Big Love 5x01: Winter
24.1.11Fria e suave. Essa foi a estréia da quinta e última temporada de uma das séries mais gratas que a HBO já produziu.
Infelizmente, Big Love não demarcou presença nas premiações (a vitória de Chloë Sevigny como Atriz Coadjuvante no Globo de Ouro do ano passado pode até ser visto como uma zebra) e se despede com poucos reconhecimentos, porém, devidamente bem produzida, ela ainda tem muito que trabalhar nessa despedida. O que se espera nessa última temporada é enfim, saber se os Henricksons conseguirão superar o julgamento de toda a sociedade e viver em paz como família.
O que dá a entender, “Winter” se inicia cerca de duas semanas depois de Bill anunciar - após sua posse no seu cargo na Capitol Hill - que tem três esposas. As conseqüências desse anúncio são as mais perversas possíveis. Um de seus filhos passa a ser agredido na escola; seus funcionários da sua rede de supermercados Home Plus estão ou se demitindo ou se rebelando; sua participação no cassino está encerrada; seus vizinhos estão o recriminando; a imprensa está em seu encalço, seus amigos se dispersaram; seus colegas de comitê o abandonaram; assim como seus padrinhos políticos. Mas nenhuma dessas conseqüências é pior que ver sua família desmoronando.
Marge é de longe a mais histérica. Por sentir que estava indo bem no negócio de televendas de jóias, ela era a mais temerosa com a reação do público sendo vista como polígama. Ser tachada de “mentirosa” é algo que para ela é desesperador. Claro que não é uma sensação das mais confortáveis, mas sua reação está além do esperado, já que passa noites aos prantos e chega até mesmo a se humilhar pedindo uma nova chance para sua agora ex-empregadora. Mas a chegada de um grande orador da Goji, uma rede de marketing de Utah, poderá ser um ingrediente importante para a nova fase de Margene.
Barb é a que sofre em silêncio. Depois de tantos problemas de saúde e profissionais, sonhos derrotados, ver sua mãe lhe dar as costas por ter tomado a decisão de aceitar novas esposas ao seu marido, ver sua filha ir embora e agora também ter que lidar com toda a exposição. Não sei se sua transgressão que ela tanto citou seja abarcada por uma ação tão desestabilizadora como é o alcoolismo. Espero que isso seja uma reação imediata que não será confirmada. É apenas uma forma de se punir. Lidar com essa situação.
Já Nicki, bem, de nada adianta voltar com o visual repaginado. Roupas modernas e cabelos curtos não iram disfarçar a verdadeira face da mais calculista das esposas. A decisão de Bill em se assumir publicamente sua família polígama foi apoiada por ela e de certa maneira, foi a forma que ela encontrou de ser mais que uma “segunda esposa”. Como ela mesma disse, não voltará “a ser pequena”. Ela sempre confrontou Barb e sua arrogância não a deixa pedir ajuda nem quando precisa - como ter que ir defender seu filho e cobrar atitudes do diretor da escola pela agressão que ele sofreu Muito mais fácil pra ela enfrentar uma criança.
Bill sempre foi uma pessoa egoísta e que sempre agiu segundo as suas próprias premissas, sem discutir com suas próprias esposas ou sem agradecer àqueles que o ajudaram de alguma forma. Assim, ao ser confrontado pelo seu amigo Don, ele pôde expor suas frustrações e finalmente reconhecer que ver sua família naquele estado é o pior de todos os preços que ele está tendo que pagar. A cena mais tocante do episódio, na qual Bill Paxton dá um verdadeiro show de interpretação, foi a comprovação de que ele sente, e muito, por tudo isso.
Por ter que avaliar a reação dos personagens centrais, o espaço dado para outros pontos crescentes na trama foram apresentados de maneira ainda tímida, como o retorno de Alby, em estado catatônico pela perda de seu grande amor, Dale. Seu ódio por Bill agora é ainda maior. Adaleen, que ficou mantida em cárcere pelo próprio filho, deve recorrer à filha Nicki, e a filha desta, Cara Lynn, se aproxima do filho de Don, contra a vontade de sua mãe.
Exageros no tom melancólico a parte, “Winter” nos reservou cenas de grandes exaltações, como as discussões acaloradas entre Nicki e Barb. Juntas, complementada por Marge, as três se mantém afiadas e sendo responsáveis por aquelas discussões familiares onde agridem sentimentalmente. Discussões que nós mesmos não queríamos presenciar, mas que reconhecemos ser importantes em um bom drama familiar. O que espero que nada disso seja infrutífero e que seja apenas a ponta do iceberg para uma história que tem tudo para terminar de forma grandiosa.
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