Nurse Jackie: Season 01

20.11.10


Existem algumas razões para compararem a personagem-título dessa série da Showtime com o renomado Dr. House. 


Ambos trabalham na área da saúde, são donos de personalidades fortes, não possuem escrúpulos quanto a desobedecer à chamada cartilha de ética, são ambíguos e viciados em remédios que eles conseguem de forma clandestina no próprio hospital onde trabalham.

Mas Nurse Jackie possui seus próprios méritos. Enfermeira do All Saints' Hospital em New York City, Jackie Peyton (Edie Falco) vive uma vida agitada. Em seu lar, ela é bem casada com Kevin Peyton (Dominic Fumusa), com quem tem duas filhas e vive feliz. Porém no seu trabalho, ela esconde de todos a sua vida particular colocando sua aliança no bolso. Tem uma relação extraconjugal com o farmacêutico do hospital, Eddie Walzerm (Paul Schulze), que fornece à ela desde comprimidos para dores na lombar à Xanax. Ela ainda tem que conviver com a novata e desastrada Zoey Barkow (Merritt Wever) sob sua supervisão, a chatice da diretora Gloria Akalitus (Anna Deavere Smith) e a incompetência do Dr. Cooper (Peter Facinelli) que sofre de Síndrome de Tourette, fazendo com que ele apalpe o seio da primeira mulher a sua frente quando fica estressado. Ainda tem como melhor amiga e cúmplice a esnobe médica britânica Elenor O'Hara (Eve Best).

Como se vê, as semelhanças com House são bem gerais e normalmente atestadas por pessoas que ainda não tiveram oportunidade de acompanhar Nurse Jackie ao longo de sua agradável primeira temporada. A série é inteiramente apoiada nas costas de Edie Falco, atriz já premiada pelo papel de Carmela Soprano em “The Sopranos”. O trabalho de Edie é tão grandioso que sua performance faz com que os outros personagens pareçam minúsculos ou pouco interessantes, mesmo que a enfermeira iniciante seja carismática e a diretora do hospital sirva como alívio cômico (para mim, não passa de caricatural). Ainda assim, alguns casos médicos conseguem ser bem interessantes, como quando a ex-colega de Jackie em tratamento de câncer pede para ela uma forma de se livrar do seu sofrimento. Aqui as entrelinhas apontam diretamente à eutanásia, um lugar comum das séries médicas, mas que em Nurse Jackie conseguiu um bom resultado.

Voltando novamente à figura de Jackie, a trama se desenrola na imperfeição da personagem-título. Desde a vida dupla que ela leva, escondendo de todos em seu trabalho a sua vida familiar, tendo inclusive um amante que serve de fornecimento de drogas a ela, até a falta de ética em muitas das vezes. Jackie é o tipo de enfermeira que é capaz de roubar dinheiro de um paciente em óbito, falsificar assinaturas de pacientes não doadores de órgãos e tratar com severidade aqueles que ela considera desmerecedores, como pedófilos e assassinos. Ou seja, a maioria de seus atos tem ao fundo uma natureza generosa, que se importa com seus pacientes e age de acordo com sua própria moral, tirando é claro o fato da traição, afinal ela tem um marido que a ama e filhas encantadoras. Só o vício serve de desculpa para isso.

Por conta dessa atitude de mau caratismo, no fundo eu não sentia pena de Jackie quando ela freqüentemente ela estava para ser descoberta, tampouco achasse que ela não merecesse um discurso humilhante a desmascarando e se possível, os seus erros a levassem a perder a família e a dignidade. Mas quando a temporada foi se aproximando de seu clímax final, toda a sorte de sentimentos em relação à Jackie se reduz a simples compreensão de seu estado emocional ao som de Have You Ever Seen the Rain, da banda Creedence Clearwater Revival. E constatar que Jackie no final das contas é apenas uma mulher imperfeita em meio a um mundo igualmente imperfeito é um ponto a favor para a série.

Com essa verdadeira análise comportamental, Nurse Jackie é tida como um dos carros chefes da Showtime e suas dramédias representadas por figuras femininas tão inconstantes representadas por Nancy Botwin (Weeds), Tara Gregson (United States of Tara) e a mais recente Cathy Jamison (The Big C). 

Para prestigiar e aplaudir Edie Falco, pois a série É dela.

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