Fringe 3x14: 6B

20.2.11


Pela primeira vez, em muito tempo, não sei muito bem o que dizer sobre o episódio de Fringe.
Toda semana eu espero Fringe com tanta expectativa que nem consigo descrever. Geralmente não me decepciono e os dias de curiosidade, fugindo de spoilers, valem a pena. Dessa vez, porém, estou em dúvida. Se eu disser que não gostei será mentira. Se eu disser que achei maravilhoso, também. Odeio quando isso acontece. Acho importante definir o significado de um episódio e sua importância para o andamento da série. Não estou conseguindo e direi para vocês por que. Talvez, mais alguém se identifique.
Podemos dizer que Fringe, desde o começo, foi uma série pautada pela emoção. Lógico que nós não sabíamos disso e muita gente abandonou o barco por achar que era só mais um procedural de bizarrices. No entanto, aos poucos, notamos que o amor sempre foi o grande motivador de todos os fatos, basta observar que tudo o que acontece está conectado ao fato de que Walter amava tanta seu filho, que foi capaz de ultrapassar a barreira entre universos paralelos para salvar o Peter do lado B.
Para mim, isso sempre foi algo positivo. Era um diferencial importante para que eu gostasse tanto da série, mas para tudo existe um limite. Quando Sam Weiss explicou que a vibração de Peter e sua escolha entre Olívia e Bolivia definiria o futuro de dois universos muita gente começou a reclamar. Eu disse aqui que confiava na equipe de roteiristas e na solução que estavam dando para isso, mas agora eu já não sei.
O episódio dessa semana foi além do que aguento na dose amor. Agora, pessoas que se amam e que estão intimamente ligadas emocionalmente podem causar rachaduras no lado A e isso me soa tão cafona que não consigo aceitar a ideia. Estamos diante do momento em que os universos começam a se desfazer, justamente pelo choque entre eles e aí os roteiristas justificam o primeiro desses eventos no lado A com sentimentalismo barato?
Desculpem a comparação, mas me lembra a imbecilidade amorosa que foi o final de Lost. Pessoas que se amavam se encontrando para ir juntas para o Paraíso ou coisa que o valha. Eu não sobrevivo a mais um desfecho escroto desses. É destruir sem piedade uma coisa que tinha tudo para ser genial. Duas vezes.
Acho que já deixei claro meu descontentamento com o caso dessa semana, mesmo que ele tenha tido a participação de uma atriz ótima, como Phyllis Somerville.  Quem sabe, mais para frente eu consiga digerir melhor essa história, mas por enquanto, está difícil.
Por outro lado – e é por essas coisas que eu digo que não sei definir meu sentimento em relação ao episódio como um todo – muitos assuntos importantes entraram em debate. Walter, por exemplo, tendo que enfrentar o fato de que estava prestes a agir como Walternativo, diante de um problema grave como as rachaduras.  No episódio anterior esse mesmo assunto surgiu quando Walternativo se recusou a utilizar crianças em teste com cortexiphan.  
É engraçado como nós, assim com Walter, muitas vezes taxamos o lado B como o lado ruim, ou as pessoas de lá como piores. Apegamos-nos tanto a Walter e Olivia que automaticamente colocamos Walternativo e Bolivia como vilões. Esquecemos, apenas, que eles são praticamente as mesmas pessoas que já conhecemos, tendo, portanto, a mesma essência, não sendo necessariamente bons ou maus. Eles apenas podem tomar decisões um tanto diferentes, vez ou outra.
O romance de Peter e Olivia voltou à pauta, mas como sabemos, sofrerá um baque muito em breve. De qualquer forma, sei que muita gente (eu me incluo) torce pelo casal e deve ter ficado feliz com essa reconciliação.
Como sou louca e fico criando teorias, vou compartilhar com vocês uma ideia que pulou na minha cabeça quando Olivia e Peter sobem aquelas escadas juntos: gravidez. É muito improvável, mas depois de tanto amor, nunca se sabe. Além do mais, Olivia está na seca há tanto tempo que seus óvulos devem estar carentes. Ela pode ficar grávida da mesma criança que Bolivia. Ou quase isso. Seriam as versões do filho de Peter para os lados A e B. Podem me chamar de louca se quiserem. Não vou discordar de vocês.
Os detalhes e referências também me ajudaram a ter alguma afeição pelo episódio, porque nisso, os roteiristas não pecam. A começar pelo nome do prédio de Alice Merchant: Rosencrantz. Ele vem do roteiro de uma peça teatral existencialista e cheia de absurdos, escrita por Tom Stoppard, utilizando dois personagens menores, contidos em Hamlet, de William Shakespeare. A referência retirada de Rosencrantz And Guildestern Are Dead é justamente a cena da moeda, quando Walter joga o tradicional ‘cara ou coroa’ para definir que aquele local não está se comportando de acordo com as leis da física. A mesma situação acontece no roteiro da peça.
Outra coisa interessante está na cena em que a Srª Marcello foge do prédio “assombrado”. Ela pega um táxi que deve levá-la para o Schrodinger Hotel, nomeado em alusão a Erwin Schrodinger, conhecido como uma dos pais da mecânica quântica (seja lá o que for mecânica quântica). Uma curiosidade também, é a música que Peter coloca na Jukebox. "For Once In My Life" já tocou antes no episódio ‘Brown Betty’, aquele em que Walter fica doidão, também conhecido como “o famigerado episódio musical de Fringe”.


A dica para o Observador é ficar de olho no começo. Ele aparece de costas, quando o casal das cenas iniciais, está caminhando para o edifício Rosencrantz. O Glyph Code de hoje é Hearts. Ligação óbvia com tanto sentimentalismo e tanto amor, que aparece em ainda mais um detalhe. O último dos Glyph Codes a aparecer no episódio traz um easter egg. Em vez de um ponto amarelo, tradicional, temos um coraçãozinho brilhante, como é possível conferir aí na imagem.

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3 comentários

  1. Lost começou a desendar quando o amor passou a ser a ser o foco. Também fiquei um pouco preocupado mas ainda confio que Fringe continuará excelente enquanto sobreviver.

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  2. Eu também não gostei muito da historia de “entrelaçamento quântico emocional” ser a razão do que aconteceu, mas isso não quer dizer q não vai ocorrer de novo, há outros soft spots esperando para serem ativados. Pelo menos foi essa a melhor maneira que eu interpretei.

    Camis você não está louca não. Depois do episodio “Immortality”, eu também pensei que a Olivia desse lado também poderia ficar grávida e é disso que eu tenho medo. Eu não vejo essa situação funcionando em Fringe, mas se isso acontecer, eles vão ter que fazer algo muito bom para que eu consiga comprar essa ideia.

    Adorei os detalhes desse episodio, desde o nome do prédio “assombrado” até o pequeno coração no lugar do pontinho amarelo. São esses pequenos detalhes que me faz achar a série ainda mais genial.

    Mais uma vez, Parabéns pela review.

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  3. Eu também não gostei muito da historia de “entrelaçamento quântico emocional” ser a razão do que aconteceu, mas isso não quer dizer q não vai ocorrer de novo, há outros soft spots esperando para serem ativados. Pelo menos foi essa a melhor maneira que eu interpretei.

    Camis você não está louca não. Depois do episodio “Immortality”, eu também pensei que a Olivia desse lado também poderia ficar grávida e é disso que eu tenho medo. Eu não vejo essa situação funcionando em Fringe, mas se isso acontecer, eles vão ter que fazer algo muito bom para que eu consiga comprar essa ideia.

    Adorei os detalhes desse episodio, desde o nome do prédio “assombrado” até o pequeno coração no lugar do pontinho amarelo. São esses pequenos detalhes que me faz achar a série ainda mais genial.

    Mais uma vez, Parabéns pela review.

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