Contagem regressiva: três semanas de angústia!


Sim, lá vamos nós outra vez... Grey's Anatomy nos apresentou seu último episódio inédito antes de mais uma indesejada pausa. E convenhamos que, ao contrário de nós, nada deixa Shonda Rhimes mais feliz do que um pré-hiato. Pois são em episódios como esses que ela coloca sua imaginação para trabalhar em um patamar de ''franco-atirador'', ou seja, como se cada emoção equivalesse a uma bala. E o que Shonda faz com essas balas? Exatamente o que fez em Not Responsible: engatilha todas, e nos acerta em cheio com a maioria delas.

Aliás, munição é uma coisa que nunca falta quando o assunto é o trio Mark-Callie-Arizona. Depois de uma breve ''folga'' durante a semana passada, os doutores não só apresentaram o humor de sempre, como também fizeram questão de resgatar o bom e velho drama. Amniocentese: eis o teste responsável por mostrar uma bonita preocupação por parte do paizão Sloan, e desencadear uma inesperada reação por conta de Arizona. O desabafo da doutora que aceitou conviver com um bebê e ganhou um marmanjo de brinde é justificável, porém, mostra-se claramente em tom de ''ciume juvenil''. E se assim for, uma certeza nós podemos ter: vai passar.

Assim como, acredito eu, acontecerá com Yang. Ela tem uma grande carreira e almeja gigantescas possibilidades, mas uma coisa é fato: tudo um dia acaba. É triste admitir, mas Cristina não será uma super cirurgiã para sempre, e quando isso acontecer quem ficará em seu lugar? Eu não imagino nada mais prazeroso do que ver uma ''Little Yang'', brilhante e sagaz, fazendo juz à genialidade da mãe. Já que, para mim, um filho de Cristina e Hunt não é apenas a constituição de uma família, é também a continuação de uma legado.

Mas, ''spin-offs'' à parte, minha grande frustração fica mesmo por conta do casal detentor da ideia original. É triste ver duas pessoas tão unidas e empenhadas, assim como Meredith e Derek, falhando dia após dia em meio à incansável busca pela felicidade. Ainda mais Grey que, mesmo diante da certeza de um dano permanente em sua vista, estava disposta a arriscar tudo em troca da possibilidade de engravidar. Sentir essa frustração, descrever tudo isso... são coisas incrivelmente desnecessárias e cansativas. Só me resta mesmo esperar pelo ''McBaby'', pois somente ele poderá mudar essa situação.

Bom, nem tudo é decepção na vida dos doutores. A pesquisa sobre o Alzheimer voltou a dar alegrias, concedeu a chance de ajudar uma jovem mãe doente e, ainda por cima, praticamente firmou a presença de uma nova ''voluntária'': Adele. Isso porque, na realidade, ruim mesmo seria se Webber continuasse a negar o evidente problema de sua esposa. Ainda bem que a persuasão de Miranda Bailey é gigantesca pois, pelo menos agora, mesmo preocupado, Chief ainda poderá ter um motivo para manter as esperanças. E esse motivo tem nome, é Derek Shepard!

Outro que está cheio de esperanças é Karev. O doutor leva fora atrás de fora, patada atrás de patada... nada como a ''emoção da caçada''. O empenho de Alex é estupidamente admirável. Fields claramente tem sentimentos por ele e assim insiste em testá-lo constantemente, o que, na verdade, eu considero um ótimo sinal! Porque ao fazer isso, a doutora simplesmente testa de forma subliminar a autenticidade de suas intenções. Qualquer outro pretendente já teria desistido, só que Karev é diferente, ele sabe o que quer. Pode até não saber quando vai conseguir, mas sabe muito bem o que quer.

Já eu, por outro lado, sei muito bem o que não quero. Não quero, por exemplo, que o encontro entre o satânico Dr. Stark e a pobre April se transforme em algo mais. Como pode alguém tão honroso e dedicado como Alex sofrer intensamente em busca de uma chance, enquanto uma pessoa tão asquerosa e prepotente consegue isso sem o mínimo esforço? As atitudes do doutor diante do garoto com linfangioma foram desprezíveis. Talvez Kepner mude o doutor, talvez ela consiga transpassar essa carranca ordinária, mas será que os fins realmente justificam os meios? Eu até poderia desejar sorte aos dois mas, para pelo menos um deles, o azar parece ser certo.

E ainda em tempo registro minha revolta, minha indignação, minha ira: não existem adjetivos suficientes no dicionário para descrever a ''explosão sentimental'' que eu luto para reprimir nesse momento. Depois de toda a emoção que Little Grey transpareceu ao longo do episódio, a conversa tocante com seu casal de pacientes, as emoções reprimidas por Mark... Lexie no chuveiro com Avery, sério? Isso não é amor, nem é paixão, e com certeza está longe de ser algo parecido. A gente merece mais que isso, Little Grey merece mais que isso. Sloan e Lexie, juntos e felizes, é isso que nós merecemos! Pronto, falei!

Not Responsible foi ótimo. Um episódio furtivo em relação a sua evidente missão: criar expectativas (sejam elas boas ou ruins). Manteve o nível da temporada e, além de tudo, encaminhou muito bem as coisas para a volta da série no dia 24 de março.

PS: Adorei o final com os doutores no heliporto do Seattle Grace Hospital jogando golfe. Para quem não se lembra, aconteceu algo parecido em I Always Feel Like Somebody's Watchin' Me da 6º temporada: todos os médicos, inclusive as mulheres, terminaram o episódio jogando beisebol. Grey's Anatomy e suas ''tradições esportivas''!