House 7x08: Small Sacrifices

25.11.10



Quem foi que disse que House não tem fé?


A relação entre fé e mentira é maior do que podemos imaginar. Até porque, se você disser que não tem fé, isso já será uma mentira. E ao dizer isso eu não me refiro ao sentido religioso da palavra, e sim a mais pura tradução dela: acreditar. Todo mundo sem exceção, religioso ou não, acredita em alguma coisa. Seja em algo, em alguém, ou até em si mesmo. House já mostrou há muito tempo que todo mundo mente, agora chegou a hora dele mostrar que todo mundo também crê.

Por exemplo: Um homem que se crucifica a cada ano em que sua filha se mantém livre do câncer, com certeza acredita em Deus. E se além de religioso esse homem também for paciente de House, certamente não teremos um caso, e sim um debate. O fato é que o recorrente confronto entre House e Deus sempre acrescenta ótimos momentos à série, até porque, quando isso acontece, a preocupação do doutor não é apenas em provar um diagnóstico e sim um ponto de vista. E sabe o que é mais curioso nisso tudo? Mesmo depois de inúmeros argumentos nunca há um vencedor. Pois ao mesmo tempo em que House usa a cura do paciente para provar sua descrença em Deus, o paciente usa sua própria cura para reafirmar sua fé nele. É por isso que eu costumo comparar episódios como esses a uma luta de boxe, já que no final o que realmente importa não é o vencedor, e sim a emoção da briga.

Emoção. Esse é o sentimento experimentado por Taub todas as vezes que acabava traindo sua esposa. E qual era sua crença? A de que ela deixaria todas essas lembranças para trás. Acontece que sua crença foi por água abaixo, e levou junto com ela o resto da confiança que ainda existia nesse casamento. Ter amigos em um grupo de apoio não é nem de longe traição, contar a eles segredos que você não compartilha com seu marido é que talvez seja. A verdade é que existe uma linha tênue entre traição carnal e emocional que a esposa de Taub talvez nunca atravesse. Mas também existe outra linha entre nunca sentir e sentir na pele, que Taub acaba de atravessar.

Chase segue empolgado e deposita sua confiança na ‘’vida de solteiro’’. Foreman segue apagado e deposita sua confiança na possível volta de Thirteen. Até que seria bom fazer como Masters e só confiar na verdade, mas isso é simplesmente impossível. A verdade pode até ser a melhor escolha moral, mas nem sempre é a escolha certa. Mesmo sabendo que mataria o paciente, Martha ainda assim sentiu um impulso por dizer a verdade. Ingenuidade? Escrúpulos? Eu diria que é apenas fé.

E se assim como Martha, nem sempre podemos acreditar no que nós julgamos certo, imagine então acreditar no que os outros julgam? Wilson acreditou e pagou um preço caro. Em um dia filhos, no outro casamento e de repente nenhum dos dois... Eu sinceramente não esperava uma guinada tão brusca na vida do oncologista. Sim, ficou claro o fato de que no fundo Wilson partilhava da mesma opinião de House, mas o que acontece é que foi por um incentivo do doutor que Wilson resolveu usá-la como argumento. E o que mais me espanta nisso tudo é a atitude extremista de Sam. Afinal, a afirmação de Wilson não tinha a intenção de culpá-la ou não pela morte dos pacientes, tinha a intenção de provar seu amor, e ela simplesmente não conseguiu entender. Não que eu simpatizasse por Sam, mas com certeza eu simpatizava pela felicidade de Wilson, e isso sim fará falta.

Engraçado, mas eu demorei o episódio todo para perceber que justamente o ateu da série é também o cara com a maior fé. Pode até parecer tolo, mas é muito fácil de entender: House não acredita em Deus, e muito menos nas pessoas, afinal de contas todo mundo mente não é mesmo? Então no que o doutor acredita realmente? Fácil, House confia e acredita apenas em suas próprias mentiras. E isso é um fato inegável. House mente tanto e tão bem, que acabou adquirindo a astúcia necessária para transformar isso em uma doutrina a ser seguida. Tanto que House não apenas mente para Cuddy, como também a faz mentir para si mesma a ponto de acreditar no seu pedido de desculpas. Ou será que depois de tudo Cuddy ainda é ingênua o suficiente para acreditar nas palavras de House? Eu aposto que apesar de confiar na recuperação dele, Cuddy sabe que querer não é poder, e que às vezes nem mesmo a fé é o bastante. Ou dependendo da fé talvez seja, afinal, segundo a fé de House só a mentira salva.

A verdade é que House apresenta mais um bom episódio que condiz com essa excelente temporada que, a cada semana, emerge como uma das melhores de sua história. Eu particularmente acredito nisso, e você? Põe fé ou acha que é mentira?

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2 comentários

  1. Eu creio cegamente que esta será a melhor temporada de House! hehe

    Só um comentário: achei muuito infantil e tosca a atitude da Sam. Parece até que tava esperando uma desculpa pra vazar. É como o Wilson falou, lá vai ela fugir de novo...

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  2. Não digo que vá entrar pro hall de melhores temporadas de House mas começou a ficar interessante desde que a nova personagem entrou Martha certo?. Voltei a assistir e to gostando até agora!

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