foram um desperdício de tempo? Eu, sinceramente, não considero um retrocesso, e sim apenas mais uma etapa do descomunal ''ciclo vicioso'' de mentiras e decepções, que formam a base de vida desse doutor. Se por um lado House é inteligente, hilário e competente, por outro, ele é, e sempre será, solitário, fraco e desesperado. Abordar novamente o vício do doutor pode até ser inesperado, porém nunca, em nenhum momento, se tornará surpreendente!

House apostou alto dessa vez, colocando, literalmente, tudo abaixo. Antes e depois de Bombshells: é dessa maneira que a temporada será lembrada a partir desse momento. Possibilidades infinitas serão abertas, e inúmeras apostas já podem ser feitas. Foi bom para a série? Para o decorrer desse ano? Para nosso protagonista? Como fã saudosista eu até poderia dizer que sim, mas nós sabemos que, quando se trata de House, é muito fácil se equivocar!



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1 comentários

  1. So um comentario Hugh Laurie estava incrivel.Show de atuação e a Lisa Edelstein tambem

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