Big Love 5x10 (Series Finale): Where Men and Mountains Meet

28.3.11


Ao fim do episódio que concluiu cinco anos de uma série que sempre tive um grande apreço, eu não sabia muito bem se havia gostado do que acabara de ver ou não. Me emocionei, o que já era esperado. Fui levado por quase todas as situações montadas pelos criadores Mark V. Olsen e Will Scheffer, e após refletir bem sobre se o capítulo final estava de acordo com a proposta da série é que tive a certeza de que: Sim, o final de Big Love foi altamente satisfatório. (Aviso: Spoilers CRUCIAIS abaixo.)

Bill Henrickson sempre foi um homem que produzia amor e ódio em quase todos. Ás vezes interpretado como um ser egoísta que impôs sua fé sobre a primeira esposa Barb, e mesmo que ela amasse suas duas irmãs-esposas, sempre que ela relembrava da decisão do marido em casar com outras mulheres, era perceptível um pequeno tom de mágoa. Mas falar que Bill era apenas egoísmo seria completamente injusto. Responsável, ele sempre foi capaz de dar unidade aquela família que parecia estar sempre prestes a se rachar. Não é a toa que após sua morte (o grande acontecimento de “Where Men and Mountains Meet”) viria provar se em sua ausência, os Henricksons seria a mesma coisa.

A resposta é SIM. Barb, Nicki e Margene não eram apenas as esposas de Bill, e não era ele a única força que as unia, apesar de muitas vezes parecer ter sido. E saber que todas elas, mesmo depois de viúvas, ainda mantinham o cuidado com cada uma, aponta o que é de fato o “grande amor” que intitula a série, que está muito além de falar sobre um homem polígamo com suas três esposas. “Big Love” fecha um ciclo de maneira satisfatória nesse sentido. Foram cinco anos presenciando discussões acaloradas, muitas delas a ponto de fazer com que nós nem quiséssemos estar ali presenciando, tamanha as violências verbais e acusações que serviam apenas para ferir internamente uma a outra. Nem no último epissódio, Nicki (a mais violenta nesse sentido) mediu esforços para criticar Barb e Marge de alguma forma.

Começar essa review falando sobre a morte de Bill tem um fundamento. É nessa virada fatal do capítulo (e da série) que se encontra emparelhados o que mais gostei e o que mais questionei no episódio. A boa coisa é justamente mostrar a tese da série de maneira bem elucidada. Mas o ruim foi a o desleixo na forma com que acontece a fatalidade. Carl, o vizinho homicida, nunca foi um personagem significante, ao ponto de ser até esquecível. Atirar em Bill por conta de uma grama aparada é uma justificativa medonha e nem apresenta algum tipo de impressão. Bill teve grandes inimigos durante toda a série, e caso fosse Alby ou Adaleen o grande assassino, mesmo que fosse previsível, daria uma outra dimensão ao drama, e com isso, mostraria talvez como esses dois personagens terminariam na história.

Alby e Adaleen não foram os únicos esquecidos, obviamente. Joey, o irmão de Bill e sua esposa desequilibrada Wanda foram completamente limados dessa quinta temporada, e não tiveram sequer alguma citação no final, o que é uma grande ingratidão, porque ambos os personagens foram presentes e possuem sua parcela de importância. Cara Lynn terminou aparentemente sozinha e sem grande afeitividade com sua mãe. Depois do salto de onze meses na história, ela sequer foi mostrada. Teeny, a filha caçula de Barb nunca foi levada em consideração. Aparecia pouco, a intérprete original foi trocada e no último episódio foi apenas mencionada, porque enfim, não tinha como desprezá-la completamente. Mas não só. Senti muita falta de uma conclusão sobre o que teria acontecido a Juniper Creek, um lugar tão controverso que tinha Bill como principal reformador. Quem teria sido o novo profeta? O Estado enfim tomou parte do local? E a discussão sobre a constitucionalização da poligamia? Que fim levou? Nada foi mostrado.

Lois e Frank tiveram o final que antecipadamente já se previra. Lois sempre foi forte o suficiente para não querer demonstrar vulnerabilidade. Nunca entregou os pontos. Em certo momento dessa temporada, Frank tinha dito algo como “aquela mulher é indestrutível. Sobreviveria a uma explosão atômica. Seria só ela e as baratas no mundo”. Por isso chega a ser emocionante sua decisão de não se entregar a uma doença que a faria esquecer até mesmo dessa sua postura. Pena que a cena de sua morte tenha sido narrada de forma inexpressiva e logo depois ter seu impacto amortecido pela morte de Bill, que foi mostrada logo na sequencia.

Onze meses depois, vemos o batizado da neta de Barb, fruto da união entre a primogênita Sarah e Scott (Amanda Seyfried e Aaron Paul em aparições especiais). Barb inclusive é a nova lider da Igreja de Bill, que após um discurso ainda em vida foi capaz de sentir seus antepassados ali presentes (incluindo Emma Smith, esposa de Joseph Smith). Heather e Ben casados. E Marge, com seus cabelos curtos, foi a que mais evovluiu após a perda do marido. Seu desejo por liberdade era nítido e devemos levar em consideração que ela tem pouco mais de vinte anos, o que torna natural seu desejo de respirar novos ares. E Nicki continua a mesma, incapaz de demonstrar sua nítida preocupação por Margene, prestes a viajar mais uma vez com seu trabalho voluntário na América do Sul.

Eu posso até ser uma pessoa cética, mas nem por isso poderia deixar de me emocionar com as inúmeras referências religiosas de “Big Love”, que no fim teve direito à redenção e bençãos. Foraas ressalvas de alguns pontos que fizeram falta nesse capítulo final, saber que os Henricksons terminaram evoluídos e unidos (com a presença de Bill apenas em memória) já é suficiente para concluir uma série que durou o tempo certo, e pelo conjunto da obra, foi uma preiciosidade da HBO.

Com certeza fará muita falta.

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4 comentários

  1. EU QUERIA QUE A SERIE CONTINUASSE

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  2. É isso mesmo, a série durou o tempo que deveria durar, vai deixar saudades, na verdade já está deixando, senti falta sim da trama ser melhor trabalhada nessa temporada, mas não posso negar que isso tenha deixado ela menos interessante, Big Love foi uma série incrível fora dos moldes padrões e revelou muita gente. O texto tá magnifício, dá pra ver que foi escrito por alguém que admirava e amava essa série, assim como eu!

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  3. É isso mesmo, a série durou o tempo que deveria durar, vai deixar saudades, na verdade já está deixando, senti falta sim da trama ser melhor trabalhada nessa temporada, mas não posso negar que isso tenha deixado ela menos interessante, Big Love foi uma série incrível fora dos moldes padrões e revelou muita gente. O texto tá magnifício, dá pra ver que foi escrito por alguém que admirava e amava essa série, assim como eu!

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